(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas GERAL

Em carta, m�dicos da USP pedem cuidado com supostos rem�dios contra coronav�rus


postado em 17/04/2020 15:55

Um grupo de professores da Faculdade de Medicina da Universidade de S�o Paulo (USP), que tem conduzido uma s�rie de pesquisas sobre o coronav�rus, escreveu uma carta em apelo para que se leve a s�rio a ci�ncia e os estudos cl�nicos que possam realmente identificar um tratamento para a doen�a.

"A ci�ncia n�o � opini�o, e consiste exatamente em estabelecer rela��o de causa e efeito. Muitas observa��es podem ser feitas sobre exames e medicamentos em rela��o � covid-19, mas estabelecer uma rela��o correta requer m�todo cient�fico e �tica", pontuam os membros do Colegiado dos Professores Titulares da Faculdade de Medicina da USP.

O grupo � composto por pesquisadores renomados, que est�o na linha de frente das pesquisas sobre a doen�a, como o infectologista Esper Kallas, que lidera a comiss�o de crise do Hospital das Cl�nicas, o hematologista Vanderson Rocha, diretor presidente da Funda��o Pr�-Sangue, que est� coordenando os trabalhos com plasma do convalescente, e o epidemiologista Paulo Lotufo. Tamb�m comp�em o colegiado os professores Pedro Puech, Irene Noronha, Rosa Maria Pereira e Tarc�sio Eloy Pessoa.

"A principal ferramenta se baseia nos estudos controlados. Nesses estudos, h� um grupo para o qual � dado o tratamento e outro para o qual na?o e? dado (chamado de grupo controle)", explicam os professores. "Para que a estat�stica nos d� uma probabilidade alta de um resultado corresponder � verdade, � preciso um n�mero grande de pacientes. Quanto maior o n�mero, maior a confian�a no resultado. Por isso, esses estudos s�o feitos com centenas ou milhares de pacientes. Para obter nu?mero grande de casos, num estudo, a ci�ncia tem dois me?todos: realiza o estudo durante anos ou re�ne v�rios hospitais, somando os casos."

Os pesquisadores pontuam que esse � o desafio da pandemia atual. "Reunir v�rios centros para uma pesquisa r�pida � dif�cil, pois cada centro m�dico do mundo est� focado em tratar seus pacientes graves e achar solu��es r�pidas", dizem.

� por esse motivo, ressaltam eles, que todas as pesquisas feitas at� agora para candidatos a tratamento da doen�a foram feitos com n�mero pequeno de casos e s�o de baixa confian�a estat�stica. "Esse instrumento de an�lise n�o d� certezas, mas apenas probabilidades. Ele nos diz se � prov�vel que o tratamento seja eficaz ou se n�o � prov�vel. E mais: nos diz se � muito prov�vel ou pouco prov�vel. Isso depende do n�mero de casos, mas tamb�m do cuidado com que os grupos de pacientes foram separados", explicam.

Os professores lembram que doen�as virais, principalmente as respirat�rias, raramente contam com um tratamento espec�fico e que, com o �ndice alto de cont�gio e de casos graves e mortes com a pandemia atual, o desespero impera. "Impede a racionalidade e atropela a ci�ncia e os estudos cl�nicos. Nenhum m�dico gosta de perder pacientes, e ningu�m gosta de perder familiares ou amigos; logo, parece �bvio que na?o podemos medir esfor�os para tratar esses casos com o que estiver ao nosso alcance", escrevem.

Mas refor�am que n�o h�, at� o momento, estudos que permitam dizer que um tratamento seja muito provavelmente eficaz. "Existem algumas pesquisas que apontam para um resultado positivo, mas com pouca probabilidade de estarem certas. N�o h� verdade cient�fica sem estudos grandes e bem feitos."

Eles ponderam tamb�m que os medicamentos podem n�o ter um mesmo efeito em todos os est�gios da doen�a. Alguns podem ter efeito s� no in�cio e outros quando a doen�a est� no auge. Por isso, � importante entender em que momento uma droga foi usada num determinado estudo. "Os resultados podem se mostrar positivos em um determinado estudo, mas na?o se aplicarem a todos os pacientes na pr�tica cl�nica, uma vez que o estudo pode ter selecionado pacientes com menor gravidade ou perfis diferentes de pacientes", dizem. "� preciso ter um grau razo�vel de certeza, ou o rem�dio pode ser pior do que a doen�a."

E alertam: "Os tempos s�o dif�ceis. A maioria das pesquisas foi feita com nu?mero pequeno de casos. Por isso, algumas mostram bons resultados com um medicamento e outras mostram que o mesmo � ineficaz. Muitos pesquisadores preferem divulgar pela via mais r�pida, que s�o as redes sociais, mas esse caminho n�o � o correto e na?o permite que os demais possam conhecer detalhes da pesquisa para avaliarem se foi bem conduzida. Algumas mostrara?o no futuro que estavam certas. Muitas ter�o o destino do esquecimento por estarem incorretas. Ha? muita gente, no mundo todo, procurando solu��es para salvar vidas. E tamb�m ha? alguns procurando apenas fama ou outros que possuem interesse econ�mico ou mesmo pol�tico. A maneira de diferenciar e? conhecer a pesquisa em profundidade e avaliar se foi feita de maneira correta. S� quem tem experi�ncia em pesquisa pode fazer isso. O resto � pirotecnia."


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)