
Desde o �ltimo dia 10, a capital do Par�, Bel�m, e mais nove cidades do seu entorno entraram em lockdown, o regime mais rigoroso de isolamento social. A medida foi implantada pelo governo do estado em raz�o do aumento exponencial dos casos de COVID-19.
Apesar do sistema r�gido, o �ndice de isolamento social no Par� ainda est� abaixo de 70%, porcentagem recomendada pela Organiza��o Mundial da Sa�de. No s�bado, mais de 55% dos moradores de Bel�m n�o sa�ram de casa, sendo o maior n�mero nos �ltimos setes dias.
Entretanto, uma parte da popula��o da capital n�o respeita a quarentena. Nos primeiros sete dias de lockdown, mais de 2 mil pessoas foram multadas por estarem circulando em vias p�blicas sem necessidade comprovada. Os Bairros Marco, Pedreira e Guam� concentram a maior quantidade de casos de infec��o pelo v�rus de Bel�m. Dos 5.743 registros da capital, os tr�s bairros somam 970 infectados, segundo dados da Secretaria de Sa�de P�blica (Sespa).
Somente no s�bado, 29 novas mortes pelo v�rus foram identificadas em Bel�m. Neste contexto, no �ltimo fim de semana, o cemit�rio Santa Izabel, no Bairro Guam�, foi desinfetado com hipoclorito de s�dio (subst�ncia que neutraliza a a��o contaminante do v�rus). Dessa forma, a �rea externa, onde a popula��o tem acesso, e a parte administrativa foram higienizadas.
Para tentar conter as mortes, o Minist�rio da Sa�de enviou cerca de 50 respiradores ao Par�, sendo 39 deles destinados � Bel�m. Segundo a pasta, os aparelhos foram enviados para a amplia��o do n�mero de leitos nos hospitais de campanha, unidades que cuidam temporariamente dos infectados por COVID-19 antes que possam ser transportadas com seguran�a para instala��es mais permanentes.
O Estado de Minas ouviu a infectologista Helena Br�gido, vice-presidente da Sociedade Paraense de infectologia e Mestre em Medicina Tropical, para entender um pouco mais sobre a situa��o de Bel�m do Par�. Enquanto trabalhava no hospital, ela contraiu o novo coronav�rus e precisou ficar internada. Veja os principais trechos da entrevista.
As dificuldades
“A situa��o do Par� foi agravada pela dificuldade de quantidade de servi�os de sa�de no atendimento � pandemia desde o in�cio. Os hospitais de campanha, a amplia��o de servi�os de sa�de em unidades de urg�ncia e emerg�ncia ou b�sicas, ocorreu em um momento de grande crescimento do n�mero de casos. Tamb�m houve uma dificuldade da popula��o no uso espont�neo de m�scaras em estabelecimentos comerciais e o distanciamento social. Aliado a isso, n�o h� quantitativo de leitos suficientemente para o n�mero de habitantes do estado que potencialmente poderiam ficar doentes. Houve demora nas medidas mais severas de distanciamento social com uma ades�o satisfat�ria, al�m de obrigatoriedade do uso de m�scaras em qualquer ambiente dos munic�pios do Estado do Par�. “
Lockdown em Bel�m
“O �ltimo levantamento foi h� dois dias mostrando que houve uma aceitabilidade de menos de 60%, o que � bastante preocupante, ainda que esteja ocorrendo a fiscaliza��o por �rg�os p�blicos. Uma das dificuldades � o acesso da popula��o ao atendimento em unidades p�blicas e privadas, ocasionada, muitas vezes, por um n�mero reduzido de profissionais de sa�de diante de afastamento por idade ou comorbidades, e de terem sido acometidos por COVID-19 e necessitarem, para precau��o de todos e os cuidados, ficarem afastados por, no m�nimo, 14 dias. O quantitativo de profissionais acometidos pelo novo coronav�rus � de 42% de todos os infectados. Desde o in�cio da pandemia, 28 m�dicos j� faleceram por causa da doen�a. O atraso no atendimento da popula��o ocasiona uma busca em um per�odo j� moderado, ou grave e cr�tico da doen�a. Momento em que h�, al�m de escassez de leitos, maior dificuldade no tratamento direcionado para a cura.”
'Adoeci'
“Contra� o v�rus na linha de frente no atendimento de pessoas suspeitas ou confirmadas da infec��o pelo novo coronav�rus. Tive COVID-19 e foi muito ruim me sentir como paciente. Como a doen�a � metab�lica sist�mica, n�o necessariamente precisa haver falta de ar para a baixa na satura��o de oxig�nio, que foi o que ocorreu comigo. Precisei ficar internada por causa de uma satura��o baixa e melhorei com exerc�cios respirat�rios e hidrata��o. Os exerc�cios respirat�rios s�o fundamentais para melhorar a oxigena��o do sangue, independentemente se existe uma manifesta��o respirat�ria, porque os pulm�es � que fazem a troca gasosa e distribuem oxig�nio para todo o corpo.”
*Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Marta Vieira