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Estado de Minas FLEXIBILIZA�O

Coronav�rus: o que esperar da reabertura em meio ao aumento de casos?

Mesmo com n�meros altos da doen�a, maioria dos estados brasileiros deve reabrir o com�rcio


postado em 05/07/2020 16:07 / atualizado em 05/07/2020 16:39

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Mesmo com recordes de novos casos de covid-19 no Brasil e alto n�mero de mortos pela doen�a, a press�o de setores econ�micos e de alguns governantes parece ter se sobreposto �s recomenda��es sanit�rias no Pa�s.

Nas �ltimas semanas, a maioria dos estados anunciou planos de reabertura e, por mais que novas quarentenas n�o estejam descartadas, parte da popula��o j� retomou o trabalho presencial e atividades de compras e lazer, chegando a lotar vias de com�rcio popular, como a 25 de Mar�o, em S�o Paulo, e at� bares, como visto na cena que causou pol�mica nesta semana no Leblon, zona sul do Rio.

N�meros da Inloco, empresa de tecnologia que fornece intelig�ncia a partir de dados de localiza��o e vem monitorando o �ndice de isolamento social em todos os Estados brasileiros, mostram que, na maioria das unidades da Federa��o, o porcentual de pessoas que est�o reclusas vem caindo, chegando nos �ltimos dias � casa dos 30%, patamar similar ao registrado no in�cio de mar�o, antes do in�cio das quarentenas. O comportamento contrasta com os n�meros da doen�a.

Na �ltima semana, o Pa�s registrou o segundo maior n�mero de casos em 24 horas (47.984) desde o in�cio da pandemia e teve mais de mil mortos di�rios durante quatro dias consecutivos. At� agora, mais de 1,5 milh�o de brasileiros j� foram contaminados, dos quais quase 64 mil morreram.

Ao contr�rio do que vem demonstrando a parcela menos cautelosa da popula��o, o an�ncio de reabertura n�o significa que se pode retomar a vida como se n�o houvesse coronav�rus.

Para discutir as implica��es das medidas de flexibiliza��o e as medidas que devem ser adotadas pelas autoridades, empresas e cidad�os para minimizar o risco de cont�gio mesmo com menor isolamento, o Estad�o ouviu especialistas das �reas de economia, gest�o e medicina.

Eles foram un�nimes em afirmar que o Brasil n�o se preparou adequadamente para a reabertura, mas ressaltaram que, dado que a medida j� est� em curso na maior parte do Pa�s, � preciso adotar novos h�bitos para diminuir o risco de transmiss�o e evitar que a retomada econ�mica tenha como consequ�ncia uma trag�dia humana.
(foto: Edesio Ferreira/EM/D. A. Press)
(foto: Edesio Ferreira/EM/D. A. Press)

Quanto �s a��es governamentais, dizem os especialistas, � fundamental que finalmente decole um programa mais robusto de testagem e rastreamento de casos suspeitos. Ele seria fundamental para definir quais localidades v�o precisar de novas quarentenas.


1. A flexibiliza��o no Brasil est� sendo feita no momento certo, considerando o ainda alto n�mero de casos e �bitos por COVID-19 no Pa�s?

Beatriz:
Na pesquisa que fizemos na Universidade de Oxford, em parceria com a USP e a FGV, verificamos que as oito capitais brasileiras analisadas n�o cumpriam os crit�rios da Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) para reabrir. Entre esses crit�rios est�o o controle da transmiss�o da doen�a a um n�vel de casos espor�dicos, preven��o de novos surtos, adequa��es no ambiente de trabalho, entre outros. Estamos vendo que o Brasil est� com um n�mero de casos e mortes ainda muito alto e sem uma capacidade de testagem adequada.

Entre a popula��o que a gente entrevistou, s� 13% dos que tiveram sintomas conseguiram fazer o teste e o �nico fator que determinava maior propens�o a fazer o teste dentre as pessoas com sintomas era ter renda maior de dez sal�rios m�nimos. O que a pesquisa revelou � que a quest�o da flexibiliza��o � muito mais complexa do que atender ou n�o os crit�rios da OMS porque os custos de se manter essas medidas de distanciamento s�o muito maiores para os grupos mais vulner�veis da popula��o, como trabalhadores informais e microempreendedores.

Os crit�rios para reabertura n�o s�o desenhados para as vulnerabilidades socioecon�micas espec�ficas de cada cidade e de cada regi�o. Ent�o, por um lado, os crit�rios podem n�o ter sido atendidos, mas essa decis�o de quando reabrir � realmente muito dif�cil, e muitos pa�ses ao redor do mundo flexibilizaram restri��es antes de preencher tais crit�rios.

Raquel: � muito dif�cil falar em termos de Pa�s considerando nosso aspecto continental e o momento da pandemia em cada local. Pode ser que algumas capitais do Sudeste e do Norte que observam um controle ou diminui��o no n�mero de casos j� estejam no momento certo para a flexibiliza��o.

A decis�o de fechar ou abrir � muito regional, mas o que me preocupa s�o metr�poles que j� tiveram um pico de casos e que ficam muito pr�ximas de cidades que est�o vendo a curva subir s� agora. Se voc� fecha uma e abre outra, isso pode levar a um descontrole nos n�meros. Independentemente da flexibiliza��o, devemos continuar tomando os cuidados para bloquear o v�rus. Isso � responsabilidade de cada cidad�o.

Angelo: Temos um processo de reabertura em meio � ascens�o de casos. A diferen�a que vejo agora em compara��o com meses atr�s � que as condi��es de sustenta��o hospitalar est�o melhor equacionadas. Acho que depois de todo o desarranjo pol�tico que vivemos, esse processo de reabertura n�o tem volta. N�o teremos um lockdown geral. O que acredito que v� existir � o fechamento seletivo de algumas regi�es e a suspens�o de algumas opera��es dependendo da evolu��o da pandemia. O que n�o pode � essa reabertura comunicar a ideia de que os problemas j� passaram.

2. O Pa�s se preparou para reabrir com seguran�a? Quais adapta��es devem ser feitas?

Angelo:
N�o nos preparamos de forma adequada, mas isso teve a ver mais com quest�es pol�ticas do que propriamente com quest�es sanit�rias. Quando a pandemia nos atingiu, j� sab�amos da doen�a, n�o foi uma surpresa, mas demoramos muito a ter uma a��o razoavelmente concentrada. � como se estiv�ssemos em uma guerra em que os principais generais n�o achassem um denominador comum. Quanto �s empresas, costumo dizer que nada ensina mais do que o bolso. A ang�stia com esses preju�zos econ�micos � muito grande, ent�o a maioria dos com�rcios est� tentando se ajustar �s medidas de seguran�a para que possa atrair novamente clientes de forma segura.

Beatriz: Quanto aos locais de trabalho, analisamos na pesquisa qu�o preparados eles estavam para essa reabertura, ou seja, se eles tinham implementado medidas espec�ficas, como mudar a posi��o de mesas e cadeiras para permitir distanciamento. Em uma grande parte isso n�o aconteceu.

Raquel: Do ponto de vista dos locais de trabalho, precisamos melhorar as medidas que permitam o distanciamento social, ter ambiente ventilado, o que vai ser um desafio porque as estruturas modernas foram constru�das mais fechadas, por causa do ar-condicionado. Precisaremos ter maior planejamento do espa�o f�sico, sempre trabalhar com m�scara, ter �lcool em gel dispon�vel e alguma forma de inqu�rito di�rio do empregador sobre eventuais sintomas do funcion�rio e da sua fam�lia.

O entendimento dos chefes e supervisores quanto a ter um trabalhador com sintomas respirat�rios vai ter de mudar. � uma nova vis�o, uma nova consci�ncia. Essa adapta��o do espa�o f�sico vai ter de ser feita para �reas comuns das empresa tamb�m, como refeit�rios. Talvez as pausas e intervalos tenham de ser escalonados para n�o formar aglomera��es. A higieniza��o dos ambientes ter� de ser muito mais frequente.

3. O que o Pa�s deve fazer a partir de agora para minimizar o risco de a flexibiliza��o levar a uma explos�o de casos?

Beatriz: � importante fazer o controle dos novos casos, ou seja, fazer com que todo mundo que tenha sintomas a partir de agora seja testado e, se positivo, seja isolado e tenha seus contatos monitorados. Aqui na Europa h� um debate acirrado sobre como rastrear contatos para que se consiga realmente identificar todo mundo e isolar. N�o vejo esse debate ser feito na mesma intensidade no Brasil.

Mas por mais que n�o tenhamos feito isso ainda, esse programa pode ser implantado a partir de agora e � importante que seja colocado em pr�tica em um momento de flexibiliza��o justamente para sabermos os locais onde o v�rus est� em curva ascendente e talvez pensar em medidas espec�ficas para cada localidade. Aqui no Reino Unido est�o trabalhando com o conceito de lockdowns localizados de acordo com a evolu��o da pandemia em cada regi�o.

Raquel: A efetividade do rastreamento e de testar o maior n�mero de pessoas � inquestion�vel. Se n�o der para testar todo mundo, que se fa�a pelo menos teste nas pessoas com sintomas e em seus contatos.

4. Em termos individuais, o que as pessoas devem fazer para se proteger nesta reabertura?

Raquel: H� um estudo recente, publicado em maio, que analisou as curvas da epidemia em Wuhan, Nova York e It�lia demonstrando que o uso de m�scara para toda a popula��o foi o fator mais determinante para fazer a curva de casos cair. Isso somado ao distanciamento social e � higieniza��o das m�os. Mas n�o adianta m�scara se voc� us�-la no queixo, se ficar tocando nela toda hora sem higienizar as m�os e se n�o troc�-la de tempos em tempos.

Al�m disso, mesmo com o com�rcio aberto, tente sair apenas se precisar. Cada um tem de se sentir respons�vel pela sua sa�de e pela sa�de das outras pessoas. A vacina n�o vai chegar para o nosso inverno e ainda n�o temos tratamento efetivo contra a covid-19.

Angelo: O ideal � que a pessoa otimize as idas aos com�rcios comprando mais coisas de uma vez para n�o se expor v�rias vezes.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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