
No Par�, 65% dos casos de COVID-19 est�o no interior do Estado, de acordo com os dados da Secretaria de Sa�de P�blica (Sespa). Segundo o Distrito Sanit�rio Especial de Sa�de Ind�gena (Dsei), as aldeias do Xingu continuam cumprindo quarentena para evitar a dissemina��o da COVID-19 nas comunidades. Na regi�o, h� mais de 80 aldeias ind�genas.
Cacique da aldeia Guari-Duam, Jos� Carlos Arara percebeu os primeiros sintomas da doen�a ainda na aldeia, mas logo foi levado ao Hospital Geral de Altamira S�o Rafael, onde morreu ap�s uma parada card�aca, na segunda-feira, 8. No fim do dia, o corpo do cacique embarcou do munic�pio em uma embarca��o tipo voadeira no porto da cidade, onde foi recebido por familiares e amigos na sua comunidade.
O �bito foi confirmado pelo Conselho Distrital de Sa�de Ind�gena, que, por nota de pesar, lamentou a morte do cacique. O texto diz que "Z� Carlos", como era conhecido, foi um grande lutador das causas ind�genas da regi�o e um conselheiro distrital de sa�de que buscava melhorias para o povo ind�gena.
O cacique foi uma das lideran�as que esteve com Arnold Schwarzenegger quando o ator visitou, em 2011, a regi�o de Altamira para conversar com a comunidade local sobre a constru��o da usina hidrel�trica de Belo Monte.
Presidente do Conselho Municipal de Sa�de de Altamira, Silvano Fortunato da Silva, afirmou que, devido � dificuldade do acesso �s tribos da regi�o, muitos ind�genas acabam falecendo por n�o terem um pronto atendimento. "Arara foi enterrado ontem (ter�a-feira, 9), com um ritual bem r�pido. As lideran�as ind�genas est�o reclamando bastante da falta de apoio do Minist�rio da Sa�de, atrav�s da Sesai. Al�m da falta de aten��o, eles precisam tamb�m de comunica��o, um di�logo. Sobre o coronav�rus nas aldeias, os protocolos de higiene e distanciamento pouco s�o cumpridos para o velho Xingu", explicou.
A Secretaria Especial de Sa�de Ind�gena (Sesai) � respons�vel por coordenar e executar a Pol�tica Nacional de Aten��o � Sa�de dos Povos Ind�genas e todo o processo de gest�o do Subsistema de Aten��o � Sa�de Ind�gena (SasiSUS) no Sistema �nico de Sa�de (SUS).
Conforme o relat�rio de monitoramento dos casos de COVID-19 de Altamira, dividido por aldeia, terra ind�gena e munic�pios, at� as 15h desta quarta-feira, 10, cerca de 80 pessoas foram positivados com a doen�a na regi�o do Xingu, sendo 65 em Altamira, tr�s em Anapu e 11 em Vit�ria do Xingu.
Primeira morte de ind�gena
A primeira morte de ind�gena da regi�o foi registrada no �ltimo dia 4 de maio. Uma mulher ind�gena, de 40 anos, da etnia Munduruku, veio a �bito no Hospital Regional de Altamira e foi enterrada no cemit�rio do munic�pio, o S�o Sebasti�o.
A ind�gena tinha problemas card�acos e respirat�rios. Ela lutou contra a doen�a por uma semana e chegou a ficar internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com grave comprometimento dos pulm�es.
Equipes do Distrito Sanit�rio de Sa�de Ind�gena (Dsei) realizam testes r�pidos nos ind�genas com sintomas de S�ndrome Respirat�ria Aguda em Cachoeira Seca e Alto Rio Curu� para tentar identificar se h� outros casos de covid-19.
Recomenda��o
No dia 25 de maio, o Minist�rio P�blico Federal (MPF) enviou recomenda��o ao Distrito Sanit�rio Especial Ind�gena (Dsei) Guam�-Tocantins para que dois ind�genas moradores da terra Xikrin do Catet�, mortos por complica��es da covid-19 em Marab�, pudessem ser enterrados dentro do territ�rio, atendendo ao apelo de parentes. O protocolo deve ser adotado por todas as aldeias, independentemente de regi�o.
O protocolo do Minist�rio da Sa�de para funerais de v�timas do novo coronav�rus prev� uma s�rie de cuidados para evitar contamina��o, mas n�o tratou das particularidades dos povos tradicionais e deixou de garantir o enterro de seus membros com base nos costumes e tradi��es pr�prios. Para o MPF, por meio do di�logo intercultural, � poss�vel assegurar os funerais dentro das terras ind�genas, respeitando os cuidados necess�rios para o manejo de corpos contaminados pelo novo coronav�rus, o que ocorreu no caso dos Xikrin do Catet�.
A recomenda��o do MPF garantiu di�logo entre o Dsei e a comunidade que permitiu tanto os cuidados sanit�rios quanto o respeito �s tradi��es do povo Xikrin. O MPF explica, na recomenda��o, que "qualquer atitude estatal permeada por perspectivas homogeneizantes e pela ideia de assimila��o" viola a pluralidade cultural e �tnica que � protegida pela Constitui��o brasileira porque "colore, enriquece e engrandece a democracia inclusiva das sociedades modernas". Dessa forma, "toda pol�tica p�blica e todos os atos estatais devem levar em considera��o as tradi��es de tais povos, de maneira a salvaguardar seus costumes".
As cerim�nias devem evitar as aglomera��es, manter as urnas funer�rias fechadas, disponibilizar m�scaras, �gua, sab�o, papel toalha e �lcool em gel 70% para higieniza��o das m�os durante todo os rituais funer�rios e evitar, especialmente, a presen�a de pessoas que perten�am a grupo de risco. A recomenda��o diz que todas as medidas devem ser dialogadas com as fam�lias e com as lideran�as das comunidades ind�genas.