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Estado de Minas GERAL

Xavantes contabilizam 32 mortos e se unem para enfrentar a covid-19


postado em 01/07/2020 11:44

Na noite da quarta-feira da semana passada, dia 24, o estudante de comunica��o Cristian Wariu, de 22 anos, em Bras�lia, reuniu numa "live" os amigos Clar�ncio, Indiana e L�cio, moradores de aldeias xavantes do Norte de Mato Grosso. Era o in�cio da SOS Xavante, uma campanha de arrecada��o de recursos para comunidades ind�genas impactadas pela pandemia da covid-19.

A doen�a tinha atingido a pr�pria fam�lia de Cristian, que, por conta da doen�a, est� afastado desde mar�o dos parentes. Dois dias depois da "live", a av� paterna do estudante, Angela Xavante, entrou na lista dos mortos. O av�, Eduardo Tseremey'w�, um dos respons�veis pelos contatos com n�o-�ndios nos anos 1940, morreu nesta ter�a-feira, 30.

Quem tamb�m contraiu o v�rus foi o pai de Cristian, Crisanto Rudz� Tseremey'w�, presidente da Federa��o dos Povos e Organiza��es Ind�genas de Mato Grosso. Em 15 dias, 32 xavantes morreram, segundo estimativa das lideran�as ind�genas. O Minist�rio da Sa�de contabiliza, at� agora, 16 casos.

Por meio das redes sociais, os xavantes querem obter recursos para compra de equipamentos de sa�de, rem�dios e cestas b�sicas. Os organizadores da campanha pretendem tamb�m reduzir a for�a do preconceito. A doen�a passou das cidades do interior de Mato Grosso �s aldeias, mas os �ndios est�o sendo vistos como propagadores da covid-19, o que � o contr�rio. "H� um descaso dos �rg�os de sa�de ind�gena, que n�o fez as primeiras compras de medicamentos e agora temos de enfrentar ainda o problema do preconceito", afirma Cristian.

H� tempos, a nova gera��o de ativistas do movimento ind�gena desenvolve um trabalho de uso da tecnologia digital em suas a��es. A pandemia foi o batismo de fogo do cap�tulo mais recente da hist�ria da popula��o tradicional. "Hoje, a gente v� a import�ncia do trabalho dos comunicadores ind�genas, de formar uma m�dia �ndia", ressalta Cristian. "Com a pandemia, a internet � onde a gente pode fazer den�ncias e buscar minimizar os efeitos da covid-19."

A "live" de abertura da campanha SOS Xavante come�ou com 54 pessoas assistindo. Terminaria com 72, sem desist�ncias. Em poucos dias, artistas renomados e representantes da cadeia de entidades do setor ambiental aderiram.

Nos primeiros minutos da "live", a conex�o ruim e os chiados impediam entender o que os participantes falavam. Quando o sinal ficou bom, Clar�ncio, presidente do conselho de sa�de das comunidades, dava informa��es duras. "Estamos � merc� da sa�de p�blica. Ontem tivemos dois �bitos. Hoje, tivemos mais um. N�o sabemos quem vai ser o pr�ximo, qual fam�lia ser� atingida nos pr�ximos minutos", disse. "Muitos xavantes n�o acreditaram que esse v�rus chegaria ao nosso povo, mas no Brasil inteiro tem gente que n�o acredita", ponderou.

Com semblante s�rio, Clar�ncio pediu ajuda aos internautas, algo impactante em se tratando de xavante, povo orgulhoso, que combate com bravura suas terras e rios desde o ciclo da minera��o, no s�culo XVII. O pedido veio com uma demonstra��o de respeito aos mais velhos. "A gente n�o quer perder principalmente nossos idosos. Quando a gente perde um deles, a gente perde um mundo. A gente considera eles a vida da gente."

No come�o desta semana, a Associa��o dos Povos Ind�genas do Brasil (APIB) e partidos pol�ticos entraram com a��o no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o governo instale barreiras sanit�rias em 31 reservas onde h� presen�a de �ndios isolados ou de recente contato. Um parecer do Instituto Socioambiental que d� base � a��o mostra que a pandemia trouxe ainda uma tend�ncia de aumento de invas�es de madeireiros, garimpeiros e ca�adores nas reservas. O Conselho Ind�gena Mission�rio j� contabiliza 380 mortes de �ndios no Pa�s.


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