Recomendada para tratar mal�ria, artrite e l�pus, ela passou a ser utilizada por pacientes com coronav�rus ap�s relatos de resultados positivos. A Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) afirma, contudo, que a subst�ncia � ineficaz no tratamento da covid-19.
O laborat�rio Aspen, do empres�rio Renato Spallicci, triplicou em abril a produ��o de Reuquinol, � base da subst�ncia, aproveitando a onda criada por Bolsonaro. Em 26 de mar�o, a caixinha do produto apareceu no mundo todo ao ser exibida pelo presidente num encontro virtual com l�deres do G-20. Militante bolsonarista, daqueles que gostam de compartilhar na internet o que o presidente faz, Spallicci aproveitou as redes para divulgar as imagens do presidente exibindo seu rem�dio.
Anteontem, j� com diagn�stico positivo da covid-19, Bolsonaro voltou a exibir uma caixinha de hidroxicloroquina durante sua live semanal, assistida por 1,6 milh�o de pessoas. "Por volta das 17h (de ter�a-feira) tomei um comprimido de cloroquina. Recomendo que voc� fa�a a mesma coisa. Sempre orientado pelo m�dico. � um testemunho meu: tomei e deu certo, estou muito bem", afirmou o presidente. "No meu caso deu certo. N�o estou ganhando nada com isso. N�o tenho nenhum neg�cio com essa empresa", justificou.
Desta vez, o rem�dio exibido era a vers�o gen�rica do medicamento, produzida pela EMS. A empresa faz parte do grupo controlado por Carlos Sanchez, tamb�m dono do laborat�rio Germed, outro autorizado a vender a cloroquina no Pa�s. O empres�rio est� na lista da revista Forbes como o 16.º homem mais rico do Brasil e uma fortuna avaliada em U$ 2,5 bilh�es.
Sanchez participou de duas reuni�es com Bolsonaro desde o in�cio da pandemia. O �ltimo encontro, virtual, ocorreu em 14 de maio. Antes, em 20 de mar�o, Bolsonaro j� havia se reunido com o dono da EMS e outros empres�rios, tamb�m por videoconfer�ncia, para discutir a pandemia do coronav�rus. O encontro ocorreu no mesmo per�odo em que o presidente passou a amplificar a divulga��o da hidroxicloroquina em declara��es e nos canais oficiais.
Outro fabricante de cloroquina, o empres�rio Ogari de Castro Pacheco viu o laborat�rio Crist�lia, do qual � cofundador, ser prestigiado pessoalmente pelo presidente no ano passado. Filiado ao DEM, Pacheco � segundo-suplente do l�der do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), e eleitor de Bolsonaro.
Na ocasi�o, a convite de Pacheco, o presidente participou da inaugura��o de uma das plantas do laborat�rio, em 6 de agosto. Durante a cerim�nia, Bolsonaro parabenizou o empres�rio pela "coragem de erguer" o empreendimento.
Pacheco cita, em declara��o no site da empresa, o fato de a pandemia ter levado a um "crescimento sem precedente de venda de medicamentos". Segundo o senador Eduardo Gomes, o empres�rio est� internado com covid-19 e fez uso do medicamento que vende.
Trump
O �nico laborat�rio estrangeiro autorizado a vender cloroquina no Pa�s � o franc�s Sanofi-Aventis, que tem o presidente dos EUA, Donald Trump, como acionista. A exemplo de Bolsonaro, Trump � entusiasta do medicamento. Em abril, o jornal The New York Times publicou reportagem na qual questiona se a defesa do presidente americano da cloroquina estaria relacionada � sa�de ou aos seus neg�cios.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, compartilhou uma foto de uma caixa de cloroquina da marca Plaquinol, da empresa da qual Trump � acionista, no Twitter. A imagem vinha acompanhada de uma not�cia de que o grupo iria doar medicamento para infectados com a covid-19.
Al�m do contato com os empres�rios, o governo acelerou a produ��o da hidroxicloroquina no laborat�rio do Ex�rcito. Segundo o Minist�rio da Defesa, at� o fim de junho, 1 milh�o de comprimidos da subst�ncia tinham sido distribu�dos e havia um estoque de mais 1,85 milh�o de unidades. A produ��o foi suspensa at� que todos sejam enviados a hospitais e postos de sa�de p�blicos.