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Estado de Minas GERAL

� espera de um meio de voltar para casa


postado em 24/05/2020 12:01

Cerca de 180 colombianos, entre eles mais de 20 crian�as pequenas, est�o acampados no mezanino do Aeroporto Internacional de S�o Paulo, em Guarulhos, desde segunda-feira, � espera de um voo de repatria��o. Em Brasileia, no Acre, peruanos e venezuelanos cansaram de esperar libera��o na fronteira com a Bol�via e foram at� a vizinha Assis Brasil para atravessar ilegalmente o Rio Acre rumo a I�apari, no Peru. Situa��es semelhantes se repetem em Foz do Igua�u (PR) e Pacaraima (RR).

As consequ�ncias da pandemia do coronav�rus no Brasil est�o levando milhares de cidad�os de pa�ses vizinhos, principalmente venezuelanos, que vieram em busca de uma vida melhor, a tentar voltar para seus locais de origem. Voos cancelados, barreiras sanit�rias, fronteiras fechadas e a falta de dinheiro t�m atrapalhado o retorno.

� o caso do top�grafo venezuelano Rui, de 52 anos. Ele saiu da Venezuela h� dois anos fugindo da grave crise do governo Maduro e trabalhava como motorista em Arauc�ria (PR). Demitido no in�cio da pandemia, ele e a mulher, gr�vida de 6 meses, decidiram voltar para a Venezuela. "L� n�o tem comida mas n�o pago contas de �gua e luz, tenho minha casa e minha fam�lia que vai nos acolher."

O dinheiro, no entanto, foi suficiente apenas para o casal chegar a Porto Velho, onde foram acolhidos pela Igreja Cat�lica e esperam ajuda financeira para completar o trajeto. "Meus parentes est�o apavorados com as not�cias sobre o coronav�rus no Brasil. Meu maior medo � que minha mulher e meu filho que est� para nascer sejam contaminados." Quando chegarem em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, Rui e a mulher v�o enfrentar novas dificuldades. "Encurralados � a �nica palavra que descreve a situa��o dessas pessoas", disse o padre Jesus de Bombadilla, representante da C�ritas em Pacaraima.

Segundo ele, cerca de 3 mil venezuelanos continuam na cidade. A maioria vivia de trabalhos informais que se tornaram escassos com o in�cio da pandemia e agora n�o consegue voltar. Os que conseguem s�o colocados em quarentena em um galp�o constru�do do outro lado da fronteira. Maria (nome fict�cio), uma das que atravessaram a fronteira, disse ao Estad�o que al�m das p�ssimas condi��es de alojamento, os repatriados s�o alvo de agress�es verbais e humilha��es por parte de militares venezuelanos. "Assim que coloquei os p�s na Venezuela um soldado apontou o fuzil para a minha cabe�a e me chamou de traidora."

Terminal

Na segunda-feira, cerca de 50 colombianos chegaram ao Aeroporto de Guarulhos. Com malas, crian�as e cobertores, eles tomaram conta de um dos recuos no mezanino de embarque do Terminal 2. Na ter�a-feira, quando a reportagem do Estad�o esteve l�, eram 70, e ontem, 180, vindos de v�rios Estados. Eles esperam que o governo colombiano frete um avi�o para lev�-los de volta para casa. "O aeroporto fez o que p�de, aumentamos a limpeza e a seguran�a, adaptamos as longarinas (bancos com divis�rias) para que n�o dormissem no ch�o, mas esperamos que a embaixada ou o consulado da Col�mbia tomem uma atitude", disse o comandante Miguel Dau, diretor do aeroporto.

Entre os colombianos acampados em Guarulhos h� residentes no Brasil que decidiram voltar para fugir dos efeitos econ�micos e da alta incid�ncia da doen�a. Na Col�mbia, onde o governo tomou medidas duras de isolamento, como o toque recolher, 652 mortes haviam sido registradas at� ontem.

"Parece que o presidente de voc�s faz tudo ao contr�rio do que os m�dicos mandam fazer. Na Col�mbia � mais seguro", disse Nataly Cruz Perez, de 28 anos, esp�cie de porta-voz do grupo. Entre os colombianos tamb�m h� turistas que vieram passar f�rias no Brasil e foram pegos pela pandemia, como Viviana Gallego, de 34 anos, que veio visitar o irm�o em S�o Paulo com os filhos g�meos Samantha e Emanuel, de 6 anos, e tinha passagem de volta marcada para 24 de mar�o. "Os voos foram todos cancelados. Uma empresa de �nibus se ofereceu para nos levar, mas o consulado disse que n�o poder�amos entrar no pa�s", disse Viviana.

Muitos se revezam nos bancos ou em colchonetes para dormir. No espa�o reservado pelo aeroporto, � imposs�vel manter distanciamento. A prefeitura de Guarulhos sugeriu transferi-los a um albergue, mas eles recusaram. Enquanto isso, sobrevivem com doa��es. A comida � feita a cerca de dois quil�metros de dist�ncia, em um fogareiro improvisado em um terreno. Para tomar banho, alugam banheiros de um hotel ao lado do aeroporto, que fez desconto de 50% (R$ 25 por pessoa).

A reportagem procurou a Embaixada da Col�mbia em Bras�lia e o consulado em S�o Paulo, mas at� ontem n�o teve resposta sobre o que as autoridades do pa�s vizinho pretendem fazer.

Paran�

Em Foz do Igua�u, 29 fam�lias de venezuelanos est�o em um abrigo da Igreja � espera de autoriza��o para entrar na Argentina. Na quinta-feira um deles foi hospitalizado com queimaduras depois de um acidente ao tentar esquentar comida em um fogareiro cujo combust�vel era �lcool em gel.

Em Assis Brasil (AC), cidade de apenas 5 mil habitantes na tr�plice fronteira com Peru e Bol�via, cerca de 110 estrangeiros de diversas nacionalidades (peruanos, haitianos, senegaleses e venezuelanos) esperam autoriza��o das autoridades peruanas. Muitos deles querem ir para o M�xico. At� duas semanas atr�s, eram mais de 300. Os que recebem autoriza��o ficam de quarentena em um albergue do outro lado da fronteira.
� o que aconteceu com os 40 peruanos que sa�ram de �nibus de S�o Paulo, h� duas semanas - ficaram tr�s dias retidos na divisa entre Rond�nia e o Acre e depois outros dois dias na fronteira.

Quando finalmente foram autorizados a atravessar, sete deles j� estavam contaminados pelo coronav�rus. "Nunca imaginei que um dia seria proibida de entrar no meu pr�prio pa�s. Agora que entrei, me sinto culpada por trazer um v�rus", disse Juliana (nome fict�cio), uma das passageiras do �nibus.

O Minist�rio das Rela��es Exteriores foi procurado para comentar a situa��o dos cidad�os de pa�ses vizinhos que n�o conseguem voltar para os seus lugares de origem mas n�o respondeu �s perguntas enviadas por e-mail.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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