Com a pandemia do novo coronav�rus, a taxa de inadimpl�ncia nas institui��es de ensino superior privado do Pa�s aumentou de 15,3% para 26,3% em abril, ante o mesmo m�s do ano passado. Com isso, o �ndice de universit�rios em d�vida aumentou 72% no per�odo. O levantamento foi divulgado ontem pelo Semesp, que representa institui��es do ensino superior privado. A entidade projeta que, se a situa��o continuar, um quinto das institui��es (21%) n�o conseguir� quitar a folha de pagamento de junho.
J� a taxa de estudantes que trancaram a matr�cula ou desistiram do curso subiu 32,5% em abril em rela��o ao mesmo per�odo de 2019, conforme a pesquisa. Os dados de inadimpl�ncia e evas�o correspondem a 146 institui��es de ensino superior e s�o referentes a cursos presenciais e a dist�ncia. No Brasil, tr�s em cada quatro universit�rios estudam em uma institui��o particular.
"Neste momento, a gente quer ver o impacto da pandemia, da paralisa��o das aulas presenciais e da crise econ�mica. O estrago s� n�o � maior porque teve o ingresso de alunos no primeiro semestre, antes da pandemia, e 70% dos alunos ingressam no primeiro semestre", diz Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, que representa 708 institui��es de ensino superior no Pa�s.
No recorte que avaliou a taxa de evas�o, a alta foi puxada pela desist�ncia em cursos presenciais: 47% em rela��o a abril de 2019, principalmente de calouros. Nos cursos online, que costumam ser mais baratos, a taxa caiu 2,6% no per�odo. Com a quarentena, muitas faculdades passaram a ampliar as classes remotas para alunos de gradua��es presenciais como forma de n�o paralisar as atividades.
O levantamento do Semesp tamb�m avaliou o impacto da pandemia de acordo com o porte das institui��es. As de grande porte, com mais de 7 mil alunos, sofreram mais com a inadimpl�ncia: a taxa foi de 29,5%, enquanto as de pequeno e m�dio porte tiveram �ndice de 25,2%. A situa��o se inverte no quadro que analisou a evas�o, onde o porcentual foi maior nas institui��es pequenas e m�dias, de 2% para 3,1%. Nas de grande porte, subiu de 1,8% para 1,9%.
"Houve ingresso de novos alunos e, depois de 15 a 20 dias, as aulas foram suspensas no modelo presencial e ocorreu a deteriora��o da renda de alunos e das fam�lias. Em abril, a taxa de evas�o � historicamente baixa, mas cresceu", diz Capelato. "O efeito da crise se d� mais fortemente na inadimpl�ncia do que na evas�o, porque a pessoa quer fazer o curso superior, mas a falta de dinheiro impede que pague a mensalidade", completa.
"Se continuar nesse ritmo de crescimento, 21% das institui��es n�o v�o conseguir pagar a folha de pagamento em junho e 39% das institui��es ter�o preju�zo superior a 20% da receita l�quida em 2020." Capelato analisa que, se redu��es de mensalidades forem aplicadas, o cen�rio pode ser ainda mais grave.
Neste m�s, a Funda��o Procon de S�o Paulo emitiu nota t�cnica em que prev� negocia��o entre as institui��es de ensino superior particulares e os alunos para tratar do pagamento de parcelas durante a pandemia. O �rg�o de defesa do consumidor n�o incluiu, por�m, recomenda��o de descontos, com o entendimento de que essa perda de receita traria danos significativos ao setor. No m�s passado, a Uni�o Nacional dos Estudantes (UNE) lan�ou abaixo assinado pedindo redu��o de mensalidades na rede privada.
Para Capelato, ampliar o Fies - programa federal de financiamento em faculdades privadas, hoje com cerca de 100 mil vagas anuais - e garantir linhas de cr�dito �s institui��es poderiam dar f�lego �s faculdades.
'Tempestade perfeita'
Para Hugo Cysneiros, advogado da Associa��o Nacional de Educa��o Cat�lica do Brasil, o ensino superior foi atingido por uma "tempestade perfeita", j� que o setor ainda n�o havia se recuperado da crise econ�mica.
Ele tamb�m diz que, por causa do ensino remoto adotado por parte das escolas na pandemia, alguns alunos entenderam que o servi�o � diferente daquele que foi previsto no contrato - no caso, o ensino presencial. "Ainda que esteja sendo prestado, para eles n�o justifica estar sendo cobrado da mesma forma." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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GERAL
Faculdades t�m alta de 72% na taxa de devedores
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