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Estado de Minas GERAL

Contra a doen�a, a dist�ncia que protege


postado em 05/04/2020 07:15

A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e o Minist�rio da Sa�de apontaram no in�cio da pandemia que h� pessoas mais suscet�veis aos efeitos da covid-19. Idosos, diab�ticos, hipertensos, os que t�m insufici�ncia renal cr�nica, doen�a respirat�ria cr�nica ou doen�a cardiovascular precisam redobrar a aten��o durante a quarentena.

O jornal O Estado de S. Paulo conversou com cinco pessoas consideradas do grupos de risco, de diferentes faixas et�rias, com vulnerabilidades distintas, para mostrar a rotina no isolamento social, as priva��es e quais cuidados est�o tomando.

Ficar em casa contribui para diminuir a prolifera��o do v�rus - por consequ�ncia, o n�mero de interna��es e de mortes. Com todos longe das ruas, fica menos angustiante a vida de quem sabe que o cont�gio pelo novo coronav�rus n�o ser� s� uma simples gripe.

Gilberto Casanova, de 45 anos, lida com a diabete desde a inf�ncia. Na quarentena, precisou deixar o apartamento onde vive com a mulher e se mudou para a casa da m�e.

A aposentada Maria Ad�lia, de 72 anos, vive levando bronca da filha porque tenta sair de casa.

O estudante Saulo Gian Ferreira, de 16 anos, est� � espera de um transplante de cora��o e tem a imunidade baixa.

� uma situa��o semelhante � do publicit�rio Renato Consonni, de 39 anos, e de Cauani Batista, de 8. O primeiro fez h� dez anos um transplante multivisceral e a menina passou por cirurgia card�aca com um m�s de vida.

Em v�deo publicado em seu site oficial na �ltima quinta-feira, o m�dico Dr�uzio Varella falou sobre a import�ncia de quem n�o est� no grupo de risco colaborar com essas pessoas. "N�o podemos pensar s� na gente. Temos de pensar em proteger as pessoas mais fr�geis da nossa fam�lia, da comunidade e do Pa�s inteiro. Temos de reduzir ao m�ximo o n�mero de transmiss�es. Agora � a fase mais perigosa de todas. Temos de nos defender dessa maneira, ficando em casa."

'Aceno � noite para reduzir a saudade'

H� duas semanas, o dentista Gilberto Casanova deixou a mulher e mudou-se com o filho de 7 anos para a casa da m�e. N�o houve briga nem discuss�o. O casamento continua, a vida conjugal s� precisou ser alterada por causa do novo coronav�rus. Gilberto � diab�tico e a mulher, Gabriela Ferreira, trabalha como dentista no SUS.

A diabete deixa o sistema imunol�gico mais fraco e, ao longo do tempo, pode causar complica��es em cora��o e rins. Gilberto j� teve de colocar tr�s stents para desobstru��o de art�rias e um bal�o, quando h� entupimento quase completo das veias. Ele tamb�m tem problema circulat�rio. "Se pegar o coronav�rus, a chance de ter um desfecho pior � muito alta."

Por isso a op��o pelo isolamento na casa da m�e. Gilberto atendia pacientes em consult�rio particular e est� sem trabalhar. Ele tamb�m preside a Associa��o de Diabetes Juvenil (ADJ) e sabe a import�ncia de permanecer isolado. Isso n�o significa que permane�a o tempo inteiro em casa.

Na quarentena, criou um h�bito. Todo dia, por volta das 21 horas, ele e o filho v�o de carro encontrar com Gabriela. Um encontro a dist�ncia.

Os dois ficam na janela do carro e ela aparece na janela do terceiro do pr�dio onde moram, em Perdizes, zona oeste de S�o Paulo. "Esperamos ela chegar em casa, colocar a roupa para lavar, tomar um banho e comer alguma coisa. A� vamos. � um jeito de matar um pouco a saudade."

'Falo que vou sair e vem bronca'

Maria Ad�lia, de 72 anos, est� impaciente. Ela vive com uma das filhas e o genro. "Levo bronca o tempo inteiro. Falo que vou sair e vem a bronca." Aposentada, tinha como passatempo dar uma volta pelo Mandaqui, visitar a irm� e brincar com a neta. Foi proibida de tudo isso.

A neta aparece de vez em quando no port�o da casa, mas fica distante da av�. "N�o tenho mais assistido ao notici�rio. Fico nervosa, minha press�o come�a a oscilar", comenta. Ela tem pedalado na bicicleta ergom�trica e ajuda nos afazeres dom�sticos. "Quando voc� me ligou a primeira vez n�o atendi porque estava estendendo roupa. N�o estava na rua n�o, viu?"

A press�o em cima da filha e do genro para sair de casa surtiu um efeito. Ela os convenceu a trazer a irm� para passar a quarentena ao seu lado. "Vou ter algu�m para conversar."

Longe da Bahia, mas a salvo em SP

Cirlene Fagundes Batista, de 41 anos, e a filha Cauani, de 8, est�o presas em S�o Paulo. Elas vivem em Salvador e precisam vir � capital paulista a cada seis meses para que a menina fa�a exames no Instituto do Cora��o (Incor). Com a pandemia, foram aconselhadas a n�o pegar o avi�o de volta para casa.

Cauani nasceu com problema card�aco e, no primeiro m�s de vida, passou por cirurgia. Com 1 ano, precisou fazer uma traqueostomia. Cirlene e a filha est�o passando a quarentena na sede da Associa��o de Assist�ncia � Crian�a e ao Adolescente Card�acos.

O local proporciona hospedagem, alimenta��o e apoio para quem n�o tem condi��es de arcar com despesas em S�o Paulo durante tratamento no Incor. As duas dividem uma casa com nove quartos com outras duas fam�lias. "H� bastante ventila��o e �lcool em gel", diz Cirlene.

A passagem de volta para Salvador ainda n�o foi comprada. "A gente fica preocupada de estar longe de casa, mas estamos conscientes da import�ncia do isolamento."

� espera de um cora��o para voltar

O estudante Saulo Gian Ferreira, de 16 anos, � de Arapongas, no Paran�, e em novembro precisou se mudar para S�o Paulo, pois est� na fila de um transplante de cora��o. O hospital recomenda que a pessoa que vai passar por essa cirurgia fique a no m�ximo duas horas de dist�ncia do local. A m�e, Ana L�cia Concei��o, est� com o filho e pediu aos m�dicos para n�o saber em que lugar ele est� nessa fila. "Acho que me deixaria ainda mais nervosa. Eles podem ligar a qualquer momento e temos de correr para o hospital."

Saulo tem miocardiopatia dilatada n�o compactada - os sintomas apareceram aos 10 anos. Desde o in�cio deste ano, estuda em uma escola da capital. Agora, as aulas foram interrompidas.

Saulo n�o v� a hora de a pandemia passar, fazer a cirurgia e voltar para o Paran�. "Est� um pouco sem gra�a ficar aqui. N�o � f�cil, mas procuro ficar sossegado. Estou preocupado com o coronav�rus. Meu pai tem 70 anos. Estou no grupo de risco. O que sinto mais falta � de meus amigos do Paran�."

O melhor lugar para estar hoje

O publicit�rio Renato Consonni, de 39 anos, acabou isolado, sem querer, quando a pandemia chegou ao Brasil. Desde janeiro, ele se mudou para uma fazenda em S�o Joaquim da Barra, no interior de S�o Paulo, para cuidar dos neg�cios do pai, que morreu no fim do ano passado. "� o melhor lugar em que poderia estar nessa situa��o."

Em 2010, ele passou por um transplante multivisceral: trocou p�ncreas, f�gado, duodeno, est�mago, intestino e mesent�rio. Est� dentro do grupo de risco por ser imunossuprimido. "Para tentar manter minha imunidade alta procuro fazer sucos. Dificilmente fico gripado."

A cidade onde Consonni vive tem s� um caso confirmado do novo coronav�rus. De qualquer forma, ele vive atento � higieniza��o das m�os. A vida no campo � provis�ria. Depois da pandemia, ap�s organizar os neg�cios da fam�lia, pretende voltar a trabalhar no terceiro setor e criar o Instituto Visceral, uma ONG para ajudar pessoas que est�o em situa��es similares �s que ele passou. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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