
Carlos Machado, pesquisador do Observat�rio COVID-19 da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), afirma que a falta de testes e de diagn�sticos acarreta dois problemas centrais para a condu��o do combate ao novo coronav�rus no pa�s: o n�o isolamento de poss�veis transmissores e o tratamento tardio de pacientes. “Se eu identifico pessoas que est�o infectadas pelo v�rus, consigo detectar rapidamente as pessoas que foram expostas, n�o s� para fazer o isolamento necess�rio, mas, tamb�m, para realizar o tratamento o quanto antes”, indica.
Para remediar a falta de testes desde o in�cio da pandemia, o Minist�rio da Sa�de possibilitou, na �ltima quarta-feira, que os casos de COVID-19 sejam confirmados, tamb�m, por meio de outras metodologias. Por meio do crit�rio cl�nico-imagem, o m�dico poder� diagnosticar casos de pacientes com s�ndrome gripal (SG) ou s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) que n�o foram confirmados ou descartados por testes, mas apresentaram altera��es tomogr�ficas. Os profissionais de sa�de tamb�m poder�o assegurar um diagn�stico por crit�rio cl�nico, que confirma casos de pessoas com SG e SRAG associados com a perda do olfato ou perda gustativa.
Anteriormente, os casos s� podiam ser confirmados pelo crit�rio laboratorial e pelos testes de biologia molecular (RT-PCR) ou imunol�gico (teste r�pido), al�m do crit�rio cl�nico epidemiol�gico, quando pacientes com s�ndrome gripal (SG) ou s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) tivessem hist�rico de contato pr�ximo ou domiciliar, nos sete dias anteriores ao aparecimento dos sintomas, com caso confirmado laboratorialmente. Na nova orienta��o, esse tempo de contato com infectados antes do surgimento de sintomas foi ampliado para 14 dias.
Machado acredita que a amplia��o do diagn�stico � positiva. “As amplia��es dos crit�rios e das testagens s�o muito importantes, porque permitem oferecer um panorama mais pr�ximo da realidade e do que est� ocorrendo”, avalia. Apesar disso, o especialista na �rea de sa�de coletiva ressalta que a testagem em massa n�o significa testar todo mundo de forma indiscriminada. “� imposs�vel e nenhum pa�s fez isso, mas tenho de ter alguma forma para confirmar o diagn�stico de pessoas que est�o apresentando sintomas”, avaliou.
Al�m de disponibilizar outros crit�rios para diagnosticar a doen�a, o Minist�rio da Sa�de tem como objetivo da nova etapa testar 22% da popula��o — 46,5 milh�es de pessoas —, sendo 12% com aplica��o do RT-PCR, o teste conhecido como padr�o ouro por detectar a presen�a do v�rus em um momento inicial da doen�a e com maior precis�o. O intuito � fazer a checagem em munic�pios menores, contabilizando 24,5 milh�es de amostras.
“A estrat�gia desse programa se baseia no comportamento epidemiol�gico que vemos no Brasil. Temos um quantitativo enorme de munic�pios do nosso pa�s onde a incid�ncia da doen�a, o n�mero de casos, ainda se mostra pequena. Portanto, abre-se uma grande janela de oportunidade para fazermos a testagem da popula��o brasileira que mora nos munic�pios do interior”, explicou o secret�rio de Vigil�ncia em Sa�de, Arnaldo Correia.
Insumos
A amplia��o necess�ria sofreu dificuldades ao longo do per�odo de enfrentamento da pandemia. Entre os principais fatores est� a falta de insumos para os testes, al�m da incapacidade tecnol�gica dos laborat�rios em fazer a testagem molecular.
“A demanda cresceu de forma extremamente grande, acima da capacidade de oferta dos fornecedores, ao mesmo tempo em todo o mundo”, explica Gustavo Campana, diretor m�dico da Dasa, empresa de medicina diagn�stica. Ele lidera o projeto que desenvolveu uma das plataformas centrais de diagn�stico do Brasil, que funcionar� de forma tempor�ria, auxiliando na an�lise de amostras de COVID-19, em parceria com o Minist�rio da Sa�de, para absorver a demanda excedente dos Laborat�rios Centrais (Lacens).