A fam�lia que "janta junto todo dia e nunca perde essa mania" n�o est� mais apenas naquele hit radiof�nico da banda Tit�s, lan�ado nos anos 1980. A fam�lia nos tempos da pandemia de coronav�rus est� jantando junto todo dia, trabalhando, estudando, se divertindo e esperando.
A fam�lia da Tha�s Sabino, de 38 anos, est� toda de quarentena. Ela, que trabalha na comunica��o interna de empresas, e o marido, o veterin�rio Renato Cavalcanti, de 37 anos, foram postos em home office. O casal tem duas filhas, a Isabela, de 1 ano e 10 meses; e a Lara, de 10 anos. "No in�cio, a escola das crian�as ainda estava mantendo as aulas, mas n�s optamos por deix�-las em casa", contou Tha�s. "Mas o problema � que duas crian�as pequenas em um apartamento � uma coisa muito dif�cil."
Para arejar um pouco o confinamento, Tha�s fez uma troca com os pais, que moram em Indaiatuba, no interior. "Eles vieram fazer quarentena em S�o Paulo. E n�s viemos para Indaiatuba - principalmente para as crian�as terem um pouco mais de espa�o", afirmou Tha�s.
Na busca da manuten��o de alguma rotina, Tha�s e Renato tentam alternar fun��es. Enquanto ela est� em alguma call com clientes, ele fica com as crian�as. "Me tranco no quarto e tento trabalhar", confessou Tha�s. "�s vezes, sou eu e ele pendurados no telefone e com as crian�as gritando, o cachorro latindo. N�o � perfeito, mas � o que d� para fazer", completou.
Enquanto as aulas online da Lara n�o come�am (a escola dela j� est� trabalhando nisso), Renato vai descobrindo as del�cias de ficar mais perto das crian�as. "No apartamento, elas ficavam tocando o terror. Agora, aqui, � mais tranquilo. A TV fica nos programas infantis e consigo participar mais da rotina delas, brincar, conversar e ficar por perto", contou o pai. "A minha filha mais velha est� entre os dois sentimentos. Tem vezes que � 'oba, estou de f�rias'; e outras, que j� � de alguma preocupa��o por entender o que est� acontecendo", falou a m�e.
A fam�lia do t�cnico em inform�tica Leandro Cozzi, de 41 anos, e da aut�noma Daniele Assump��o, de 33, tamb�m est� se adaptando � nova rotina. "Essa � a primeira vez que eu fa�o home office. Ainda � um caos que eu estou precisando organizar, como mudar meu ambiente de trabalho. Mas aos poucos vou me adaptando", falou Cozzi. "Acredito que o mais importante � manter a sa�de mental da fam�lia. Temos de conversar bastante e manter nosso cotidiano saud�vel", disse Daniele.
O filho do casal, Luigi, de 8 anos, come�ou suas aulas online na semana passada. "� um tal de 'mam�e, vem aqui me ajudar com isso e aquilo' o tempo todo", disse Daniele. "Tamb�m estou me transformando em professora. Voc� vai virando multitarefa", completou. O casal espera que entre todos os perrengues n�o esteja a necessidade de estocar produtos. "N�o chegamos nesse ponto. E espero n�o chegar", disse Cozzi.
Juntos
A quarentena da preparadora f�sica especializada em golfe Gabriela Arantes, de 37 anos, foi juntar dois n�cleos familiares debaixo do mesmo teto. Ela e a irm� g�mea, Daniela Arantes, pegaram os maridos e as crian�as e foram coabitar em uma casa de campo. Gabriela e a irm� trabalham juntas. Ent�o, enquanto uma est� fazendo "facetime" ou "live" com alunos golfistas (passando exerc�cios online), a outra fica com as crian�as. Carolina e Gabriel t�m 6 anos e j� est�o tendo suas primeiras li��es remotas. "Claro, elas precisam de ajuda para abrir links, tirar d�vidas", comentou. "Tudo o que est� acontecendo � muito dif�cil, mas acho que nunca passei tanto tempo com a minha filha como tenho passado agora. Se for pra achar um lado bom nisso, � esse", completou.
A din�mica da casa se completa com Marcus Gusm�o, de 38 anos, que � superintendente de uma institui��o banc�ria; e Felipe Gama, que trabalha no ramo de hotelaria. "Eles se trancam, cada um em um quarto, e passam o dia em reuni�es e calls dentro do quarto. "N�o saem para nada. Entram �s 8 horas da manh� e saem s� depois das 18 horas", falou Gabriela.
Para manter alguma atividade f�sica e divers�o familiar, Gabriela est� organizando com toda a fam�lia um fim de semana de brincadeiras em casa, exerc�cios f�sicos, futebol e etc... "Vamos passar por isso da melhor forma poss�vel. E fazer a nossa parte para impedir o avan�o do coronav�rus", afirmou.
Sa�de mental
O isolamento em casa pode deixar as pessoas mais ansiosas. Por isso, psiquiatras e psic�logos dizem que � preciso que as fam�lias criem formas de prote��o tamb�m para a sa�de mental. "� preciso preocupar-se com os mais idosos, recomendar o isolamento deles, mas ajud�-los a enfrentar o momento", diz o psiquiatra Renato Mancini. Para ele, devem-se buscar medidas pr�ticas, como auxili�-los a usar aplicativos de pedir refei��es e pedir aos netos para gravar v�deos para os av�s.
Para a psic�loga Desir�e Cassado, mestre em Psicologia Experimental pela Universidade de S�o Paulo (USP), o momento � de redobrar os cuidados. "Pessoas n�o foram feitas para isolamento social. Sentir-se s� � muito prejudicial � sa�de." Segundo a psic�loga, � importante buscar conex�es e organizar a rotina - tanto das crian�as quanto dos adultos. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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