A empregada dom�stica Mirtes Renata Santana de Souza, m�e de Miguel Ot�vio Santana da Silva, de 5 anos, que morreu na semana passada ao cair do nono andar de um pr�dio do Condom�nio do Edif�cio Pier Maur�cio de Nassau, no centro do Recife, escreveu uma carta para a ent�o patroa, Sar� Corte Real, indiciada na morte do menino por homic�dio culposo. A carta, que tamb�m foi enviada � imprensa na manh� desta quarta-feira, 10, � uma resposta a um pedido de desculpas feito por Sar� anteriormente e enviado � imprensa na �ltima sexta-feira, 5.
"Eu n�o recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perd�o foi dirigida � imprensa, o que me faz pensar que eu n�o era destinat�ria, mas sim a opini�o p�blica com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de elei��o", afirmou Mirtes Renata no in�cio do texto, fazendo refer�ncia � prefeitura de Tamandar�, munic�pio do litoral sul pernambucano cujo prefeito � o marido de Sar� Corte Real, S�rgio Hacker (PSB).
O texto, que foi escrito com ajuda do advogado Rodrigo Almendra, afirma ainda considerar desumano o pedido de desculpas feito por Sar�: "sabemos que ela n�o trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de viol�ncia por ser filho da empregada".
De acordo com o advogado Rodrigo Almendra, a carta foi entregue na manh� desta quarta-feira aos advogados de Sar� Corte Real e, em seguida, enviada � imprensa para informar o posicionamento de Mirtes Renata.
Ainda nesta quarta-feira, 10, o zelador do condom�nio do Edif�cio Pier Maur�cio de Nassau, conhecido como Torres G�meas, que teria informado � empregada dom�stica que algu�m havia ca�do do nono andar, prestou depoimento ao delegado respons�vel pelo caso, Ramon Teixeira. Nenhum dos dois falou com a imprensa. Segundo a assessoria de comunica��o da Pol�cia Civil de Pernambuco, a institui��o s� vai se pronunciar ao fim do inqu�rito policial.
Pedido de desculpas
Na �ltima sexta-feira, 5, a primeira-dama de Tamandar� e ex-patroa de Mirtes Renata, Sar� Corte Real, escreveu uma carta na qual pedia perd�o � Mirtes pela morte do seu filho, Miguel Santana, de apenas 5 anos. A carta foi divulgada pelo advogado de Sar� e enviada � imprensa pela assessoria de comunica��o de Tamandar�, que fica a cerca de 109 km do Recife. "Sou absolutamente solid�ria ao seu sofrimento. (...) Te pe�o perd�o".
Na ter�a-feira, 2, Miguel Santana ficou sob os cuidados de Sar� Corte Real enquanto sua m�e, Mirtes Renata, passeava com a cadela da patroa. O menino, por�m, pegou o elevador sozinho e caiu do nono andar do edif�cio. Imagens mostram que Sar� deixou o garoto no equipamento e apertou o bot�o de um andar superior. A Pol�cia Civil investiga a primeira-dama por homic�dio culposo.
Leia a carta de Mirtes Renata na �ntegra:
SOBRE O PERD�O PEDIDO POR SARI
Eu n�o recebi qualquer pedido de desculpas. A carta de perd�o foi dirigida � imprensa, o que me faz pensar que eu n�o era destinat�ria, mas sim a opini�o p�blica com a qual ela se preocupa por mera vaidade e por ser esse um ano de elei��o.
Eu n�o tenho rancor. Tenho saudade do meu filho. O sentido da vida de quem e� m�e passa pelo cheiro do cabelo do filho ao acordar, pelo sorriso nas suas brincadeiras, pelo "mam�e" quando precisa do colo e do abrigo de quem o trouxe ao mundo. Uma m�e, sem seu filho, sofre uma crise, n�o apenas de identidade, como tamb�m de exist�ncia. Quem sou eu sem Miguel? Ela tirou de mim o meu neguinho, minha vida, por quem eu trabalhava e acordava todos os dias.
Quando eu grito que quero justi�a, isso significa que eu preciso que algu�m assuma a minha dor, lute minha luta, seja o destilado da c�lera que eu n�o quero e nem posso ser. Eu n�o tenho for�as neste momento, n�o tenho ch�o. N�o tenho vida!
Ap�s poucos dias � desumano cobrar perd�o de uma m�e que perdeu o filho dessa forma t�o desprez�vel. Afinal, sabemos que ela n�o trataria assim o filho de uma amiga. Ela agiu assim com o meu filho, como se ele tivesse menos valor, como se ele pudesse sofrer qualquer tipo de viol�ncia por ser "filho da empregada".
Perdoar pressup�e puni��o; do contr�rio, n�o h� perd�o, sen�o condescend�ncia. A aplica��o de uma pena ser� libertadora, abrandar� o meu sofrimento, permitir� o meu recome�o e abrir� espa�o para o que foi pedido: perd�o. Antes disso, perdoar seria matar o Miguel novamente.
Mirtes, m�e de Miguel
(carta escrita com aux�lio do advogado constitu�do)
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