
Uma pesquisa realizada, na sexta-feira (20), pelo Instituto Locomotiva, obtida com exclusividade pelo Estado, mostra que s� um ter�o da popula��o brasileira acredita que o pa�s est� preparado para combater o coronav�rus (Covid-19).
Foram ouvidas 2.305 pessoas, por telefone, de todas as capitais do Brasil, al�m do Distrito Federal. "Apenas 3 em cada 10 brasileiros acreditam que o pa�s esteja preparado para a pandemia", diz Renato Meirelles, presidente da Locomotiva, empresa de pesquisa especializada na classe C.
A vis�o mais pessimista sobre o combate da pandemia est� na popula��o mais jovem, de 18 a 29 anos. Nesta faixa, 86% n�o acreditam que o sistema p�blico de sa�de consiga conter o avan�o da doen�a. J� entre as pessoas acima de 60 anos, a cren�a � maior: 37% est�o otimistas e 63% n�o.
"H� alguns fatores que pesaram na pergunta sobre o Brasil estar ou n�o preparado para a pandemia. O principal era se o sistema p�blico de sa�de est� preparado para receber os doentes. E a impress�o geral � de que n�o. As pessoas tamb�m acham que o governo est� batendo cabe�a entre eles e de que n�o h� um discurso alinhado do presidente Jair Bolsonaro com governadores e prefeituras. E isso � um fator de preocupa��o", explica Meirelles.
Outro ponto de d�vida � sobre o que � gripe ou pandemia. "A popula��o acredita que outros pa�ses est�o mais organizados para combater o coronav�rus."
A pesquisa mostra que 86% da popula��o est� muito preocupada com a epidemia. Outros 11% est�o um pouco preocupados e apenas 3% n�o. A maior tens�o com a doen�a se expressa em todas as faixas et�rias de todas as cinco regi�es do pa�s. Foram ouvidas pessoas de 18 a 29 anos; de 30 a 39 anos; 40 a 49 anos; 50 a 59 anos e 60 para cima.
Para Meirelles, contudo, apesar da preocupa��o dos brasileiros, ainda n�o "caiu a ficha" das pessoas sobre a necessidade de fazer o confinamento. Isso fica claro na abordagem feita pela Locomotiva sobre a necessidade de fechamento das escolas e tamb�m sobre restringir o transporte p�blico. Quase a totalidade da popula��o, ou seja, 96,5% da popula��o � a favor do fechamento das escolas. No entanto, 42,3% dos entrevistados defendem que os transportes p�blicos devem ser continuar funcionando.
"As pessoas n�o t�m claro ainda o que � o confinamento. N�o caiu ainda a ficha. Elas s�o favor�veis a fechar a escola, mas podem pegar �nibus. � contradit�rio. Isso tamb�m � dif�cil para outros pa�ses, como na It�lia e Espanha. Mas se acentua aqui num pa�s como tamanha desigualdade", disse.
A maioria da popula��o tamb�m defende o fechamento do com�rcio. A resist�ncia � maior na popula��o mais velha (de 50 anos para cima). Na abordagem, 84% s�o favor�veis; 15% preferem que as lojas fiquem abertas e 1% n�o soube responder.
Um ter�o dos entrevistados disseram que passaram a estocar produtos: 33% contra 67%.
Outro fator de preocupa��o de Meirelles � sobre a avalia��o das pessoas sobre as fam�lias estarem preparadas contra a pandemia. Neste caso, tamb�m, 62% das pessoas dizem que suas fam�lias est�o conscientes sobre o combate da doen�a. Outros 38%, n�o. O maior pessimismo, neste caso, est� na popula��o das regi�es Norte e Nordeste: 53% e 49%, respectivamente dizem n�o estar preparadas. A faixa et�ria entre 30 e 39 anos tamb�m n�o tem perspectiva positiva sobre o tema.
A pergunta, neste sentido, teve dois direcionamentos, segundo Meirelles. Do ponto de vista de conhecimento das informa��es divulgadas sobre a doen�a e sob o ponto vista econ�mico. "Quanto tempo d� para ficar na pr�pria casa com seu dinheiro? Sob o ponto de vista econ�mico, na baixa renda, 8 em cada 10 brasileiros n�o t�m poupan�a. Por n�o ter reservas, literalmente essa faixa da popula��o vai ter de vender o almo�o para comprar a janta."
Segundo Meirelles, para um trabalhador aut�nomo, essa situa��o complica ainda mais. "N�o estou falando das pessoas empregadas e que podem perder o emprego. Aqui tamb�m est�o os trabalhadores informais. Pessoas que, de fato, v�o sofrer porque seu empregadores est�o isolados."
Na semana que vem, a Locomotiva vai divulgar pesquisa sobre raio x da economia. Ou seja, o impacto do coronav�rus no bolso das pessoas e sobre a percep��o de perderem seus empregos.