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Estado de Minas GERAL

Coronav�rus: Estados planejam atendimento domiciliar e suspens�o de cirurgias


postado em 01/03/2020 13:59

A chegada ao Pa�s do novo coronav�rus, que teve seu segundo caso confirmado em S�o Paulo neste s�bado, 29, colocou a estrutura de sa�de brasileira no n�vel "perigo iminente", um est�gio abaixo do limite para a declara��o de emerg�ncia por circula��o por contamina��o interna da doen�a no Pa�s. Com 207 pacientes sob investiga��o em 15 Estados, mais o Distrito Federal, as secretarias estaduais de Sa�de se preparam para enfrentar um eventual agravamento do quadro, planejando atendimento domiciliar e at� a suspens�o de tratamentos e cirurgias agendadas para a libera��o eventual de leitos na rede hospitalar.

"Esse cancelamento de procedimentos eletivos � uma possibilidade extrema, sempre cogitada quando h� muitos casos de urg�ncia, seja dentro de uma situa��o de emerg�ncia de sa�de p�blica ou n�o", explica o presidente do Conselho Nacional de Secret�rios de Sa�de (Conass), Alberto Beltrame, secret�rio de Sa�de do Par�. "Isso s� ocorrer� se houver uma sobrecarga de casos graves, coisa que, neste momento, n�o h� como estimar. Neste momento n�o h� motiva��o para este tipo de medida."

Com a maior concentra��o de casos suspeitos no Pa�s, o Estado de S�o Paulo tem ainda 91 pacientes em avalia��o, de acordo com levantamento dispon�vel no site do Minist�rio da Sa�de. De acordo com o governador Jo�o Doria (PSDB), o Estado "vai investir R$ 30 milh�es em um programa de preven��o do coronav�rus", dos quais R$ 14 milh�es ser�o destinados a uma campanha de conscientiza��o a ser veiculada em meios de comunica��o e redes sociais. A a��o ser� iniciada na pr�xima semana. "Os R$ 16 milh�es restantes ser�o utilizados para apoio operacional da Secretaria de Estado da Sa�de", informou.

O segundo colocado com maior concentra��o de casos suspeitos � o Rio Grande do Sul, com 27 pacientes em observa��o. S�o pessoas que tiveram viagem para a Europa e, no retorno ao Brasil, apresentaram febre e sintomas respirat�rios. Ainda de acordo com as autoridades ga�chas, n�o h� investimento em equipes para atendimento domiciliar.

Governadores do Sul e Sudeste devem pedir ajuda do Minist�rio da Sa�de para o enfrentamento ao novo coronav�rus, como mostrou o Estado neste s�bado. De acordo com Beltrame, o pedido seria de R$ 1 bilh�o e a ideia � usar o recurso para custear a instala��o de leitos de UTI para atendimento de pacientes da nova doen�a.

Custos
Em Minas, por�m, que contava 17 pacientes sob suspeita no s�bado, as equipes t�cnicas do setor inclu�ram em seu Plano de Conting�ncia a cria��o de times m�dicos e de enfermagem com at� sete profissionais, incluindo um motorista, para atendimento de pacientes contaminados em casa. Pelo plano mineiro, cada uma dessas equipes extras teria um custo semanal de R$ 39 mil. "S�o necess�rios um coordenador m�dico; um coordenador de enfermagem; um m�dico plantonista por turno de 6 ou 12 horas; um enfermeiro plantonista por turno de 12 horas; um t�cnico em enfermagem plantonista por turno de 12 horas; um t�cnico de enfermagem para transporte na ambul�ncia; e um motorista", prev� o documento mineiro.

De acordo com o material enviado ao Minist�rio da Sa�de, a "constitui��o de equipe de AD para funcionamento de 12 horas di�rias todos os dias da semana" , sem o motorista, ficaria em R$ 30 mil, mais R$ 9,3 mil para remunera��o de dois coordenadores, um m�dico e um enfermeiro. O plano do governo mineiro prev� ainda, no n�vel 3, com cen�rio agravado, a cria��o de um "hospital de campanha". Para cada 15 leitos extras, segundo o documento, o plano prev� 18 profissionais, 6 deles m�dicos. Al�m disso, o documento mineiro estabelece uma lista de materiais como aparelho de press�o arterial, estetosc�pio, m�scaras N-95, m�scaras cir�rgicas, term�metros, luvas, �culos de prote��o, lanternas, kits para coleta de amostras, �lcool, capotes e sacos pl�sticos para material infectado, al�m de formul�rios e receitu�rios.

A preocupa��o com a presen�a do novo v�rus cresceu tamb�m na Bahia, com nove casos suspeitos e quatro descartados. No in�cio de fevereiro, durante a reuni�o do Conass em Bras�lia, que tratou dos planos de conting�ncia, o secret�rio de Sa�de, F�bio Vilas-Boas, defendeu que o repasse de recursos adicionais aos estados fosse na casa dos R$ 600 milh�es para a intensifica��o do plano de emerg�ncia de vigil�ncia sanit�ria no Pa�s.

Planejamento
"Como todo Plano de Conting�ncia, s�o tra�ados v�rios cen�rios e temos de pensar em tudo, desde uma situa��o mais leve at� situa��es mais cr�ticas", explica o presidente do Conass, comentando as medidas previstas nos planos estaduais. De acordo com Beltrame, o ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta, "j� adiantou a inten��o de colocar mil UTIs extras no sistema, ou seja, mil conjuntos de equipamentos para refor�ar o sistema, em caso de necessidade".

Beltrame voltou a destacar que, embora o Pa�s n�o esteja vivendo uma situa��o de epidemia, o governo federal garantiu que repassaria os recursos necess�rios para o custeio. "O ministro n�o disse quanto. Mas estamos confiantes. Tenho dito que o Brasil tem uma vantagem em rela��o a maior parte dos demais pa�ses. Temos o SUS (Sistema �nico de Sa�de). Isso nos d� a articula��o necess�ria entre todos os gestores para enfrentar uma situa��o de Emerg�ncia em Sa�de P�blica. Nos reunimos regularmente uma vez por m�s. O SUS tem outra vantagem - gratuidade e universalidade do atendimento. Isso vale para todos. Atende a todos. Envolve inclusive a rede privada, que adota os mesmo crit�rios de vigil�ncia, preven��o e eventual tratamento dos casos", argumenta.

Vigil�ncia
Beltrame conta que, no Par�, onde � secret�rio de Sa�de, foi criado um comit� t�cnico, em 28 de janeiro. "Estamos trabalhando integradamente h� um m�s, preparando o sistema para dar respostas r�pidas, eficientes e eficazes para uma eventual epidemia", afirma. Ele lembra que al�m do aeroporto de Bel�m, "o Estado tem um porto importante, em Barcarena, por onde chegam navios para buscar min�rio".

O secret�rio afirma ainda que h� um acordo com a Vigil�ncia Sanit�ria para que, na chegada dos navios, uma equipe v� a bordo para obter o di�rio da embarca��o e ter acesso ao relat�rio m�dico da tripula��o. "Assim, podemos preparar atendimento sem a necessidade de impedir qualquer desembarque. N�o h� restri��o, mas acompanhamos tudo", diz.

Beltrame recorda que, em seu Estado, foram identificados um homem e uma mulher, que chegaram da It�lia e viajaram no mesmo voo do primeiro paciente de S�o Paulo com o coronav�rus. "Est�o sendo monitorados, por telefone, est�o bem, sem sintomas, em casa", revela.

Cirurgias
No Rio de Janeiro, as autoridades tamb�m desenharam um mapa da situa��o de cada uma das unidades hospitalares, n�mero de leitos, localiza��o e situa��o, classificando as situa��es por N�vel Zero, 1, 2, 3 (conting�ncia m�xima). No caso de um agravamento r�pido do quadro, institui��es de sa�de como o Hospital Anchieta contam com 60 leitos em fase de contrata��o. Nos Hospitais Municipal Ronaldo Gazolla, dos Servidores do Estado, Hospital da Lagoa e Hospital Alberto Torres, segundo o Plano de Conting�ncia, pode haver "suspens�o de cirurgias" programadas.

Na sexta-feira, 28, o secret�rio de Sa�de do Rio, Edmar Santos, anunciou que o governo fluminense vai inaugurar, dentro de 30 ou 40 dias, um hospital com 75 leitos que poder�o ser dedicados exclusivamente �s v�timas do Covid-19. Ele n�o detalhou, no entanto, onde ser� a nova unidade.

O mapeamento do sistema ocorre tamb�m no Cear�. O Estado tem 145 hospitais com 1.475 respiradores e ventiladores, sendo 1.337 aparelhos em uso. A maior concentra��o de leitos e equipamentos est� nas 44 unidades da capital, Fortaleza, mas o Estado tem uma rede com capacidade de 53 centros m�dicos nos quais h� 110 leitos para isolamento de pacientes, 93 deles no SUS.

A orienta��o para as equipes m�dicas cearenses � a de que casos graves de infec��o sigam para isolamento nos seguintes hospitais: S�o Jos� de Doen�as Infecciosas, de Fortaleza; Hospital Regional Norte, de Sobral; Hospital Regional do Sert�o Central, de Quixeramobim; e Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte.

Em Goi�s, h� cinco casos suspeitos. J� em Mato Grosso, um dos que n�o registram nem suspeitas da doen�a, o governo informou, em nota, que a estrutura hospitalar permanece em alerta, com o Hospital Universit�rio J�lio M�ller como refer�ncia e com uma unidade de retaguarda, que � o Hospital Estadual Santa Casa.

Especialistas aprovam, mas incentivam tamb�m mudan�a de h�bitos
Infectologistas ouvidos pelo Estado disseram que as a��es dos planos de conting�ncia dos Estados precisam levar em considera��o os erros e acertos da estrat�gia adotada na China para conter o avan�o do v�rus. Epicentro da epidemia, algumas decis�es adotadas pelas autoridades chinesas podem ter contribu�do para a exaust�o do sistema de sa�de e a sensa��o de p�nico na popula��o.

Para os especialistas, o atendimento domiciliar previsto por alguns Estados � uma �tima op��o para os casos de menor gravidade, poupa recursos financeiros e libera os leitos e recursos m�dicos para quadros mais graves - incluindo o de outras doen�as. "Na China, parece ter havido a inten��o de internar todos os casos suspeitos e confirmados e isso levou ao colapso do sistema, sem que conseguissem atender a toda a demanda. E ainda trouxe problemas para outros tratamentos de sa�de. Por ser uma situa��o in�dita, pensou-se que essa era a melhor op��o", avalia Francisco de Oliveira Junior, m�dico do Instituto de Infectologia Em�lio Ribas.

Com as informa��es adquiridas atualmente sobre o impacto do v�rus, se sabe que a maior parte das pessoas apresenta sintomas leves e sem complica��es, podendo ser tratada em casa. Por isso, os especialistas avaliam como acertada a estrat�gia de atendimento domiciliar. No entanto, destacam que � preciso pensar em duas etapas para esse formato, com monitoramento ativo e passivo dos pacientes, de acordo com o total de casos confirmados.

Monitoramento ativo � o que tem ocorrido at� esse momento no Pa�s, com as secretarias de Sa�de ligando e visitando as pessoas com suspeita de terem contra�do o coronav�rus. Tamb�m � o que tem ocorrido com os dois casos confirmados da doen�a, de viajantes de S�o Paulo que contra�ram o v�rus na It�lia - ambos s�o acompanhados.

"Ligar periodicamente, perguntando se a pessoa melhorou ou piorou, perguntar sobre a temperatura e se houve algum novo sintoma, � muito eficaz. Mas pode n�o ser vi�vel e sustent�vel se o n�mero de contaminados foi muito alto", diz Oliveira Junior. Nesse caso, segundo ele, pode ser criada uma central de atendimento para orientar a popula��o e colher informa��es sobre o estado de sa�de delas.

O infectologista Jean Gorinchteyn lembra que o atendimento domiciliar tamb�m pode aproveitar a estrutura e a experi�ncia das equipes j� existentes do programa de Sa�de da Fam�lia. "� poss�vel utilizar as equipes que j� est�o implementadas em determinadas cidades ou regi�es dos grandes centros. Assim, as pessoas evitam grandes deslocamentos para os hospitais sem ficar negligenciadas."

Outro ponto que os especialistas destacam dos planos de conting�ncia s�o as campanhas de preven��o. Para os infectologistas, elas s�o uma das a��es mais importantes no controle do coronav�rus e tamb�m de outras doen�as. "Temos uma oportunidade importante de introduzir novos h�bitos � popula��o e assim prevenir outros tipos de doen�a no futuro", diz Oliveira J�nior.

Para Gorinchteyn, no entanto, � importante que as campanhas n�o foquem apenas em a��es educativas e propagandas, mas tamb�m em um esfor�o mais ativo para induzir a mudan�a de h�bitos na popula��o. "Seria interessante se �nibus e vag�es do metr� tivessem dispensadores de �lcool em gel nas portas. � uma pr�tica importante para um ambiente de grande aglomera��o e baixa circula��o de ar. Na �poca do H1N1, pr�ticas parecidas foram adotadas por restaurantes e lanchonetes e perduram at� hoje e viraram rotina para muitas pessoas."


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