O guia tur�stico Bruno Mendes, de 40 anos, vive em Porto de Galinhas, uma das praias mais badaladas de Pernambuco. Acostumado a conduzir visitantes por para�sos naturais, decidiu pegar uma c�mera e sair filmando o novo cen�rio por l�. � beira-mar, onde banhistas disputam cada palmo de areia na alta esta��o, n�o se via ningu�m. No centro comercial, idem. At� mesmo a Rua das Sombrinhas, enfeitada com adere�os de frevo e queridinha da turma da selfie, estava vazia. Preocupado, ele desabafa: "Nunca vi isso aqui assim: est� parecendo uma cidade fantasma".
Com o isolamento social e a suspens�o de atividades tur�sticas por causa do novo coronav�rus, o esvaziamento populacional � uma realidade enfrentada por v�rios destinos do Nordeste. Entre as medidas, h� locais que s� permitem entradas de moradores e pro�bem expressamente o banho de mar. Para dar um mergulho, s� escondido de policiais militares ou guardas-civis que fiscalizam a orla e se esfor�am para retirar pessoas que n�o seguem as restri��es.
Em Pernambuco, praias e parques estaduais est�o temporariamente fechados desde a primeira semana do m�s, por decreto do governador Paulo C�mara (PSB), que j� foi prorrogado duas vezes. Iniciativas semelhantes tamb�m foram adotadas em outros Estados, como Bahia, Alagoas e Maranh�o.
"Aqui, os salva-vidas est�o pedindo para que as pessoas n�o fiquem na praia, at� os surfistas precisam sair. Caso algu�m se negue, a� chamam a guarda para retirar o pessoal", conta Mendes. Ele � natural de Minas e decidiu morar em Porto h� seis anos, onde fatura uma m�dia de R$ 5 mil por m�s com passeios de lancha, segundo relata. Em 2019, o turismo da regi�o j� havia sofrido com o vazamento de �leo nas praias, mas foi o coronav�rus quem reduziu seu ganho a zero. "Consigo segurar at� maio, depois disso vou ter de pescar ou arrumar outra forma para cumprir com as minhas responsabilidades. N�o est� entrando nada, s� saindo: aluguel, energia, internet. As contas n�o param."
Famosa pelas piscinas naturais de �guas cristalinas e cen�rio paradis�aco, a Praia dos Carneiros, em Tamandar�, tamb�m virou "fantasma". Pousadas, hot�is, bares e restaurantes cerraram as portas. Em lojas de conveni�ncia, vendedores entregam produtos aos clientes atrav�s de janelas de prote��o.
"Est� vazio. N�o vi 5% das pessoas que costumam frequentar a praia", diz o engenheiro civil Amadeu Bomman, de 29 anos, que visitou o local na semana passada. Um dos acessos � cidade foi bloqueado por ca�ambas, segundo moradores. Outras entradas s�o fiscalizadas por equipes municipais, que solicitam comprovante de resid�ncia.
Em Macei�, a guia tur�stica Eliane Correia, de 57 anos, est� ociosa. No ver�o, costuma atender cerca de 300 liga��es por dia de turistas interessados em conhecer praias alagoanas. "Na baixa temporada, s�o 90, 80, 50 liga��es� e agora est� zero." Um dos destinos mais procurados, a cerca de 127 quil�metros da capital, Maragogi est� sem receber turistas, diz. Em Alagoas, transportes p�blicos intermunicipais foram suspensos.
Orla
Em Salvador, a prefeitura mandou suspender o com�rcio da orla e decretou fechamento das praias do Porto da Barra, Farol da Barra, Piat�, Itapu�, Rio Vermelho e Ribeira. A medida tamb�m chegou a ser imposta em S�o Lu�s. J� no Rio Grande do Norte, o governo restringiu o acesso � praia a atividades f�sicas individuais. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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