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Estado de Minas PANDEMIA

Pernambuco atua no 'limite"; profissionais de sa�de relatam desafios

Profissionais que atuam no combate ao coronav�rus no estado relatam UTIs lotadas, falta


postado em 29/04/2020 14:28 / atualizado em 29/04/2020 15:11

Thiago Saldanha dos Santos é enfermeiro trabalha no Serviço de Atendimento Medico de Urgência (Samu) em Recife(foto: Acervo Pessoal)
Thiago Saldanha dos Santos � enfermeiro trabalha no Servi�o de Atendimento Medico de Urg�ncia (Samu) em Recife (foto: Acervo Pessoal)
“Choro, cansa�o e fadiga alguns dos sintomas que estamos sentindo por conta da sobrecarga. H� 10 dias n�o vejo minha filha”. Thiago Saldanha dos Santos � enfermeiro, trabalha no Servi�o de Atendimento M�dico de Urg�ncia (Samu) e � um dos muitos profissionais da sa�de que est�o na linha de frente contra a COVID-19 em Pernambuco. Ele enfrenta plant�es de at� 72 horas de trabalho para tentar suprir a demanda. Isso porque Pernambuco � o terceiro estado em n�mero de casos – fica atr�s apenas de S�o Paulo e do Rio de Janeiro. E j� atua no limite.

O estado enfrenta problemas de unidade de terapia intensiva (UTI) lotadas, m�dicos sobrecarregados, falta de equipamentos de prote��o individual (EPI) e o afastamento um grande n�mero de profissionais de sa�de que contra�ram o novo coronav�rus. Em meio ao avan�o, cemit�rios de Recife e Olinda abriram sepulturas extras para alocar os mortos. Tr�s profissionais de sa�de, que trabalham na linha de frente no combate ao novo coronav�rus contam sobre as principais dificuldades enfrentadas no estado.

Thiago Saldanha trabalha na capital de Recife e disse que a situa��o do novo coronav�rus est� “a cada dia pior". Ele explica que unidades est�o encerrando plant�es por conta de falta de leito e de falta de respiradores. “Em certas situa��es, n�o tem onde se colocar um paciente que necessita de uma simples fonte de oxig�nio – sobrecarregando o servi�o e os profissionais que nela atuam", relata. Segundo ele, o Samu est� trabalhando “no limite”.

Essa tamb�m � a sensa��o do m�dico Gabriel Aureliano Serrano, infectologista que trabalha na linha de frente em hospitais de Recife. “Temos uma lota��o de quase 100% dos leitos reservados para COVID-19, mas mais leitos est�o programados para serem abertos”. Ele relata que pacientes j� est�o sendo levados para leitos de munic�pios do interior do estado... Por�m, ele destaca que, quanto aos leitos do interior, n�o demorar� muito pra ocup�-los. “S�o poucos, infelizmente. Mal d� pras suas pr�prias popula��es”, disse ele.

Os depoimentos ilustram a realidade dos n�meros. De acordo com uma mat�ria publicada pelo site UOL, o estado tem 327 leitos de UTI destinados ao combate � COVID-19, sendo que a taxa de ocupa��o supera os 97%. Com 508 mortes, Pernambuco apresenta alto �ndice de letalidade pela doen�a: 8,87% em rela��o aos 5.724 casos confirmados. Os n�meros foram divulgados pelo Minist�rio da Sa�de no fim da tarde desta ter�a-feira (28)

Esgotamento


Os n�meros preocupam, isso porque o pico – dias que ter�o maior n�mero de infectados – ainda n�o foi alcan�ado. “Atualmente, aparentemente, o estado passa pelo in�cio da eleva��o do n�mero de infectados, sendo poss�vel notar isso inclusive no n�mero de colegas infectados que costumam me ligar, por exemplo”, disse. Isso segue, de acordo com ele, a programa��o matem�tica, que projeta esse pico para acontecer na d�cima nona semana do ano, aproximadamente na segunda ou terceira semana de maio.

Mas, o que preocupa bastante � a quantidade de profissionais de sa�de infectados. "S�o colegas de trabalho e enfermeiros", disse o infectologista. Segundo ele, existem unidades de sa�de com metade do corpo de enfermagem afastada por COVID-19. O enfermeiro que trabalha no Samu afirma que a situa��o � complicada. "Colegas entrando de atestado e se afastando das suas atividades. H� um grande n�mero desses profissionais que adoeceram, confirmaram a infec��o pelo coronav�rus e apresentaram sintomas graves”, disse. Na sexta-feira, ele lamenta em contar que se deparou com uma "situa��o �mpar" no qual os profissionais tiveram que “escolher quem vive e quem morre.”

Legenda: Gabriel Aureliano Serrano é infectologista e trabalha na linha de frente em hospitais de Recife(foto: Acervo Pessoal)
Legenda: Gabriel Aureliano Serrano � infectologista e trabalha na linha de frente em hospitais de Recife (foto: Acervo Pessoal)
Segundo o infectologista um dos principais problemas � a quantidade de testes. “Estamos testando muito pouco, em todo o pa�s, mas aqui bem menos do que outros estados. Passamos muito tempo testando apenas as pessoas mais graves, ou utilizando os exames pra investigar �bitos suspeitos, o que tem o intuito correto frente � escassez de exames – mas essa escassez n�o deveria ter acontecido. O reflexo disso � a alta porcentagem de mortalidade, por�m, isso � esperado, quando temos a testagem apenas de pessoas graves, que t�m uma maior probabilidade de evoluir ao �bito”, disse.

Na segunda-feira da semana passada, os cemit�rios que abriram novas sepulturas foram o Parque das Flores e Santo Amaro, na capital pernambucana, e de Guadalupe, em Olinda. Imagens a�reas, feitas pela TV Globo, mostram as aberturas de novas covas.

Isolamento social


A enfermeira Karina Saldanha dos Santos Silva � irm� do Thiago e trabalho na rede privada, coordenando a equipe da assist�ncia na parte de diagn�sticos. Ela explica sobre o isolamento em Recife, que segundo pesquisas, foi a cidade que saiu em segundo lugar na ades�o ao isolamento. “Tenho visto poucas pessoas. O governo e a prefeitura est�o refor�ando e enfatizando a ades�o � quarentena com pronunciamentos, propagandas e campanhas”, disse. S� est� aberto o com�rcio de itens ess�ncias, mesmo assim, com medidas de seguran�a, com redu��o de espa�o no estacionamento dos estabelecimentos, higieniza��o das m�os e carrinhos de compras n�s supermercados, distanciamento nas filas.

O estado todo passou a adotar medidas restritivas mais intensas para conter a dissemina��o do coronav�rus a partir da segunda quinzena de mar�o e o monitoramento da efici�ncia das a��es tem contado com o apoio de solu��es tecnol�gicas do pr�prio estado. A In Loco, empresa pernambucana de geolocaliza��o, est� usando uma base com mais de um milh�o de pessoas abrangendo todo o estado, sendo 700 mil s� no Recife, para mapear os locais que est�o respeitando as medidas de isolamento social. No ranking entre os estados com maior �ndice de isolamento, Pernambuco ocupava o segundo lugar no in�cio do m�s, conforme mostrou o Di�rio de Pernambuco.

A prefeitura tamb�m n�o est� medindo esfor�os. A capital passou a utilizar sistemas de localiza��o de celulares dos moradores do Recife para coordenar a��es de incentivo ao isolamento social. Para refor�ar o incentivo para que a popula��o permane�a reclusa a seus lares, a administra��o municipal tamb�m passou a adotar uma nova estrat�gia para refor�ar as medidas educativas: a utiliza��o de drones com mensagens de �udio para localidades de dif�cil acesso.

Entretanto, Thiago explica que no dia a dia do seu trabalho tem visto pelos locais em que passa, principalmente nas periferias, muitas pessoas ainda nas ruas n�o se dando conta do real perigo da situa��o “Alguns por falta de conhecimento chegam at� relatar que isso � uma simples gripe e na verdade em algumas situa��es estamos at� escolhendo quem vive e quem morre”, disse.

Recife vive situa��o cr�tica


No Recife, dados do Minist�rio da Sa�de divulgados na tarde desta ter�a-feira (28) mostram que a capital de Permanbuco tem 2,972 casos confirmados, com 197 mortes pela COVID-19. At� 25 de abril de 2020, foram confirmados 2.722 casos de COVID-19, sendo 867 casos leves da doen�a e 1.855 casos de SRAG, destes 182 evolu�ram para o �bito, o que representou um aumento de 9,6% dos casos leves da doen�a, 4,5% dos casos graves e 12,3% dos �bitos, em rela��o ao dia anterior. Jailson Correia � o secret�rio de sa�de de Recife e foi ouvido pelo Estado de Minas.

“Recife � uma cidade de 165 milh�es de habitantes e est� cravada no cora��o de uma regi�o metropolitana com mais de 4 milh�es. � uma capital que tem aeroporto internacional, um fluxo de pessoas muito grande, com influ�ncia que vai al�m dos limites do estado de Pernambuco. E, isso, faz com que Recife seja uma cidade de risco devido ao padr�o de mobilidade para doen�as infectocontagiosas”, explicou o secret�rio. Em 26 de fevereiro de 2020, foi notificado o primeiro caso suspeito de COVID-19 no Recife. Desde ent�o, o munic�pio confirmou os primeiros casos importados em 12 de mar�o, o primeiro de transmiss�o local em 14 de mar�o e de transmiss�o comunit�ria em 17 de mar�o.

O secret�rio pontua que a situa��o � “cr�tica”, mas que as autoridades n�o medem esfor�os para o combate do novo coronav�rus. “Ent�o, temos feito um esfor�o muito grande para ficar na frente da evolu��o do n�mero de casos e, especialmente, de casos graves, naquilo que diz respeito � gera��o de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) para que n�o vejamos o sistema entrar em colapso como em outras localidades.”

Esta semana, a prefeitura inaugurou o sexto hospital de campanha na �rea externa do Hospital da Mulher do Recife (HMR). A estrutura conta com 120 leitos de enfermaria – que se somam aos leitos de enfermaria e de UTIs j� abertos na �rea interna do hospital no fim de mar�o. “Podemos dizer hoje que est�o prontos 947 leitos como parte desse esfor�o e sempre com muita mobiliza��o”, afirmou.

Ele explica que o trabalho da capital � feito ao lado do governo do estado. “Estamos juntos todos os dias at� em coletiva de imprensa – situa��o pouco frequente no pa�s em que a capital e o governo estadual tem dificuldade para se relacionar. Aqui estamos sempre muito alinhados”, acrescentou.

Entre as maiores dificuldades enfrentadas est�o: compra de m�scaras e equipamentos de seguran�a, aquisi��o de respiradores e as incertezas quanto a doen�a. “A dificuldade � lidar com as incertezas quanto � ci�ncia. Eu tenho uma responsabilidade como secret�rio, como um cientista de forma��o, como pesquisador na �rea de infectologia, de fazer com que as nossas decis�es tomadas aqui possam sempre se pautar pelas melhores evid�ncias cient�ficas dispon�veis para aquele momento”, acrescentou.


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