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Estado de Minas GERAL

Brasil ultrapassa as 30 mil mortes pelo novo coronav�rus


postado em 02/06/2020 19:53

O Brasil ultrapassou a marca das 30 mil mortes em decorr�ncia do novo coronav�rus nesta ter�a-feira, 2, com o registro de 1.262 �bitos nas �ltimas 24 horas, informou o Minist�rio da Sa�de. O Pa�s levou 79 dias para atingir esse patamar ap�s a primeira v�tima morrer em 16 de mar�o - a confirma��o foi feita no dia seguinte. Apenas quatro pa�ses superaram a marca das 30 mil mortes: Estados Unidos, Reino Unido, It�lia e agora o Brasil.

"O n�mero de 30 mil � significativo e mostra o desastre que estamos passando no Pa�s. Esse n�mero indica a fal�ncia que foi o processo de conten��o da covid-19 no Pa�s. O pior � que temos n�meros ascendentes. Existe uma grande quantidade de casos n�o testados", opina o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Do primeiro �bito at� o marco das mil mortes, em 10 de abril, foram 25 dias. Quase um m�s depois, em 9 de maio, o Pa�s passou das 10 mil v�timas, 54 dias ap�s a primeira. Dali para as 20 mil mortes, foram apenas 12 dias e depois mais 11 dias at� a marca dos 30 mil mortos. O n�mero de mortes por complica��es da covid-19 no Brasil dobrou em pouco mais de duas semanas.

"Alcan�amos 30 mil mortes em menos de tr�s meses. A infec��o est� se propagando de maneira grave. A perspectiva � de impot�ncia. Uma vez que o v�rus se propaga, � dif�cil cont�-lo. A capacidade de resposta � ampla, mas estamos caminhando para uma satura��o", diz o infectologia Jos� David Urba�z, da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Embora a velocidade de cont�gio esteja acelerada, os outros pa�ses demoraram menos tempo para alcan�ar a marca de 30 mil �bitos. Nos Estados Unidos, ela foi atingida no 47� dia ap�s a primeira morte; no Reino Unido, no dia 59� dia. A velocidade com que as mortes ocorrem est� ligada ao n�mero de pessoas infectadas. Gabriela Cybis, professora do Instituto de Matem�tica e Estat�stica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirma que o processo de transmiss�o depende da quantidade de casos. "Se existem muitas pessoas infectadas, a tend�ncia � que o n�mero cres�a r�pido. Esse efeito multiplicativo � uma decorr�ncia, entre outras coisas, da matem�tica do processo e da din�mica social de intera��o", diz.

O epidemiologista Pedro Hallal coordena um estudo no Rio Grande do Sul sobre o n�mero de infectados. A pesquisa, a primeira em �mbito nacional, estima que o n�mero de casos seria sete vezes maior no Brasil. "Se repetir o padr�o dos pa�ses que t�m est�gios mais avan�ados, estamos muito perto do pico no Brasil", diz Hallal.

Alguns Estados t�m adotado planos de reabertura que, ainda que graduais, podem alterar o fluxo da epidemia e prolongar a chegada do pico. � o caso de S�o Paulo, cujo governador, Jo�o Doria, anunciou uma retomada em cinco fases a partir deste m�s apenas 15 dias ap�s registrar recorde de novos casos do novo coronav�rus.

"Praticamente todos os pa�ses que j� passaram por essa fase, no momento do pico ou ao redor do pico, estavam fechados. O Brasil est� aplicando um modelo diferente", diz Hallal. Ao redor do mundo, conforme mostrou o Estad�o, os pa�ses mais afetados pela pandemia esperaram, pelo menos, um m�s ap�s o pico para iniciar a reabertura. Segundo o epidemiologista, o Pa�s at� come�ou a fechar cedo, na hora certa, mas tem adotado uma reabertura precipitada.

Rafaela Rosa-Ribeiro, doutora em biologia celular e estrutural e que trabalha atualmente com um grupo de virologistas no Ospedale San Raffaele, em Mil�o, na It�lia, lembra que o Brasil possui elevado n�mero de casos e realiza poucos testes. "Pode ser que a situa��o seja ainda mais cr�tica nas pr�ximas semanas", alerta a brasileira.

A especialista faz uma compara��o entre Brasil e It�lia. Depois de ser o epicentro da doen�a na Europa, os italianos chegaram aos 33 mil mortos e agora iniciam a retomada das atividades econ�micas. "Aqui na It�lia n�o tivemos a fase de nega��o da doen�a. Assim que ela estava se espalhando, os cidad�os e os l�deres j� assumiram suas responsabilidades para tentar frear o espalhamento e se organizar em termos de atendimentos m�dicos e ajuda social. Quando chegamos a esse n�mero, j� est�vamos fazendo medidas importantes e havia uma expectativa de quando os casos come�ariam a baixar. Havia esperan�a", diz a especialista.

No dia 19 de maio, o Brasil registrou 1.179 mortes no per�odo de 24 horas. No dia seguinte, caiu para 888 �bitos contabilizados em um dia, mas em 21 de mar�o teve um novo recorde de 1.188 mortos. E por quatro dias seguidos, de 26 a 29 de maio, foram registradas mais de mil mortes pelo novo coronav�rus em 24 horas. Atenta para a situa��o da pandemia no Brasil e em outros pa�ses da Am�rica, a Organiza��o Mundial da Sa�de diz que o pico do novo coronav�rus no continente ainda n�o foi atingido. Em 22 de maio, a entidade classificou a Am�rica do Sul como o novo epicentro da pandemia, destacando que o Brasil � o local mais afetado da regi�o.

O professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Sa�de P�blica da USP, Eliseu Waldman, afirma que, em m�dia, o Brasil tem um aumento de casos e mortes devido � covid-19. Para ele, a expans�o da doen�a para algumas capitais, como a de Mato Grosso, por exemplo, e a interioriza��o do v�rus preocupam. "Acho que os prefeitos, pressionados pelas for�as econ�micas de elite da cidade, acaba cedendo (na reabertura) e voc� tem aumento (de casos)", diz.

O fato de o Pa�s n�o ter conseguido construir um consenso sobre as medidas de distanciamento social, delegado a governadores e prefeitos a decis�o de abrir ou fechar suas regi�es, tamb�m tem impacto no aumento da pandemia. "A gente est� pagando um pre�o por isso".

"Ainda n�o sabemos o tamanho do impacto da interioriza��o da epidemia. Provavelmente, cada Estado vai ser diferente e cidades pequenas e m�dias ter�o maior impacto porque n�o t�m estrutura m�dica para atender", analisa Waldman. "O pr�ximo m�s n�o ser� muito bom para o Brasil nem Am�rica Latina", prev� o professor.


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