
O novo ministro da Educa��o, Carlos Alberto Decotelli, significa a derrota da ala olavista e uma vit�ria do grupo moderado militar. O economista especializado em gest�o foi anunciado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro como substituto de Abraham Weintraub, demitido na semana passada. Decotelli, ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o (FNDE), � visto como um profissional pragm�tico e distante do pensamento ideol�gico que dominou o MEC desde o in�cio do governo.
Ele � o primeiro ministro negro do governo Bolsonaro e foi tirado do MEC justamente por Weintraub. Mas tamb�m havia travado embates com os integrantes ligados a Olavo de Carvalho durante a curta e conturbada gest�o de Ricardo V�lez. O primeiro ministro da Educa��o de Bolsonaro saiu do cargo depois de um conflito entre olavistas, militares e t�cnicos dentro do �rg�o.
A indica��o do ministro foi adiantada pelo Estad�o. "Eu respeito a opini�o de todos, mas eu tenho uma urg�ncia t�o grande de resolver quest�es que a covid desorganizou e precisamos resolver isso. Mas a ideia, claro, � fazer uma gest�o que seja compat�vel com a realidade de cada um poder opinar", afirmou Decotelli.
Ex-professor da Funda��o Get�lio Vargas e da Funda��o Dom Cabral, o oficial da reserva da Marinha participou do grupo de militares que discutiu a transi��o para o governo Bolsonaro. Entre eles est�o o general Villas B�as e o vice-presidente Hamilton Mour�o. Foi assim que ganhou o cargo no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa��o (FNDE) no come�o de 2019.
Decotelli, de 67 anos, ficou nove meses no �rg�o que cuida do dinheiro do MEC. Weintraub o tirou do cargo para acomodar um indicado do DEM, Rodrigo S�rgio Dias. Ele foi exonerado pouco tempo depois, sem nem ser avisado, para que o ent�o ministro colocasse no cargo Karine Silva dos Santos, concursada do pr�prio fundo. Em junho de 2020, mais uma mudan�a, entra Marcelo Lopes, indicado pelo Centr�o.
Conservador e de bom trato, especialistas em educa��o acreditam que ele pode retomar a interlocu��o com Estados e munic�pios, perdida desde o in�cio do governo Jair Bolsonaro. Seu curr�culo informa que ele � bacharel em Ci�ncias Econ�micas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mestre em Administra��o pela FGV e doutor em Administra��o Financeira pela Universidade de Ros�rio (Argentina) e p�s-doutor pela Universidade de Wuppertal (Alemanha).
Enquanto esteve no FNDE, tentou modernizar o �rg�o em processos de presta��o de contas e trabalhou muito com as prefeituras. Sua vis�o de educa��o, segundo quem j� trabalhou com ele, � a de que falta boa gest�o para que os sistemas funcionem de maneira adequada. A ideia � compartilhada por alguns economistas, mas n�o � consenso entre educadores, que acreditam que � preciso focar na aprendizagem.
Ideologia
No entanto, vai embora definitivamente do cargo mais alto do MEC a ideia da educa��o que precisa combater comunistas. A preocupa��o de especialistas � como devem se comportar os integrantes da �rea ideol�gica que continuam por l�, como Carlos Nadalim, secret�rio de Alfabetiza��o e ligado a Olavo de Carvalho.
A disputa pelo comando do MEC mobilizou as alas ideol�gica, militar e civil do Planalto. Decotelli acabou sendo o escolhido como uma alternativa apaziguadora e t�cnica para a fun��o. O objetivo � reparar o desgaste da imagem do minist�rio que foi comandado at� a semana passada por Weintraub.
Nos bastidores do Pal�cio do Planalto, a informa��o � de que pesou a favor de Decotelli o apoio do secret�rio especial de Assuntos Estrat�gicos, almirante Fl�vio Rocha, hoje um dos auxiliares mais pr�ximos de Bolsonaro. Ele tamb�m teve o apoio do ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Jorge Oliveira, que trabalhou pela demiss�o de Weintraub.
"� um claro sinal de espa�o limitado do presidente, que j� est� reciclando autoridades que ele mesmo demitiu porque n�o tem capacidade de atrair quadros para o seu governo", diz o Diretor de Estrat�gia Pol�tica do Todos pela Educa��o, Jo�o Marcelo Borges. "O mais importante nesse momento � pacificar o di�logo, estabilizar a crise em torno de MEC e construir conjuntamente as solu��es."
A primeira op��o para o cargo, do secret�rio de Educa��o do Paran�, Renato Feder, n�o vingou. Depois de conversar pessoalmente com ele, Bolsonaro desistiu de nome�-lo.
O Conselho Nacional de Secret�rios da Educa��o (Consed) divulgou nota, informando que enquanto Decotelli esteve no FNDE manteve "um bom canal de di�logo" e acredita na possibilidade de "cont�nua intera��o com o Minist�rio da Educa��o para que pol�ticas educacionais possam avan�ar com celeridade e qualidade".
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.