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Estado de Minas EDUCA��O

Pesquisa aponta que 28% dos jovens pensam em parar de estudar ap�s pandemia

O levantamento ''Juventudes e a Pandemia do Coronav�rus'' entrevistou jovens de todo o pa�s entre 15 e 31 de maio, por question�rio online


postado em 23/06/2020 22:32 / atualizado em 23/06/2020 23:28

Juventude pode ser prejudicada nos estudos por causa da pandemia(foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Juventude pode ser prejudicada nos estudos por causa da pandemia (foto: Valter Campanato/Ag�ncia Brasil)

 
Pesquisa divulgada nesta ter�a-feira (23) aponta que 28% dos jovens de 15 a 29 anos pensam em deixar os estudos quando as escolas e universidades reabrirem, ap�s suspens�o das aulas devido � pandemia do novo coronav�rus.

O vice-presidente do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) e coordenador da pesquisa "Juventudes e a pandemia do Coronav�rus", Marcus Bar�o, disse � Ag�ncia Brasil que o processo visa construir uma base s�lida de evid�ncias, de dados, que sejam capazes de apoiar tomadores de decis�o das esferas p�blica e privada na formula��o de pol�ticas p�blicas e projetos “para e com a juventude no per�odo de pandemia, tanto para o enfrentamento dos desafios de agora, como para a constru��o de perspectivas para o futuro”.

Os 33.688 jovens que responderam ao question�rio s�o oriundos de todos os estados da Federa��o e do Distrito Federal.
 
Outro dado da pesquisa aponta que, em rela��o ao Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), quase 50% manifestaram d�vida em fazer as provas. Para os organizadores da pesquisa, isso significa um risco ao processo de pleno desenvolvimento da juventude nessa etapa-chave da vida.

“Isso � cr�tico n�o s� quando a gente olha para o indiv�duo, mas quando a gente olha para a condi��o de pa�s, isso fica muito s�rio porque, basicamente, a gente tem hoje a maior gera��o de jovens da hist�ria do Brasil”.
 
Marcus Bar�o afirmou que esse b�nus demogr�fico apresenta uma possibilidade de conquistar, na segunda metade do s�culo, uma popula��o melhor educada, de bem-estar constitu�do, de redu��o das desigualdades e prosperidade. “Quando a gente faz o investimento certo, na hora certa, nesse b�nus demogr�fico, a gente tem grandes saltos”.

Desafios pr�-pandemia

Bar�o lembrou, por�m, que antes da pandemia, a juventude j� enfrentava grandes desafios. A taxa m�dia de desemprego entre a popula��o de 18 a 24 anos de idade, por exemplo, era de 27,1%, o que significa mais que o dobro da taxa m�dia de desemprego da popula��o em geral, de 12,2%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
 
Quando a pandemia vem e interrompe o processo educativo, as alternativas apresentadas de educa��o remota e � dist�ncia elevam as desigualdades de acesso � internet, com bandas limitadas e infraestruturas deficit�rias. Os pr�prios sistemas educacionais n�o estavam preparados para uma situa��o desse n�vel, o que interrompe e atrapalha o processo educacional, observou.

Na perspectiva econ�mica, o que se v� � perda de renda das fam�lias com a pandemia, o que cria um contexto que afeta educacional e economicamente os indiv�duos e p�e em risco o futuro dessa gera��o, analisou o coordenador da pesquisa. “Isso � muito preocupante porque s�o justamente os pilares fundamentais para que a juventude consiga avan�ar”. Sete em cada dez jovens relataram que seu estado emocional piorou por causa da pandemia.

Promovida pelo Conjuve, em parceria com a Organiza��o em Movimento, Funda��o Roberto Marinho, Mapa Educa��o, Porvir, Rede Conhecimento Social, Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco) e Vis�o Mundial, o levantamento “Juventudes e a Pandemia do Coronav�rus" entrevistou jovens de todo o pa�s entre os dias 15 e 31 de maio, por question�rio online. A elabora��o desse question�rio contou com a mobiliza��o de 18 jovens de diferentes realidades e origens, indicados pelas entidades parceiras e de cujos projetos j� haviam participado. Todas as fases da pesquisa tiveram os jovens como protagonistas, destacou Marcus Bar�o.

Engajamento

Do universo de respondentes, 66% eram do sexo feminino e 33% do sexo masculino. Segundo os organizadores, isso revela maior engajamento, disponibilidade e interesse das jovens para dialogar com esse question�rio e expressar suas opini�es. Bar�o apontou que isso refor�a a import�ncia da constru��o desse papel de pensar a sociedade das mulheres no Brasil.

As mudan�as que est�o sendo observadas no mercado de trabalho tamb�m afetam muito os jovens brasileiros. A popula��o jovem est� no in�cio de sua jornada no mundo do trabalho e acaba sendo uma parcela vulner�vel nesse processo, levando � precariza��o, ao subemprego, � informalidade e outras vulnerabilidades que n�o ajudam a juventude. O pr�prio acesso ao cr�dito � muito dif�cil nessa crise da covid-19. Marcus Bar�o defendeu a necessidade de se pensar em pol�ticas que apoiem os jovens. Citou o caso dos jovens aprendizes para afirmar que o jovem que tem prote��o de alguma pol�tica p�blica acaba tendo uma rea��o mais saud�vel em per�odos como esse da pandemia.

Bar�o referiu-se a estudo do Banco Mundial que aponta que o risco do engajamento juvenil, olhando para a rela��o trabalho e produtividade, � de 50%. “Isso significa que a gente pode perder 25 milh�es de jovens que poderiam produzir para a economia, v�o deixar de entregar aquilo que poderiam entregar para o pa�s e v�o deixar de receber o que teriam direito. Esse risco � muito s�rio”.

Bar�o afirmou que o jovem brasileiro, comparado a outros jovens do mundo, � muito otimista. “Mas � claro que est� todo mundo mais pessimista agora com esse momento”. A pesquisa mostra que a juventude brasileira est� pessimista para umas coisas, mas otimista para outras. “A preocupa��o � o quanto a gente vai ter capacidade de sobreviver, de realizar os sonhos, de n�o ficar doente, de n�o ter ningu�m na fam�lia morrendo. Tudo isso traz uma preocupa��o muito grande”. Com a inova��o que a pandemia vai trazer, Bar�o acredita que escolas v�o ter que se adequar e isso pode criar uma nova perspectiva para a juventude.

Voz dos jovens

Para a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, esse momento da pandemia � favor�vel para se escutar a voz dos jovens. “� extremamente inspirador”. Salientou a necessidade de se aprender a dar educa��o remota � juventude, em um per�odo de isolamento social gerado pela pandemia do novo coronavirus, com banda larga adequada � internet e equipamentos tamb�m adequados. Marlova reconheceu que, ainda assim, o ensino remoto e � dist�ncia segue trazendo desafios para os jovens. Informou que, hoje, com a pandemia, 258 milh�es de crian�as, adolescentes e jovens em todo o mundo est�o exclu�dos dos sistemas educacionais.

A Unesco est� procurando apoiar comunidades mais vulner�veis, tentando influenciar na formula��o de pol�ticas educacionais, para que a educa��o global seja de fato uma realidade, em um processo de inclus�o na educa��o em que todos possam caber, sem distin��o de ra�a, g�nero, etnia, defici�ncias, com acolhimento � popula��o LGBT, para que todos possam entrar no sistema educacional, na economia, no mercado de trabalho.

O secret�rio geral da Funda��o Roberto Marinho, Wilson Risolia, avaliou que embora o Brasil tenha um Terceiro Setor forte, o Estado � vazio de pol�ticas p�blicas para os jovens. Essa falta de apoio leva o pa�s a perder muitos jovens para o crime. “Isso gera um vazio social para o pa�s imensamente grande. E � a gente que paga essa conta”. Com a pandemia, tudo que j� n�o era bom fica pior, indicou. Risolia defendeu que o Congresso pode ser um bom caminho para levantar pautas estrat�gicas em prol da juventude. Acentuou que o Brasil est� envelhecendo rapidamente e “� preciso sermos r�pidos na formula��o de pol�ticas para os jovens, enquanto ainda temos jovens”.

Wilson Risolia deixou claro que o jovem n�o pode chamar de sonho aquilo que � seu direito de ter boa escola, vida digna, trabalho. “Se � sonho � porque tem alguma coisa errada”. Essa agenda tem que fazer parte do Legislativo, apontou.

Dados

Do total de respondentes, 40% est�o na Regi�o Sudeste, 28% no Nordeste, 14% no Sul, 10% no Norte do pa�s e 8% no Centro-Oeste. A maior parte se encontra na faixa et�ria de 18 a 24 anos (47%), 52% s�o negros, incluindo pardos e pretos, e 46% s�o brancos. Do total de consultados, 32% trabalham e estudam, 40% estudam e n�o trabalham, 18% trabalham e n�o estudam e 10% n�o estudam nem trabalham. Desse percentual, 8% disseram estar em busca de trabalho. Trinta e sete por cento moram na capital e 40% no interior. Sessenta e nove por cento participam de algum grupo religioso ou organiza��o social.

A pesquisa mostra que o acesso � internet em computador durante o isolamento � menor entre os jovens negros (54%), do que entre os brancos (78%). Os mais jovens dependem financeiramente da fam�lia: s�o 72% na faixa dos 15 aos 17 anos de idade, enquanto os mais velhos s�o mais independentes financeiramente: 34% entre 18 e 24 anos de idade e 27% entre 25 e 29 anos. Cinquenta por cento trabalhavam antes da pandemia, sendo 40% com trabalho remunerado e carteira assinada. A renda pessoal diminuiu com a pandemia para 33% dos jovens e a renda familiar caiu para 49%.

A pesquisa revela tamb�m que devido aos efeitos da pandemia sobre a carga de trabalho e a renda, tr�s a cada dez jovens disseram ter buscado complementa��o para sua renda enquanto seis a cada dez contaram que eles, ou algu�m de suas fam�lias, est�o cadastrados para receber a o aux�lio emergencial. De forma geral, o sentimento � ruim ou muito ruim em termos de ansiedade, t�dio, impaci�ncia. Apesar da predomin�ncia dos sentimentos negativos durante o distanciamento social, os jovens se dividem entre otimistas ou pessimistas em rela��o ao futuro ap�s a pandemia: 27% est�o otimistas, contra 34% pessimistas. A maior parte dos jovens que responderam ao question�rio est� no ensino m�dio ou na faculdade.

Para lidar com as dificuldades em termos emocionais, os jovens pedem apoio das escolas e faculdades: seis em cada dez jovens consideram que as institui��es de ensino devem priorizar atividades para lidar com as emo��es; e cinco em cada dez desejam aprender estrat�gias para gest�o de tempo e organiza��o. Para 49%, o fator emocional tem atrapalhado seus estudos.

A principal preocupa��o durante a pandemia � perder algu�m da fam�lia (75%), ser infectado pela covid-19 (48%) ou infectar outras pessoas (45%). Trinta por cento dos entrevistados j� foram infectados pela doen�a ou t�m algu�m pr�ximo que teve covid-19.

Perspectivas

As redes sociais e aplicativos de mensagens de WhatsApp e Telegram s�o os meios em que os jovens menos confiam (67%). J� os sites e aplicativos de �rg�os oficiais t�m confian�a de 65% dos respondentes. Setenta e nove por cento concordam que as medidas de distanciamento social s�o corretas para evitar a dissemina��o da covid-19, 65% acham que o com�rcio e outras atividades n�o deveriam reabrir sem que o coronav�rus esteja controlado e 55% disseram ter medo de sair de casa, mesmo que o com�rcio e os servi�os reabram.

Apesar de 72% dos jovens acharem que a pandemia vai piorar a economia do Brasil, 36% acreditam que a organiza��o da sociedade vai melhorar p�s-crise, da mesma forma que esperam que o sistema p�blico de sa�de do pa�s vai melhorar (40%). Tamb�m o modo como trabalhamos vai melhorar um pouco ou muito (49%), com novas oportunidades de trabalho para quem mora afastado dos grandes centros urbanos, por conta do aumento do trabalho remoto. Quarenta e oito por cento tamb�m creem que surgir�o novas formas de estudar mais din�micas e acess�veis que as atualmente em vigor.

Os participantes da pesquisa valorizam as a��es em rela��o � ci�ncia e sa�de: 96% confiam na descoberta da vacina contra o coronav�rus como uma a��o importante para a retomada depois da pandemia; 44% dos jovens ainda acham que a sociedade vai reconhecer mais os educadores; e 46% preveem que a ci�ncia e a pesquisa ter�o mais prest�gio e receber�o mais investimentos. Al�m disso, 48% acreditam que as rela��es humanas e a solidariedade ter�o mais aten��o p�s-pandemia.


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