Um relat�rio t�cnico publicado nesta ter�a-feira, 7, por cientistas e pelo ministro da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta (DEM-RS), na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical afirma que se espera um aumento de casos do novo coronav�rus no Brasil "nos pr�ximos meses", apontando para modelos matem�ticos segundo os quais a doen�a permanecer� potencialmente em circula��o "at� meados de setembro" e ter� "um pico importante" em abril e maio.
O documento evidencia como especialistas e autoridades temem o risco de o sistema de sa�de do Pa�s n�o ser capaz de absorver todos os pacientes da covid-19 com necessidade de hospitaliza��o e defende que, se o isolamento social for adotado antes de o ritmo de cont�gio pela doen�a acelerar demais, � poss�vel mitigar o impacto econ�mico do fechamento de servi�os n�o essenciais.
O endosso de Mandetta �s medidas de restri��o de circula��o para todas as pessoas, e n�o s� para os grupos de risco, como idosos e pacientes de comorbidades, � o principal motivo para as cr�ticas p�blicas dirigidas a ele pelo presidente Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, 6, reportagem do jornal O Globo sustentou que Bolsonaro havia decidido demiti-lo. Depois de reuni�o com o presidente e outros ministros, Mandetta anunciou a pr�pria perman�ncia no cargo.
"H� preocupa��es relativas � disponibilidade de unidades de terapia intensiva (UTIs) e ventiladores mec�nicos necess�rios para pacientes hospitalizados com covid-19 bem como a disponibilidade de testes de diagn�stico espec�fico, particularmente os RT-PCR de tempo real, para a detec��o precoce de covid-19 e a preven��o de transmiss�o subsequente", afirma o relat�rio "COVID-19 no Brasil: vantagens de um sistema de sa�de unificado socializado e prepara��o para conter casos". Os autores acrescentam que testes r�pidos, os sorol�gicos, e moleculares, do tipo PCR, "podem se tornar dispon�veis em breve" no Pa�s.
Com a chegada da primavera, a incid�ncia de temperaturas mais baixas no sul do Pa�s pode aumentar infec��es por doen�as respirat�rias mais conhecidas e, segundo os autores, "atualmente a covid-19 deve ser adicionada a essa lista".
Defende-se no documento que o isolamento social deve ser introduzido j� nas fases iniciais do surto de forma a "achatar a curva epidemiol�gica com o menor impacto econ�mico poss�vel". Os autores argumentam que, se o distanciamento social e a restri��o do acesso do p�blico apenas a servi�os essenciais forem efetivos, � poss�vel mitigar o impacto econ�mico e, ao mesmo tempo, controlar a propaga��o da covid-19. Eles alegam, por outro lado, que a quarentena mais rigorosa adotada na China, na It�lia e na Espanha "tem sido controversa e tem de ser avaliada muito cautelosamente".
O trecho sobre o futuro e as perspectivas para o Brasil lembra tamb�m caracter�sticas culturais "que podem ser decisivas na evolu��o da pandemia e t�m de ser endere�adas em protocolos de ci�ncias sociais", como o uso de m�scaras, que � "comum e aceito" na �sia e "n�o existente" na Am�rica Latina. "As pessoas podem compr�-las facilmente l� (em pa�ses asi�ticos), bem como se curvam mais l� (ao se cumprimentar, enquanto h�) muito mais abra�os e beijos nas nossas culturas."
Ainda que os cientistas e o ministro Luiz Henrique Mandetta reforcem que os governos federal e estaduais e as prefeituras est�o seguindo as orienta��es da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), eles lembram no relat�rio que a entidade reconheceu um erro de avalia��o do risco global da covid-19, "que at� tr�s dias antes" da declara��o de pandemia "era considerado moderado". "Isso pode ter dificultado medidas para implementar interven��es internacionais espec�ficas de maneira tempestiva e pode ter resultado em um aumento do n�mero de casos na China e na propaga��o da doen�a para outros pa�ses" incluindo o Brasil."
O autor que responde pelo relat�rio � o m�dico J�lio Croda. Por diverg�ncias internas, ele deixou no fim de mar�o o cargo de diretor do Departamento de Imuniza��es e Doen�as Transmiss�veis do Minist�rio da Sa�de. O governador de S�o Paulo, Jo�o Doria (PSDB), anunciou j� � �poca que o infectologista passaria a integrar a equipe � frente do combate � covid-19 no Pal�cio dos Bandeirantes.
Poucos dias antes de vir � tona a informa��o sobre a sua sa�da do minist�rio, Croda havia afirmado que, no Brasil, o novo coronav�rus tem se comportado de forma semelhante ao que ocorre na It�lia, um dos pa�ses mais atingidos pela pandemia depois da China.
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GERAL
Com Mandetta entre autores, relat�rio prev� pico de covid-19 em abril e maio
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