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Estado de Minas GERAL

Despenca a produ��o cient�fica feminina


postado em 19/05/2020 12:45

A qu�mica L�via Soman, de 37 anos, mal havia sa�do da licen�a-maternidade e come�ava a engrenar novamente em suas pesquisas com fungos da biodiversidade brasileira, em busca de compostos com potencial para uso humano, quando S�o Paulo adotou medidas de isolamento para conter o coronav�rus. A cientista da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp) de Diadema se viu, ent�o, diante da necessidade de retornar toda a aten��o para a filha de 1 ano e 2 meses, que j� n�o tinha mais como ir para a escola, e os cuidados com a casa.

Pesquisadoras mulheres, especialmente as com filhos, t�m visto sua produ��o cient�fica despencar com as restri��es impostas pela pandemia. Se o isolamento trouxe dificuldades como um todo para a ci�ncia, que teve de se afastar dos laborat�rios e das possibilidades de ir a campo, para m�es at� mesmo escrever artigos, algo teoricamente simples no home office, se tornou quase imposs�vel. Publica��es cient�ficas t�m feito alertas de que a submiss�o de artigos por mulheres caiu ou se manteve est�vel enquanto as de homens cresceram.

Um grupo no Brasil voltado para discutir maternidade e paternidade no universo cient�fico, o Parent in Science, resolveu checar se o problema tamb�m estava acontecendo aqui. O estudo foi obtido com exclusividade pelo Estad�o. Mais de 6 mil pesquisadores (entre p�s-graduandos, docentes e p�s-docs) responderam a um question�rio sobre como a pandemia e o isolamento est�o afetando seu trabalho.

Se de modo geral o trabalho remoto afetou pesquisadores de p�s-gradua��o (apenas 1/3 est� conseguindo trabalhar de maneira remota), entre as mulheres apenas 10% est�o conseguindo realizar suas pesquisas. Entre p�s-docs, o cen�rio parece ainda mais grave: s� 5% das m�es conseguem manter a produtividade na quarentena.

Entre os docentes, 20% dos homens sem filhos disseram n�o ter conseguido finalizar artigos para submiss�o durante a pandemia; entre mulheres com filhos, foram 51,38%. Com base nos resultados, o grupo enviou uma carta � revista Science comentando a preocupa��o. "N�o podemos permitir que a pandemia reverta avan�os e aprofunde a lacuna de g�nero na ci�ncia", escreveram as cientistas lideradas pela bi�loga Fernanda Staniscuaski, da UFRGS, que coordenou o estudo.

L�via estava escrevendo projetos, orientando pesquisas, quando veio a pandemia. "O problema n�o � a quarentena, mas a quarentena com uma beb� em casa, de 1 ano e 2 meses. Afetou muito o trabalho acad�mico. Meu marido tamb�m � professor e cientista, divide os afazeres dom�sticos comigo em 50%, mas ela � beb�, demanda muito de mim." A pesquisadora tentou trabalhar com a menina no colo, mas n�o deu muito certo. "Estava concentrada no que estava lendo e n�o reparei que ela estava batendo no teclado do laptop. Quando vi, tinha quebrado, os comandos n�o funcionam mais."

Culpa

"Mal consigo ler um e-mail. Mas tenho colegas que contam estarem com a maior produtividade da vida. Eu nem sei quem vou ser depois da pandemia, como vou correr atr�s do tempo perdido. � uma sensa��o de frustra��o e culpa." A etnobot�nica Patr�cia de Medeiros, de 33 anos, professora da Universidade Federal de Alagoas e m�e de uma menina de 1 ano e 9 meses, tamb�m estava na retomada dos trabalhos p�s licen�a-maternidade quando teve de trocar Macei� por Arapiraca, para ajudar a sogra, que passa por um tratamento de c�ncer e n�o podia ficar sozinha.

"De 8 horas de trabalho, passei a come�ar a trabalhar quando ela (a filha) dorme. E essa menina dorme � meia-noite! Ainda assim n�o fa�o nem quatro horas. A produ��o est� atrasada, a presta��o de contas que tenho de entregar no fim do m�s. O prazo est� chegando e n�o vou conseguir cumprir. V�m crise de ansiedade, momentos de choro, culpa."

Para quem est� na linha de frente nos estudos da covid-19, � um pouco diferente, mas tamb�m dram�tico. Com senso de urg�ncia, responsabilidade aumentada de trazer respostas, as pesquisadoras est�o se desdobrando em estrat�gias, muitas horas trabalhadas e poucas de sono, para dar conta de tudo.

Covid e li��o de casa

A matem�tica Dayse Haime Pastore, de 42 anos, do Cefet/RJ, faz proje��es de crescimento da doen�a e de lota��o de leitos de hospital. Imediatamente antes de dar a entrevista, ela estava estudando Matem�tica com o filho, de 13 anos, que teria prova no dia seguinte. "N�o � f�cil para as crian�as aprenderem online. E se n�o � f�cil para as crian�as, n�o � f�cil para os pais", diz. "Se eu n�o tivesse virado a pesquisa para o coronav�rus, provavelmente n�o estaria nem trabalhando, porque � muito dif�cil mesmo." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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