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Estado de Minas GERAL

Bolsonaro escolhe pastor para o MEC, por 'apre�o � fam�lia e aos valores'


postado em 11/07/2020 08:30

Depois de disputas entre as diversas alas que comp�em o governo, que duraram mais de 20 dias, o presidente Jair Bolsonaro escolheu o pastor presbiteriano Milton Ribeiro para chefiar o Minist�rio da Educa��o (MEC) nesta sexta-feira, 10. � o quarto ministro da atual gest�o. Apesar de religioso, ele n�o foi indicado pela bancada evang�lica do Congresso e n�o era o preferido dos militares. Ribeiro � advogado, te�logo e um estudioso da religi�o, especialista em calvinismo e Antigo Testamento.

A articula��o de seu nome, que surgiu na semana passada, foi atribu�da ao ministro-chefe da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, e ao ministro da Justi�a, Andr� Mendon�a, tamb�m presbiteriano. Entre as caracter�sticas que fizeram com que Ribeiro fosse escolhido, est� o "apre�o � fam�lia e aos valores", dizem conhecidos e integrantes do governo. Ribeiro foi vice-reitor do Mackenzie, quando o reitor era o ex-governador Claudio Lembo, mas � desconhecido entre especialistas da educa��o.

Em mensagem a amigos, ap�s ser anunciado, ele disse que acreditava ser a "hora de darmos aten��o especial � educa��o b�sica, fundamental e ao ensino profissionalizante" e de "incrementar o ensino superior e a pesquisa cient�fica". Ele ainda disse que trabalharia em articula��o com os Estados, munic�pios e seus gestores "para mudar a hist�ria da educa��o do nosso Pa�s". Falou em tom de concilia��o, dizendo que � hora de "um verdadeiro pacto nacional pela qualidade da educa��o em todos os n�veis". "Precisamos de todos: da classe pol�tica, academia, estudantes, suas fam�lias e da sociedade em geral. Esse ideal deve nos unir."

Atualmente, Ribeiro � reverendo da Igreja Presbiteriana Jardim de Ora��o, em Santos. � ainda membro da Comiss�o de �tica P�blica da Presid�ncia, nomeado por Bolsonaro. O grupo � respons�vel por apurar a conduta de integrantes da administra��o p�blica federal e de analisar poss�veis conflitos de interesse no servi�o p�blico. Ao anunci�-lo, o presidente frisou seu doutorado em Educa��o pela Universidade de S�o Paulo, feito em 2006. A USP j� confirmou a autenticidade do t�tulo acad�mico. O trabalho dissertou sobre a educa��o escolar como "pressuposto da organiza��o institucional calvinista e n�o apenas seu resultado". Suas pesquisas foram em decis�es oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil sobre educa��o. Quem o conhece diz que ele � um pesquisador da �rea religiosa e n�o um especialista em pol�ticas educacionais, com as quais n�o trabalhou. � conservador, sem postura ideol�gica - um homem educado e discreto.

O Conselho Nacional de Secret�rios de Educa��o divulgou nota dizendo que nada comentaria sobre a indica��o. Segundo o Estad�o apurou, os secret�rios n�o t�m o que dizer porque mal o conhecem. O Semesp, entidade que re�ne universidades particulares, afirmou que "reconhecidamente o novo ministro acumula experi�ncias exitosas em sua trajet�ria profissional e elas dever�o contribuir para que a educa��o brasileira resolva as quest�es de acesso e oferta de oportunidades de aprendizado com qualidade".

Seu nome n�o teria agradado tamb�m � ala evang�lica que apoia Bolsonaro. O grupo havia indicado o atual reitor do Instituto de Tecnologia Aeron�utica (ITA), Anderson Correa. "N�o posso falar nada contra o novo ministro porque seria uma injusti�a, eu n�o o conhe�o. Mas n�o venha dizer que ele � apoiado por evang�licos, que n�s n�o temos nada com isso. � uma escolha do presidente com o ministro da Justi�a", disse o pastor Silas Malafaia. Nas redes sociais, o deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP) disse que n�o houve interfer�ncia da Frente Parlamentar Evang�lica na op��o pelo nome de Milton Ribeiro.

A especialista em educa��o Anna Helena Altenfelder disse n�o conhecer o novo ministro, mas observa que ele "vem de uma universidade comprometida com a produ��o do conhecimento e a produ��o cient�fica". Ela aponta que um dos principais desafios ser� promover o di�logo com as entidades de educa��o. "(A quest�o ideol�gica) � uma preocupa��o que a gente sempre tem com esse governo".

V�deo

Ap�s o an�ncio da nomea��o, publica��es nas redes sociais recuperaram v�deo do pastor, publicado h� 4 anos pela Igreja Presbiteriana Jardim da Ora��o, em que ele fala sobre a "vara da disciplina" e a import�ncia de disciplinar as crian�as. "A corre��o � necess�ria para a cura", disse o pastor. "N�o vai ser obtido por meios justos e m�todos suaves. Talvez uma porcentagem muito pequena de crian�a, precoce e superdotada, � que vai entender o seu argumento. Deve haver rigor, severidade. E vou dar um passo a mais, talvez algumas m�es at� fiquem com raiva de mim: deve sentir dor."

Olavistas ganham vagas

O presidente Jair Bolsonaro acatou boa parte da lista de novos nomes para o Conselho Nacional de Educa��o (CNE) deixada por Abraham Weintraub, com pessoas ligadas a Olavo de Carvalho. A indica��o � vista como uma forma de apaziguar o �nimo dos olavistas, ap�s o grupo n�o emplacar o novo ministro da Educa��o.
O CNE tem mandatos de quatro anos e o impacto de suas medidas, segundo especialistas, pode ser ainda maior na educa��o. Com as novas 10 indica��es, praticamente metade do conselho ser� mudada - h� 24 cadeiras, mas dois membros v�m do MEC. A ideia inicial era de que os conselheiros sejam integrantes da sociedade civil, especialistas em educa��o, que avaliam e normatizam as pol�ticas educacionais nacionais.

Entre os atuais membros est�o Mozart Neves, ex-diretor do Instituto Ayrton Senna, e Maria Helena Guimar�es de Castro, ex-secret�ria executiva do MEC no governo Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer. As indica��es trouxeram um clima de desola��o e revolta no �rg�o. "O CNE � um �rg�o de Estado e n�o de um governo", disse nota conjunta dos representantes dos secret�rios (Consed e Undime) que repudia "os crit�rios usados pelo governo para nova composi��o do CNE". A nova lista tem nomes indicados pelo atual secret�rio de Alfabetiza��o do MEC, Carlos Nadalim, tamb�m ligado a Olavo de Carvalho. Entre eles, Tiago Tondinelli, que foi chefe de gabinete do ex-ministro de Bolsonaro Ricardo V�lez e tirado do cargo durante disputa no minist�rio entre olavistas e militares. Tondinelli � advogado e professor de Filosofia, especialista em Filosofia Medieval. Nunca trabalhou com educa��o p�blica. Wiliam Ferreira da Cunha, tamb�m indicado ao CNE, � atualmente assessor de Nadalim. Outro ligado aos olavistas � Gabriel Giannattasio, tamb�m professor no Paran�.

Outro nomeado nesta sexta-feira foi o pesquisador Augusto Buchweitz, que � formado em Letras e Psicologia, e estuda a forma como as crian�as aprendem a ler e prioriza o aprendizado f�nico e despreza o construtivismo - considerado bandeira da esquerda. Tamb�m indicado, Fernando C�sar Capovilla, do Instituto de Psicologia da USP, � da mesma linha de pesquisa e ajudou na elabora��o da pol�tica atual de alfabetiza��o do MEC. "Fica claro que o governo quer fazer a agenda dele da educa��o pelo CNE, como homeschooling, escola militar", diz Mozart Neves.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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