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Estado de Minas GERAL

Tr�s hospitais em compasso de espera


postado em 13/07/2020 13:00

Depois de mais de 100 dias, o combate ao coronav�rus produz realidades diferentes nos hospitais de S�o Paulo de acordo com a regi�o da cidade, perfil do p�blico atendido, regime de administra��o (p�blico e privado) e o pr�prio tamanho da institui��o. Independentemente do tipo de hospital, no entanto, existe preocupa��o comum em rela��o ao avan�o da pandemia e � possibilidade de aumento do n�mero de casos nas pr�ximas semanas em fun��o da flexibiliza��o da quarentena.

A partir de relatos de profissionais e funcion�rios desses hospitais e de familiares de pacientes internados na ocasi�o, o Estad�o mostra tr�s retratos bem distintos ao redor da capital. O Hospital Municipal Prof. Dr. Al�pio Corr�a Netto, em Ermelino Matarazzo, zona leste, enfrenta problemas estruturais e altos �ndices de ocupa��o. Ali faltam especialistas nos fins de semana, por exemplo. As equipes do Hsanp, hospital privado de m�dio porte localizado da zona norte, afirmam estar preparadas para as pr�ximas semanas, com equipamentos, profissionais e leitos. J� o Hospital Albert Einstein continua mobilizado pela covid-19, mas registra queda dos pacientes internados nas �ltimas semanas. No hospital que diagnosticou o primeiro caso no Pa�s, o desafio � continuar tratando dos pacientes, cuidar das doen�as cr�nicas e dos problemas relacionados � covid-19, como depress�o e ansiedade.

No Hsanp, ainda h� receio

O risco de aumento dos casos de covid-19 em S�o Paulo causa preocupa��o, mas n�o temor aos profissionais do hospital Hsanp, em Santana, na zona norte da cidade, que trata de pacientes com a doen�a. Com 95% de ocupa��o dos 13 leitos de UTI, a unidade garante estar preparada para as pr�ximas semanas. "Estamos preocupados porque algumas pessoas pensam que a pandemia acabou. Ela n�o acabou. Mas estamos preparados para o aumento de casos", garante a infectologista Juliane Gomes, vice-diretora do centro m�dico.

O Hsanp (novo nome do antigo San Paolo) � um hospital de m�dio porte. S�o 124 leitos, mas existem obras em andamento para uma nova torre e expans�o para 200 acomoda��es. Para enfrentar a pandemia, o hospital praticamente se dividiu. Existem duas enfermarias, uma para as demais enfermidades e outra para a covid-19. O mesmo acontece com o pronto-socorro e as UTIs. O objetivo � evitar o risco de contamina��o intra-hospitalar. J� foram mais de 4,2 mil atendimentos de covid-19 entre casos suspeitos e confirmados. Dos 267 casos positivos, 237 tiveram alta e 14 ainda est�o internados. A taxa de mortalidade � de 1,95% do total de pacientes internados.

Como a maioria dos hospitais, houve momentos dif�ceis. A UTI chegou a 100% de ocupa��o, mas o hospital n�o chegou a recusar pacientes. Enfermeiro h� 14 anos, Milton Alves Monteiro Junior atua no Servi�o de Controle de Infec��o Hospitalar do Hsanp. Ele se lembra de uma paciente com 51 anos ainda no in�cio da pandemia, em mar�o. Ela foi entubada e submetida � assist�ncia espec�fica que estava ainda em an�lise naquele momento.

A evolu��o foi lenta e gradativa, � qual ela respondia com movimentos da face ou piscar de olhos. "Foi a primeira paciente a receber os aplausos dos profissionais de sa�de e de seu filho, que, muito emocionado, agradeceu os cuidados do hospital e a nova oportunidade de vida da m�e", relembra.

O avan�o da pandemia provocou baixas na pr�pria equipe do hospital. Dos 838 colaboradores, 132 foram afastados com suspeita de covid-19. Desses, 82 foram casos confirmados; 50, negativos. Um dos contaminados foi a infectologista Luciane Gomes. Depois de 13 dias de afastamento em casa, j� com diagn�stico confirmado, a m�dica de 55 anos foi internada no dia 5 de maio. Tinha acometimento pulmonar bilateral, mas ainda n�o apresentava sintomas. Em menos de tr�s horas, seu estado piorou e ela teve insufici�ncia respirat�ria.

Nos cinco dias de interna��o, quase precisou ser entubada. "Uma coisa � ser especialista e trabalhar na linha de frente. Outra coisa � estar na pele de quem est� sofrendo a doen�a. Isso me deu sentimento ainda maior de gratid�o." A m�dica teve alta no dia 18 de maio, dia do anivers�rio, e ganhou festa da sua equipe de trabalho, respons�vel pela sua cura. "Acontece, mas n�o � comum o paciente voltar e agradecer. Eu tive essa oportunidade. As pessoas que trabalham comigo cuidaram de mim."

Desafios em Ermelino Matarazzo

Falta de monitores para acompanhar os sinais vitais dos pacientes, aus�ncia de profissionais nos fins de semana e problemas estruturais, como a escassez de tomadas el�tricas, s�o alguns dos problemas do Hospital Municipal Prof. Dr. Al�pio Corr�a Netto, em Ermelino Matarazzo, zona leste de S�o Paulo, de acordo com os relatos de funcion�rios e familiares de pacientes. Alguns desses problemas j� existiam. Com a pandemia, foram mais sentidos no hospital, um dos 20 endere�os da rede municipal. N�o � refer�ncia, ou seja, n�o tem foco espec�fico na covid-19.

A sala de emerg�ncia, chamada Choque I, recebe os pacientes graves. O setor possui oito monitores multiparam�tricos, aparelhos que medem os sinais vitais, e oito respiradores. O local normalmente acolhe o dobro de pacientes. Com isso, doentes entubados ficam sem o acompanhamento ideal. H� tens�o nos profissionais.

Na sala do Choque II (Sutura), ficam pacientes que precisam de cuidados de unidade semi-intensiva. Aqui o problema � a falta de profissionais. N�o h� fisioterapeutas, principalmente � noite e aos fins de semana, para fazer o manejo respirat�rio dos pacientes, ou seja, a recupera��o do pulm�o. A mesma car�ncia � observada em outro setor rec�m-inaugurado para atender novos casos, adaptado no antigo pronto-socorro infantil. Ali, no Choque III, s�o mais nove leitos com entubados.

At� a semana passada, faltavam camas hospitalares na UTI covid-19. A maioria dos pacientes ficava em macas ou macas hidr�ulicas, o que dificulta a recupera��o. Em doen�as respirat�rias, o paciente tem de ficar em dec�bito elevado (barriga para cima, com ombros ligeiramente elevados) para favorecer a recupera��o dos pulm�es. O problema foi resolvido. Outro problema da infraestrutura se localiza tamb�m no Choque II. Faltam tomadas el�tricas para bombas de infus�o, equipamento eletr�nico que aplica de forma cont�nua a medica��o. Faltou planejamento, na vis�o dos funcion�rios, sobretudo ter revisado a parte el�trica.

Os problemas estruturais no hospital, no entanto, n�o impedem boas experi�ncias de atendimento. Jo�o Evange Lacerda foi internado no dia 15 de maio para coloca��o de um marcapasso. Ele foi diagnosticado com covid-19 e teve de ir para a �rea de isolamento por nove dias. Ap�s o per�odo, o paciente foi submetido � cirurgia no dia 16 de junho. Deu tudo certo. A mulher, Zuleide, afirma que ele foi bem tratado. "Meu marido foi bem cuidado no hospital."

A Secretaria Municipal da Sa�de informa que a Sala de Choque I do Hospital de Ermelino Matarazzo tem os equipamentos necess�rios para o atendimento de urg�ncia e emerg�ncia e estabiliza��o do quadro dos pacientes. Sobre a sala de Choque II ou Sala Laranja, a pasta informa que, depois de estabilizados, os pacientes s�o transferidos para outras �reas que disp�em de equipe capacitada para o manejo respirat�rio dos pacientes e fisioterapeutas para atender todas as alas. Embora a unidade n�o seja refer�ncia para covid-19, o Hospital de Ermelino reservou a Sala de Choque III para o atendimento de casos de emerg�ncia e estabiliza��o da doen�a.

Einstein se prepara para nova onda

O Hospital Albert Einstein registra atualmente menos pacientes internados do que nas �ltimas semanas. Hoje, s�o 39 pessoas internadas na unidade de terapia intensiva (UTI) covid. A m�dia girou em torno de 60 entre maio e in�cio de junho e j� foi de 110 em abril. Os n�meros est�o baixando. O tempo de interna��o tamb�m diminuiu de sete para quatro dias.

A redu��o se verifica na unidade do Morumbi, localizada na zona sul, mas a tend�ncia tamb�m se observa nos hospitais p�blicos administrados pelo Einstein, como os municipais Doutor Gilson de C�ssia Marques de Carvalho (na Vila Santa Catarina) e Doutor Moyses Deutsch (M'Boi Mirim, tamb�m na zona sul).

Para Claudia Regina Laselva, diretora de Opera��es, Enfermagem e Experi�ncia do centro m�dico, a equipe acumula li��es importantes no trato da doen�a. "Do ponto de vista epidemiol�gico, temos um aprendizado que contribui na redu��o do tempo m�dio de interna��o, por exemplo."

Outro fator que influencia na redu��o de casos � a interioriza��o da doen�a. Mas a redu��o atual da press�o nos leitos hospitalares n�o modifica a estrat�gia do hospital. H� expectativa de aumento do n�mero de casos nas pr�ximas semanas. Com ocupa��o geral em torno de 80%, o hospital, refer�ncia no tratamento do coronav�rus entre os hospitais privados continua mobilizado.

O centro ainda espera uma esp�cie de "retomada" mais intensa do tratamento de outras doen�as cr�nicas, pois v�rios pacientes evitaram os hospitais por causa do medo de se contaminar. A procura de oncologistas, por exemplo, caiu 70%. Para atender pacientes covid-19 e n�o covid-19, o Einstein praticamente criou dois hospitais.

No Morumbi, uma das torres foi destinada somente para doentes do novo coronav�rus, com elevadores, corredores, pronto-socorro e unidades de interna��o espec�ficas. "O momento atual ganhou amplitude. Al�m da covid, estamos tratando mais casos de doen�as cr�nicas e problemas derivados da covid, como a reabilita��o, depress�o e ansiedade", diz a especialista.

Seguran�a

Ap�s praticamente quatro meses de dedica��o intensa, os profissionais da linha de frente se sentem mais seguros. Nenhum profissional de sa�de do hospital morreu, e a taxa de afastamento por covid-19 � de 10% a 12%, inferior aos 15% observados em outros hospitais. Por outro lado, h� desgaste emocional. A perda de um paciente, a aus�ncia dos acompanhantes e o medo de levar a doen�a para casa trazem um pesar maior a longo prazo, na opini�o de Claudia Laselva.

Nesse contexto, as hist�rias de supera��o, dos colegas e dos pacientes, garantem a energia desses profissionais para seguir em frente no combate � covid. No final do m�s passado, um enfermeiro retornou ao trabalho depois de 45 dias de interna��o, em que chegou a ficar em estado grav�ssimo, mais 15 dias de afastamento das fun��es. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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