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Estado de Minas GERAL

Desorienta��o no minist�rio dificulta combate � covid-19, dizem especialistas


postado em 16/05/2020 12:00

A desorienta��o pol�tica que tomou conta do Pal�cio do Planalto e levou � troca de dois ministros da Sa�de em menos de um m�s pode ter um impacto avassalador na resposta governamental � epidemia de covid-19 - o maior desafio de sa�de p�blica j� enfrentado pelo Brasil. Especialistas dizem que a crise revela o despreparo do atual governo para lidar com a pandemia e pode provocar um total colapso sanit�rio no Pa�s. Eles temem que o novo titular da pasta ponha fim ao isolamento social, como quer Jair Bolsonaro, levando a um vertiginoso aumento do n�mero de casos e mortes.

"Essa pol�tica est� matando pessoas", diz o epidemiologista Roberto Medronho, coordenador da for�a-tarefa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) contra a covid-19. "A mudan�a (de ministro) � absolutamente inoportuna, inconsequente e inconceb�vel: jamais poderia acontecer neste momento, n�o leva em considera��o as consequ�ncias letais, e n�o tem nenhuma raz�o l�gica", diz o especialista.

Como n�o h� vacina nem tratamento espec�fico para a covid-19, as �nicas medidas reconhecidamente eficazes contra o novo coronav�rus s�o o isolamento social e a lavagem frequente das m�os. As iniciativas s�o recomendadas pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) e adotadas em todos os pa�ses do mundo no enfrentamento da doen�a - mesmo no Reino Unido e nos Estados Unidos, onde houve uma resist�ncia inicial dos respectivos governantes. Ainda n�o h� evid�ncias cient�ficas s�lidas da efic�cia da cloroquina no tratamento da covid; o outro grande ponto de disputa de Bolsonaro. O presidente quer que o minist�rio recomende o uso da droga no in�cio da infec��o, uma medida que n�o tem o respaldo da OMS e n�o foi aceita por Henrique Mandetta e Nelson Teich.

Para os especialistas ouvidos pelo Estad�o a ambiguidade do discurso governamental foi o maior empecilho para que houvesse uma ades�o mais consistente da popula��o brasileira �s medidas de isolamento e muito menos apoio para um eventual lockdown nas cidades mais afetadas. "A consequ�ncia direta � o abandono do isolamento social, a �nica estrat�gia eficaz no combate � pandemia", afirma Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein. "Com as trocas no minist�rio e a ambiguidade do discurso fica muito dif�cil engajar a popula��o. Isso compromete n�o s� o combate � pandemia, mas tamb�m �s outras doen�as, como cardiovasculares e oncol�gicas, por exemplo." A mesma quest�o foi levantada no Estad�o anteontem por Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Em�lio Ribas. "Quando tem esse tipo de dicotomia, acontece de a pessoa ouvir aquilo que for mais confort�vel."

Para Mario Scheffer, vice-presidente da Associa��o Brasileira de Sa�de Coletiva, n�o houve uma coordena��o nacional nem com o ministro anterior da Sa�de, Luiz Henrique Mandetta. Ele afirma que essa falta de estrat�gia est� na raiz das dificuldades no enfrentamento � pandemia. "Muitos dos problemas dos Estados e munic�pios na falta de insumos, respiradores e equipamentos de prote��o, baixa expans�o dos leitos de UTI, dificuldade de contrata��o de m�dicos e profissionais t�m a ver com a aus�ncia de diretrizes, de a��es nacionais e libera��o insuficiente de recursos pelo Minist�rio da Sa�de", diz o professor da Universidade de S�o Paulo (USP).

Sem coordena��o

Enfermeira especializada em gest�o de sa�de e integrante da for�a-tarefa da UFRJ, Crystina Barros concorda com o colega. "Os munic�pios est�o agindo como podem, mas sem suporte, sem uma rede coordenada como deveria ser", sustenta. "O minist�rio deveria ser o grande articulador, mas, na medida em que isso n�o � poss�vel, perdemos uma oportunidade de gest�o eficiente de recursos, leitos, profissionais e medicamentos que poderia salvar vidas."

Especialistas temem que a posi��o contr�ria � ci�ncia adotada por Bolsonaro tenha um impacto negativo na escolha do novo ministro. "Com suas qualidades e defeitos, os dois ministros (Mandetta e Teich) estavam ouvindo a ci�ncia, estavam tentando adotar pol�ticas que fazem sentido do ponto de vista cient�fico", avalia o epidemiologista Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas. "Mas eles n�o conseguem se manter no cargo por press�o do governo, representado pelo presidente, para que n�o se ou�a a ci�ncia. O que estamos vivendo � um embate constante entre a ci�ncia e a nega��o da ci�ncia e acho pouco prov�vel que o governo consiga um ministro da Sa�de respeitado por seus pares que se submeta a negar a ci�ncia."

A escolha de um ministro da Sa�de que n�o siga as orienta��es da OMS e da comunidade cient�fica internacional pode ser desastrosa para o Pa�s. "A sa�da de Teich anuncia o pior", aponta Mario Scheffer. "Se o pr�ximo ministro se agarrar ao fim da quarentena e ao uso generalizado de cloroquina, sabidamente ineficaz, teremos uma trag�dia sanit�ria. Ser�o milhares de mortes que seriam evit�veis, em propor��es muito maiores do que a pandemia j� imp�e." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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