Demitido do Minist�rio da Sa�de por, entre outros motivos, divergir do presidente Jair Bolsonaro quanto ao uso da cloroquina no tratamento do novo coronav�rus, Luiz Henrique Mandetta fez uma refer�ncia ir�nica - mas sem citar nomes - sobre o medicamento durante o primeiro painel sobre sa�de na Brazil Conference at Harvard & MIT, realizado ontem e transmitido pelo Estad�o. "Uma pessoa leiga propor a cloroquina e outro leigo fazer o protocolo que libera o medicamento no mesmo dia � o mais pr�ximo de um estudo duplo-cego que temos no Brasil", afirmou.
O ensaio cl�nico duplo-cego consiste no desconhecimento tanto do pesquisador como do paciente sobre qual grupo o paciente se encontra durante o estudo. No fim de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou o medicamento ap�s uma reuni�o com o presidente no mesmo dia. Apesar de reconhecer que n�o h� ainda comprova��o de seguran�a e efic�cia do tratamento, o CFM afirmou na ocasi�o que a libera��o ocorreu por causa da excepcionalidade da pandemia.
A professora e chefe do departamento de Sa�de Global e Popula��o de Harvard, Marcia Castro, que tamb�m participou do painel, criticou Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por desvalorizarem a ci�ncia. Ela creditou especialmente � falta de lideran�a o cen�rio negativo dos dois pa�ses. Para ela, o Brasil tinha estrutura "de dar inveja a outros pa�ses" para dar uma resposta efetiva � pandemia: o SUS. Mas, por falta de uma boa gest�o federal, h� "5.570 governan�as paralelas, cada uma tentando resolver o problema".
Para Henrique Neves, diretor-geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que tem contato tanto com o sistema p�blico quanto com o privado, um melhor di�logo entre os dois poderia tamb�m ter resultado em uma melhor conten��o. "A �rea p�blica lotou (com doentes pelo coronav�rus) quando a �rea privada ainda n�o tinha ocupado um ter�o do que havia preparado." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.