Confrontado sobre estudo publicado nesta sexta-feira, 21, que aponta aumento do risco de morte por arritmia card�aca em at� 45% nos infectados pelo novo coronav�rus que utilizam cloroquina, o Minist�rio da Sa�de afirmou ao Estad�o que acompanha mais de 40 pesquisas cl�nicas envolvendo medicamentos para tratar a covid-19 e n�o quis comentar sobre os resultados apresentados.
Por ordem do presidente Jair Bolsonaro, a pasta passou a recomendar a prescri��o da subst�ncia a pacientes desde os primeiros sinais da doen�a. Fontes do minist�rio dizem que, apesar de a pesquisa publicada pela revista cient�fica Lancet ter sido realizado com 96 mil pacientes e indicar o risco do medicamento, ningu�m acredita que a orienta��o do governo ir� mudar.
Em nota, o minist�rio se limitou a dizer que "com base em estudos existentes e parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM), al�m de experi�ncia da rede p�blica na utiliza��o da cloroquina, cumpre o princ�pio da equidade ao dar oportunidade de todos os brasileiros, com seus m�dicos, buscarem a melhor op��o de tratamento contra o coronav�rus". Nenhuma palavra sobre o novo estudo, liderado pelo professor Mandeep Mehra, da Escola de Medicina de Harvard.
O estudo publicado na revista cient�fica Lancet concluiu que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina, mesmo quando associados a outros antibi�ticos, aumenta o risco de morte por arritmia card�aca em at� 45% nos infectados pela covid-19. A cloroquina � defendida pelo governo Jair Bolsonaro como primeira op��o de tratamento, inclusive para pacientes sem gravidade.
A Sa�de j� publica diariamente uma an�lise do compilado de estudos sobre poss�veis tratamentos para a covid-19. Estes documentos t�m repetido que a cloroquina, e nenhum outro medicamento, mostra resultados ben�ficos aos pacientes.
As an�lises do Minist�rio da Sa�de foram ignoradas pelo governo ao divulgar nesta semana orienta��o do uso da cloroquina para todos os pacientes, como cobra o presidente Jair Bolsonaro. O documento do minist�rio tem forte poder pol�tico, mas n�o dita as regras do tratamento no Sistema �nico de Sa�de (SUS), como faria um protocolo de diretrizes terap�uticas. Apesar disso, autoridades temem que m�dicos e pacientes sejam estimulados ao uso da cloroquina, mesmo sem evid�ncia de benef�cios.
Uma autoridade do SUS, reservadamente, disse que o estudo publicado nesta sexta-feira, 21, na revista Lancet ainda n�o � o ideal, pois a avalia��o foi feita sobre um banco de dados de pacientes, ou seja, tem impacto menor do que avalia��es randomizadas e controladas. Ainda assim, traz fortes ind�cios para refor�ar o risco do uso da cloroquina em larga escala, segundo a mesma fonte.
A pesquisa foi realizada com pacientes de 671 hospitais em seis continentes, internados entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril deste ano. Das 96.032 pessoas analisadas, 14.888 foram tratadas com alguma varia��o ou combina��o da cloroquina nas primeiras 48 horas de interna��o.
"N�s fomos incapazes de confirmar qualquer benef�cio da cloroquina ou da hidroxicloroquina em resultados de interna��o pela covid-19. Ambas as drogas foram associadas � diminui��o de sobreviv�ncia dos pacientes internados e a um aumento da frequ�ncia de arritmia ventricular quando usadas no tratamento da covid-19", conclui o estudo do professor de Harvard.
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