
Somente em S�o Paulo, 4.688 pessoas morreram em decorr�ncia da infec��o, e o Estado j� superou o n�mero de v�timas da China (4.637), onde a pandemia come�ou em dezembro. Em n�mero de casos, o Brasil ultrapassou It�lia e Espanha e agora � o 4.º no mundo. De acordo com a Universidade Johns Hopkins, a It�lia tem 223.885 casos e a Espanha, 230.698.
A curva da epidemia est� rapidamente acelerando no Pa�s, em um crescimento exponencial, no momento em que o governo do presidente Jair Bolsonaro aumenta a press�o para a redu��o das medidas de isolamento e um dia ap�s a queda de Nelson Teich do Minist�rio da Sa�de. Para especialistas, dever�amos estar na dire��o contr�ria, adotando o "lockdown", sob o risco de testemunharmos uma trag�dia.
"Nesse ritmo, no dia 20 devemos passar de 20 mil mortos. N�o estar�amos assim se estiv�ssemos tomando medidas mais adequadas de conten��o. Mas, se o presidente conseguir quebrar as restri��es que munic�pios e Estados est�o adotando, vamos ver esses n�meros crescerem ainda mais rapidamente", diz o f�sico Domingos Alves, da USP de Ribeir�o Preto.
O pesquisador integra o grupo Covid-19 Brasil, uma for�a-tarefa de cientistas de mais de dez universidades brasileiras que atua desde o in�cio da epidemia no Pa�s monitorando casos e fazendo previs�es de crescimento com t�cnicas de ci�ncias de dados. A estimativa � de que a taxa de crescimento possa ficar cinco vezes mais r�pida que a atual se for implementado um isolamento mais brando, como proposto por Bolsonaro.
Pelos c�lculos do grupo, se os munic�pios com mais de 80% de ocupa��o dos leitos de UTI implementarem "lockdown", e aqueles com entre 60% e 80% de lota��o adotarem medidas mais restritivas, com mais de 70% da popula��o em isolamento, o n�mero de �bitos deve come�ar a cair entre fim de julho e come�o de agosto. "Mas j� teremos algo em torno de 80 mil �bitos", estima Alves.
Segundo especialistas, o Pa�s ainda n�o chegou ao pico, mas o n�vel de crescimento atual preocupa. "A epidemia n�o funciona como acidentes geogr�ficos onde h� montanhas com picos bem determinados. Saberemos quando foi quando ele tiver passado. Estamos em uma curva ascendente de quase mil �bitos por dia com grande probabilidade de nos aproximarmos das mortes dos pa�ses europeus em 15 dias", afirma o epidemiologista Paulo Lotufo, da USP.
'Lockdown'
Para ele, o "lockdown" deveria ter sido aplicado na regi�o metropolitana de S�o Paulo h� duas semanas. "Os n�meros mostram que a situa��o est� completamente fora de controle. E os dados n�o indicam que estamos nos aproximando do pico", complementa o m�dico Ricardo Schnekenberg, doutorando na Universidade de Oxford, que vem tamb�m acompanhando o desdobramento da epidemia no Pa�s.
Ele comparou a taxa de crescimento de mortes por milh�o de habitantes nos 12 pa�ses com mais v�timas ao longo dos �ltimos dez dias e observou que a do Brasil � das mais altas. Os valores de sexta foram quase 80% mais altos que os do dia 6, crescimento similar ao observado no M�xico. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.