O estoque de insumos farmac�uticos para a produ��o de medicamentos � base de cloroquina e hidroxicloroquina caiu diante da pandemia da covid-19. Mesmo sem efic�cia comprovada contra o v�rus, as drogas passaram a ser recomendadas de forma ampla a pacientes da doen�a pelo Minist�rio da Sa�de ap�s press�o do presidente Jair Bolsonaro.
Sem somar a demanda pela covid-19, ainda n�o estimada, s�o consumidos 35 milh�es de comprimidos desses medicamentos por semestre no Brasil, incluindo o Sistema �nico de Sa�de (SUS) e a rede privada.
As drogas s�o indicadas para tratamento de doen�as cr�nicas, como l�pus e artrite reumat�ide, al�m da mal�ria. As informa��es constam em documento enviado na semana passada pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) ao Minist�rio da Economia, obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Em abril, a ag�ncia informou � equipe econ�mica que havia cerca de 8,9 milh�es de comprimidos destas drogas estocados. Na atualiza��o enviada em maio, s�o cerca de 11,6 milh�es de unidades. A soma considera diferentes apresenta��es de medicamentos, como sulfato de hidroxicloroquina 400 mg e difosato de cloroquina 150 mg. Segundo a Anvisa, como as empresas aumentaram o estoque do produto acabado, o insumo para a fabrica��o caiu.
Incentivado por Bolsonaro, o laborat�rio do Ex�rcito produziu 1,25 milh�o de comprimidos entre os dois informes da Anvisa. A institui��o estava com o estoque zerado at� o fim de mar�o e sem material para embalar o medicamento. O Comando do Ex�rcito n�o informou estimativas de novas entregas.
O Minist�rio da Sa�de prometeu refor�ar o envio da cloroquina aos Estados e munic�pios. A pasta informou na quarta-feira j� ter distribu�do 2,93 milh�es de comprimidos apenas para uso contra a covid-19 - 1,46 milh�o de unidades est�o no estoque do minist�rio.
O governo estima que os comprimidos j� entregues servem para 163,86 mil pacientes da covid-19. A pasta deseja entregar at� agosto mais 6,762 milh�es de unidades, estimadas para cerca de 375,6 mil pessoas.
Principal fornecedora do material para a formula��o da droga ao Brasil, a �ndia restringiu as suas exporta��es de insumo farmac�utico. O chanceler Ernesto Ara�jo afirmou, pelo Twitter, que o Brasil receber� uma tonelada desse produto ap�s negocia��o com o governo indiano. Bolsonaro chegou a conversar no come�o de abril com o primeiro-ministro da �ndia, Narendra Modi, para receber um carregamento do insumo.
Para advogados, m�dicos e gestores de sa�de, o esfor�o do governo federal para ampliar a prescri��o da cloroquina, imposto por Bolsonaro, ocorre � margem das regras do SUS. A cria��o de protocolo com diretrizes de tratamento tem um rito pr�prio na rede p�blica, que considera principalmente a comprova��o da efic�cia da droga e a viabilidade econ�mica para a distribui��o do produto.
"N�o tem viabilidade. N�o existe medicamento suficiente para caso leve da covid-19. O Minist�rio da Sa�de est� incentivando uma pr�tica m�dica que vai colocar mais gente em risco", afirmou Daniel Dourado, m�dico, advogado sanitarista e pesquisador da USP.
Segundo o �ltimo informe da Anvisa, a Apsen Farmac�utica tem o maior estoque do produto no Brasil. S�o 8,32 milh�es de comprimidos. A Crist�lia informou ter 1,3 milh�o de unidades estocadas da droga. Depois do Ex�rcito, o quarto maior estoque � da EMS/Germed. S�o 675 mil comprimidos. A Anvisa informou que a Sanofi-Aventis reduziu o estoque de 180 mil para 16 mil comprimidos.
A Fiocruz reduziu o estoque de 3 milh�es para 27 mil comprimidos. O laborat�rio p�blico foi o principal fornecedor do governo para o programa de tratamento de mal�ria e, tamb�m, para pacientes da covid-19. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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