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Estado de Minas GERAL

Covid gera colapso no RN: 'ela vai entrar aqui para morrer', diz m�dica de Natal


postado em 04/06/2020 11:25

"N�o tenho o que fazer. Ela vai entrar aqui para morrer". As frases ditas por uma m�dica na porta de entrada da Urg�ncia e Emerg�ncia do Hospital Municipal Belarmina Monte, em S�o Gon�alo do Amarante, na Grande Natal, comprovam a situa��o dram�tica dos pacientes graves com suspeita ou confirma��o de coronav�rus no Rio Grande do Norte. A ocupa��o dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para os casos grave da infec��o est� em 95% na Regi�o Metropolitana de Natal, composta por 15 munic�pios e quase 1,7 milh�o de habitantes.

Febre alta, dificuldade para respirar e a agudiza��o do diabetes fizeram a fam�lia da aposentada Iraci Fonseca Salviano, de 84 anos, acionarem o Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu) no in�cio da manh� de quarta-feira, 3, em S�o Gon�alo do Amarante, cidade vizinha a capital. Com todos os sintomas de covid-19, a idosa foi socorrida pelo Samu e levada a uma outra cidade, Maca�ba, onde fica a Base de Apoio do Samu Metropolitano, para que ela fosse colocada numa Unidade de Suporte Avan�ado (USA), que � uma ambul�ncia com os equipamentos para pacientes em estado grave, incluindo respirador mec�nico.

Ap�s a troca de ambul�ncia, a idosa precisou ser entubada, ainda na Base de Apoio do Samu, em decorr�ncia do agravamento do quadro cl�nico. Estabilizada, a equipe de socorristas iniciou a viagem de volta ao munic�pio de S�o Gon�alo do Amarante, com destino ao Hospital Municipal Belarmina Monte. Foi l� que o drama da fam�lia Fonseca Salviano se tornou uma via crucis. Ao chegarem ao local, os familiares se depararam com uma unidade hospitalar lotada. O acesso da idosa foi negado por uma m�dica plantonista.

"N�o tenho onde colocar. Leve para o Giselda (Hospital Giselda Trigueiro), leve para uma UPA. O que eu vou fazer, pelo amor de Deus? A senhora quer subir para ver? Ela vai entrar aqui para morrer. N�o tenho o que fazer. Eu n�o posso receber", repetia a m�dica plantonista aos socorristas do Samu e aos filhos da idosa entubada e que esperava h� quase cinco horas por interna��o.

Em um v�deo gravado por Luciana Fonseca, filha de Iraci Fonseca Salviano, � poss�vel ver a m�dica no estacionamento do hospital, com a porta da ambul�ncia aberta, enfermeiros e m�dicos paramentados e tentando convenc�-la de que a interna��o era necess�ria e urgente. A m�dica dizia, por�m, que n�o havia espa�o e chamou Luciana Fonseca para entrar no hospital e visualizar a situa��o dos leitos de enfermaria e UTIs, lotados. A m�dica que fez as declara��es n�o foi localizada para comentar o caso.

"Onde eu vou colocar sua m�e? � um desespero para n�s. N�o � m� vontade. A gente n�o tem onde botar", disse a m�dica ap�s mostrar os ambientes lotados � filha da idosa. Desesperada, Luciana Fonseca amea�ou chamar a Pol�cia, o Conselho Regional de Medicina e o Minist�rio P�blico para intermediar a situa��o. "Foi somente depois de afirmar que chamaria esses �rg�os, que a assistente social do hospital disse que conseguiria um leito, mas que n�o seria de UTI", afirma Luciana Fonseca.

Ap�s quase seis horas de espera, a paciente deu entrada no hospital e foi colocada numa ala destinada aos pacientes suspeitos e confirmados para a covid-19. Aliviada por ter conseguido internar a m�e, Luciana disse que voltou para casa com um misto de sentimentos. "Al�vio pela interna��o, mas uma ang�stia por n�o ter mais not�cias. A gente se sente impotente", relata.

Luciana suspeita que a m�e tenha sido infectada pelo novo coronav�rus dentro da pr�pria casa. "Eu testei positivo para a doen�a. Recebi meu resultado ontem e deu positivo. Eu cuido dela todos os dias. Ela pode ter pego de mim", lamenta.

O munic�pio de S�o Gon�alo do Amarante, um dos maiores da Grande Natal e onde est� localizado o Aeroporto Internacional Governador Alu�zio Alves, n�o disp�e de uma Unidade de Pronto Atendimento. O Hospital Municipal Belarmina Monte � administrado uma institui��o filantr�pica e, nos �ltimos dias, recebeu refor�o de nove leitos.

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de S�o Gon�alo do Amarante informou que o hospital est� com 12 pacientes internados na ala destinada aos casos de covid-19. A unidade conta com quatro respiradores mec�nicos. Sobre a paciente que teve o atendimento inicialmente negado, a assessoria detalhou que ela est� "est�vel, entubada, com ventilador mec�nico" e que far� o teste para a covid-19 nas pr�ximas horas.

A Prefeitura destacou que foram "foram contratados mais 25 m�dicos para as UBS, na aten��o b�sica, para que o paciente seja atendido e acompanhado na comunidade e n�o v� para o hospital". No munic�pio, dever� ser montado um Hospital de Campanha com capacidade para 50 leitos, sendo 20 de UTI.

Ocupa��o de leitos

O Rio Grande do Norte tem 219 leitos, entre cl�nicos e de UTI, espec�ficos para a covid-19. Destes, 170 est�o ocupados, 32 bloqueados e 17 dispon�veis. O �ndice de ocupa��o � cr�tico na regi�o oeste do estado, com 100%, e na Grande Natal, com 95%.

Nessas duas regi�es, se concentram os epicentros da doen�a (Mossor�, com 1.238 casos confirmados e 62 �bitos; e Natal, com 3.496 casos confirmados e 126 mortes por covid-19). Em todo o Estado existem 515 pessoas internadas divididas entre os hospitais p�blicos e privados. At� quarta-feira, 3, foram registradas 367 mortes pela doen�a.

Na ter�a-feira, 2, o secret�rio de Estado da Sa�de P�blica do Rio Grande do Norte, Cipriano Maia, disse que a situa��o da rede de assist�ncia p�blica local para o novo coronav�rus est� "� beira de um colapso".

"Estamos numa situa��o extremamente cr�tica. Eu n�o diria ainda colapso, porque os pacientes est�o conseguindo ser atendidos em algum servi�o. Mas podemos dizer que estamos, realmente, � beira do colapso se n�o contivermos a taxa de transmiss�o, se continuarmos com a expans�o do cont�gio e, consequentemente, o aumento do n�mero de pacientes graves que ir�o demandar mais leitos. Essa abertura de leitos � limitada. Ela tem muitas restri��es tanto no setor p�blico, quanto no setor privado. Realmente, estamos numa situa��o limite", declarou Cipriano Maia.


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