O letreiro pendurado pela institui��o Narc�ticos An�nimos, na fachada de um pequeno casebre espremido entre outros da Asa Sul, centro de Bras�lia, traz um alento a pessoas que sofrem com a depend�ncia qu�mica. "Problemas com drogas? Se voc� quiser parar, podemos ajudar." A porta pichada, por�m, j� est� fechada h� dias. E n�o h� data para reabrir.
A mir�ade de danos causados pelo novo coronav�rus tamb�m chegou a um dos mais essenciais programas de apoio a pessoas que lutam para se livrar das drogas. Os Narc�ticos An�nimos, institui��o sem fins lucrativos que h� d�cadas ajuda pessoas a se livrarem do v�cio, atende mais de 21 mil pessoas por semana. S�o 4,5 mil reuni�es presenciais. Cada um dos 1.660 grupos formados em todo o Pa�s re�ne em torno de 12, 13 pessoas. Tudo � mantido com doa��es dos pr�prios frequentadores, sem nenhuma obrigatoriedade. A maior parte desses encontros foi suspensa e a tend�ncia � de que tudo pare.
O dano � inestim�vel. As reuni�es presenciais s�o parte essencial do processo de recupera��o dos usu�rios de drogas, porque s�o elas que permitem a troca de experi�ncias entre as pessoas, suas hist�rias de vida e seus exemplos de supera��o.
A paralisia tamb�m atinge dependentes do �lcool. H� duas semanas, as portas come�aram a se fechar em boa parte das salas dos Alco�licos An�nimos, que prestam servi�os essenciais de apoio a dependentes que querem se livrar do v�cio. A institui��o sem fins lucrativos tem mais de 5 mil grupos formados pelo Brasil. Ocorre que boa parte de suas salas est� localizada em igrejas ou escolas, lugares que est�o fechado em quase todo o Pa�s.
Em Bras�lia, relata o membro dos Alco�licos An�nimos, P.A, identificado apenas por suas iniciais, s�o pelo menos sete locais que funcionam dentro de escolas e igrejas. Todos foram fechados h� duas semanas, como � o caso do grupo Santo Ant�nio, que sempre se re�ne �s segundas e quintas-feiras, na Escola de Classe 314 Sul.
"A escola fechou, n�o temos como funcionar. Em alguns Estados, como o de Pernambuco, a situa��o � mais complicada, porque a maioria das reuni�es � feita dentro de �reas de muitas escolas e igrejas. Tudo parou. S� aqueles que est�o em locais alugados � que est�o funcionando. Mesmo assim, foram reduzidas as cadeiras que s�o usadas nas salas, para manter maior dist�ncia entre as pessoas", diz ele.
Nos Narc�ticos An�nimos, a preocupa��o maior est� concentrada nos rec�m-chegados. Em situa��es normais, as pessoas s�o incentivadas a participar do maior n�mero poss�vel de reuni�es presenciais nos primeiros tr�s meses de tratamento, que � a fase mais cr�tica de abstin�ncia.
Online
Todos buscam uma alternativa para n�o parar. Ainda que a dist�ncia, os Narc�ticos An�nimos t�m procurado uma forma de manter seus encontros. "Come�amos a fazer reuni�es online para reunir as pessoas", diz L.B., que apoia as a��es de rela��es p�blicas da institui��o.
Como muitos moderadores nunca tinham usado o meio digital, eles est�o sendo treinados para realizar as reuni�es pela internet. Volunt�rios que conhecem o desenvolvimento de aplicativos est�o apoiando a cria��o de salas de bate-papo, para que as pessoas possam acessar o site dos Narc�ticos An�nimos e entrarem nas reuni�es.
"Fazemos parte da sociedade e temos a responsabilidade de contribuir com a paralisa��o das reuni�es presenciais, porque sabemos o que est� se passando. Por isso, buscamos uma alternativa para oferecer algo que � fundamental para muita gente", diz L.B.
Na internet, os Narc�ticos An�nimos passaram a divulgar um cronograma com hor�rios de suas reuni�es virtuais. Os usu�rios t�m acessado. S�o encontros sobre sobreviv�ncia e pedidos de ajuda, neste momento ainda mais dif�cil. � um trabalho que n�o pode parar. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
GERAL