Com 1.039 novas mortes pelo coronav�rus registradas nesta ter�a-feira, 26, o Brasil se consolidou como o pa�s com o maior n�mero di�rio de �bitos do mundo, superando os Estados Unidos, que ocupavam at� domingo essa posi��o. Segundo o Minist�rio da Sa�de, o Brasil j� acumula 24.512 mortes desde o in�cio da pandemia e chegou � marca de 391 mil infec��es - 16.324 em um dia.
O Brasil j� � o segundo colocado em todo o mundo em rela��o ao n�mero acumulado de infec��es - atr�s apenas dos Estados Unidos, que v�m registrando, nos �ltimos dias, n�meros inferiores na compara��o com o in�cio do m�s. At� ontem, era 1,6 milh�o de casos nos EUA, com 98,2 mil mortes, de acordo com o Centro de Controle e Preven��o de Doen�as. Foram 592 novos �bitos nos EUA em 24 horas. Enquanto os n�meros come�am a cair por l�, por aqui a expectativa � de alta.
O aumento em dados di�rios de �bitos no Brasil ocorre em um contexto no qual a Am�rica do Sul � considerada novo epicentro da pandemia. Pa�ses europeus, como It�lia e Fran�a, t�m tido queda nos registros. O fracasso na ado��o do isolamento social, o d�ficit de testagem e a posi��o negacionista de parte dos l�deres pol�ticos s�o apontados por especialistas como fatores que levam ao agravamento do quadro no Pa�s.
Na opini�o de Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade S�o Paulo (USP), o Pa�s atingiu esse patamar por causa do fracasso no distanciamento social e da falta de testes para identificar os infectados. "N�o foi estruturada uma rede de testagem para detectar e isolar os sintom�ticos, persistindo a infec��o intra e extra domiciliar", diz. "Tr�s meses depois de decretada a emerg�ncia nacional, ainda � improvisada e insuficiente a rede de terapia intensiva e de suporte a casos graves."
O virologista R�mulo Neris, mestre em Microbiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atuou na Universidade da Calif�rnia como pesquisador visitante at� a semana passada. Mas decidiu retornar ao Brasil para trabalhar na for�a-tarefa contra a covid-19. O especialista afirma que os dois pa�ses mostraram trajet�rias similares no in�cio do enfrentamento � pandemia, mas depois se distanciaram.
"No in�cio da pandemia, os dois pa�ses tinham d�ficit na capacidade de exames, mas os EUA conseguiram aument�-la. Eles adquiriram respiradores e m�scaras, em alguns casos de maneira at� question�vel. Mas se preocuparam em acumular recursos para enfrentar a pandemia. O Brasil continua com d�ficit na capacidade de exames a ponto de n�o conseguir fazer previs�es sobre o surto", opina.
O epidemiologista Paulo Lotufo tamb�m v� similaridades entre EUA e Brasil nas dificuldades de enfrentamento. "Brasil, Estados Unidos e outros pa�ses que tomaram atitudes baseadas no desejo pol�tico dos governantes, minimizando os efeitos da pandemia, est�o se dando mal", opina. "O negacionismo dos presidentes (Donald Trump e Jair Bolsonaro) e a demora em adotar a quarentena s�o algumas semelhan�as entre os pa�ses. L� pesou um sistema privado fragmentado e aqui, um SUS sucateado", analisa Scheffer.
Depois que os EUA se transformaram no epicentro mundial do v�rus, Trump mudou a atitude, negociou com o Congresso um pacote financeiro para resgatar a economia e estendeu as restri��es. No Brasil, Bolsonaro critica a quarentena.
A maneira como a doen�a se expandiu foi semelhante nos dois territ�rios, opina M�rcio Bittencourt, mestre em Sa�de P�blica e m�dico do Hospital Universit�rio da USP. "No Brasil, tivemos surtos separados e independentes acontecendo paralelamente", enumera. "Nos EUA, tivemos um surto em Seattle, quase um m�s antes de Nova York. Depois tivemos New Orleans e Chicago."
Isolamento
Agora o desafio brasileiro � desacelerar o avan�o da doen�a, diz Neris. "Na falta de vacina, a maior parte das alternativas para tentar controlar a dispers�o do v�rus est� relacionada ao isolamento. O 'lockdown' n�o pode ser para remediar. Tem de ser preventivo, e a ideia � que seja imediato.
A Calif�rnia estabeleceu "lockdown" logo no in�cio e n�o confirmou a previs�o de que seria um dos centros da epidemia." Lotufo tamb�m defende o "lockdown" e recomenda isolamento radical de pelo menos 15 dias em S�o Paulo e no Rio. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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