Faltando pouco menos de um m�s para o anivers�rio de 81 anos, o aposentado Jo�o Alves de Souza perdeu a guerra pela vida para a covid-19. Ap�s 11 dias internado no Hospital Maternidade Belarmina Monte, em S�o Gon�alo do Amarante, na Grande Natal, o idoso que apresentava comorbidades como diabetes e hipertens�o morreu no fim da tarde desta segunda-feira, 15, � espera de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
"Meu pai apresentou um quadro de diarreia, febre e dor no corpo. Levamos ao hospital e deu uma altera��o no exame de sangue. O m�dico pediu o teste r�pido para covid-19, que deu negativo. Voltamos para casa e ele come�ou a piorar e pediu para voltar para o hospital", contou a filha Jana�na Fideles. "No dia 4 de junho, ele deu entrada na unidade com prescri��o para UTI. No nono dia, foi intubado. Depois de tr�s dias, n�o resistiu. Eu perdi meu pai na segunda-feira, por volta das 16h30", relembrou, emocionada.
Jo�o Alves de Souza, cuja fam�lia tem ra�zes na Para�ba, foi enterrado �s pressas nesta ter�a-feira, 16, no Cemit�rio do Distrito de Olho D'�gua do Chap�u, distrito de S�o Gon�alo do Amarante, num jazigo emprestado.
O idoso era mais um entre os 132 pacientes que aguardavam, at� esta ter�a-feira, um leito de interna��o na rede p�blica de sa�de do Rio Grande do Norte para tratar a covid-19, conforme plataforma da Central de Regula��o da Secretaria de Estado da Sa�de P�blica (Sesap/RN). Destes, sete estavam listado na Prioridade 1, que s�o os casos graves que necessitam de leito de UTI para tratamento; e outros 53 aguardam vagas em leitos com respiradores mec�nicos. N�o h�, por�m, nenhuma vaga nos hospitais referenciados pela Sesap/RN para a covid-19 na Grande Natal e na regi�o oeste do Estado, consideradas os epicentros da pandemia localmente. At� mesmo os hospitais privados instalados em Natal est�o fechando, de maneira tempor�ria, os prontos-socorros por falta de leitos.
"Eu corri para tentar salvar meu pai. Tinha laudos que mostravam que os �rg�os dele estavam parando. Ele era um paciente de extrema gravidade. Em S�o Gon�alo do Amarante n�o tem hospital de refer�ncia para a covid-19. Muita gente est� morrendo nesse hospital. Daria tempo ter salvado o meu pai, mas o leito de UTI n�o chegou. Onde est� o Hospital de Campanha?", questionou Jana�na Fideles.
O Hospital Maternidade Belarmina Monte � o mesmo que, dias atr�s, uma m�dica plantonista se negou a atender uma idosa alegando falta de leitos e informando � fam�lia que a idosa "entraria ali para morrer."
No caso do aposentado Jo�o Alves de Souza, nem mesmo uma determina��o judicial foi capaz de garantir a transfer�ncia do idoso para um leito cr�tico para o tratamento da infec��o causada pelo novo coronav�rus. No dia 12 de junho, dois dias antes do �bito, o juiz plantonista Luis Felipe L�ck Marroquim, do Tribunal de Justi�a do Rio Grande do Norte, deferiu o pedido de tutela de urg�ncia impetrado pela fam�lia de Jo�o Alves de Souza e determinou ao Estado do Rio Grande do Norte a "interna��o na rede hospitalar p�blica ou privada regulada" do idoso "para uma Unidade de Terapia Intensiva - UTI pelo tempo necess�rio ao restabelecimento efetivo de sua sa�de".
A medida, por�m, n�o foi cumprida pela Secretaria de Estado da Sa�de P�blica. Conforme exposto pela Central de Regula��o da pasta, em nota, "como os hospitais da rede p�blica de sa�de est�o com as UTIs Covid colapsadas, a Regula��o tentou um leito de UTI na rede privada pactuada com o SUS, que tamb�m n�o tinha leito dispon�vel".
A expectativa da Sesap/RN � de abrir aproximadamente 50 novos leitos de UTI nos pr�ximos 15 dias em hospitais p�blicos de Natal e da Regi�o Metropolitana.
Decreto renovado
A expectativa de reabertura das atividades comerciais no Rio Grande do Norte para esta quarta-feira, 17, ser� frustrada. O governo estadual ir� editar um novo decreto ampliando a quarentena para o dia 24 de junho, em raz�o do elevado n�mero de pacientes � espera de leitos de cl�nica m�dica e de Unidade de Terapia Intensiva para o tratamento da covid-19. A posterga��o foi criticada por entidades ligadas aos setores de Com�rcio e Servi�os no Estado, que apontam preju�zos superiores a R$ 190 milh�es por causa do fechamento dos empreendimentos comerciais.
"As medidas de intensifica��o do isolamento social do �ltimo decreto, a antecipa��o dos feriados, pelo Estado e por alguns munic�pios, e o Pacto pela Vida que contou com a ades�o da maioria dos munic�pios potiguares, certamente t�m nos revelado bons resultados que poder�o ser observados nos pr�ximos dias. Mas, infelizmente, n�o s�o suficientes para nos dar seguran�a para a reabertura do com�rcio", disse a governadora F�tima Bezerra (PT).
O presidente da Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (Fecom�rcio RN), Marcelo Queiroz, criticou o adiamento. "A economia est� al�m do limite que pode suportar. O com�rcio j� demitiu cerca de dez mil pessoas, o setor deixou de faturar, at� o fim de maio, R$ 192 milh�es. Al�m disso, os n�meros que temos hoje no Estado, relativos ao avan�o da doen�a, permitem que o protocolo de retomada seja implantado, j� que ele � extremamente rigoroso e prev� passos firmes e graduais com responsabilidade e toda a seguran�a poss�vel para empreendedores, colaboradores e clientes", declarou Queiroz.
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