A epidemia do novo coronav�rus tem se acelerado nas Regi�es Sul e Centro-Oeste do Brasil nas �ltimas semanas, de acordo com dados de mortalidade divulgados pelas secretarias estaduais de Sa�de e compilados por um cons�rcio de ve�culos de imprensa do qual o Estad�o faz parte.
Os n�meros deste levantamento s�o agregados em um intervalo de sete dias, de forma a minimizar as oscila��es causadas pelo atraso de notifica��es em fins de semana e feriados. Nessas ocasi�es, os �bitos divulgados costumam ser artificialmente mais baixos, o que cria altos e baixos inver�dicos nas estat�sticas. Para evitar esse problema, o c�lculo revela a m�dia de mortes di�rias registradas em cada semana.
Uma s�rie de indicadores mostra como a covid-19 come�ou a afetar de forma mais intensa as Regi�es Sul e Centro-Oeste, que at� agora pareciam ter sido poupadas de epidemias locais em grande escala. Na primeira semana de junho, as duas regi�es juntas eram respons�veis por cerca de 4% das novas mortes registradas a cada dia no Pa�s. Hoje, j� representam quase 18%. Essa din�mica de crescimento fica ainda mais evidente ao comparar a curva de evolu��o da doen�a no Sul e no Centro-Oeste com as demais regi�es do Pa�s.
Entre a primeira semana de junho e ontem, a m�dia di�ria de �bitos no Sul passou de 21 para 98, o que representa um aumento de 367%. No Centro-Oeste, no mesmo per�odo, a m�dia de mortes por dia saltou ainda mais: foi de 19 para 114, uma varia��o de 500%.
Nesse mesmo intervalo, a m�dia no Sudeste passou de 461 para 470. No Nordeste, o valor foi de 347 para 384. Nesses casos, ocorreu um aumento de 2% e 11%, respectivamente, o que indica uma tend�ncia de estabiliza��o. J� no Norte, a varia��o foi de 170 para 81, uma queda de 52%.
Isolamento
Infectologista da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, F�bio Lopes Pedro afirma que as medidas de isolamento social adotadas nas Regi�es Sul e Centro-Oeste adiaram o aumento de casos e, consequentemente, de mortes.
"Essas foram as regi�es que se anteciparam nas medidas de isolamento e n�o resistiram, porque n�o tem como resistir a tanto tempo. No Sul do Pa�s, come�ou em 17 de mar�o e, com a flexibiliza��o, as pessoas come�aram a circular", diz o especialista. Segundo ele, as curvas de cont�gio est�o ascendentes em praticamente 70% do Rio Grande do Sul e isso preocupa em meio � sazonalidade dos v�rus respirat�rios nessas regi�es.
A microbiologista Giliane de Souza Trindade, da Universidade Federal de Minas Gerais, comenta que Estados do Sul estavam em um "meio isolamento" quando o clima frio chegou, trazendo consigo a temporada de outros v�rus respirat�rios, como o da gripe.
"Acho que isso � um dos pontos que favorece. As pessoas se aglomeram e fecham portas, janelas e isso facilita a transmiss�o", diz ela. Entretanto, para a especialista, a raiz de tudo est� na flexibiliza��o, que permitiu o deslocamento de pessoas cansadas do confinamento, deixando-as livre para frequentar espa�os onde se aglomeram.
J� Vitor Engr�cia Valenti, professor livre-docente da Unesp de Mar�lia, observa que o avan�o que ocorre no Sul e Centro-Oeste deve-se, possivelmente, ao baixo n�mero de casos em mar�o, abril e maio. "Muitas pessoas n�o est�o imunes ao v�rus. Al�m disso, algumas cidades reabriram shoppings nessas regi�es, o que causou surtos r�pidos, induzindo esses munic�pios a fecharem de novo."
Os dados foram coletados por um cons�rcio entre seis ve�culos de imprensa - Estad�o, G1, O Globo, Extra, Folha de S.Paulo e UOL - que re�nem os n�meros divulgados pelas secretarias estaduais de Sa�de. A colabora��o entre os jornais se iniciou quando o governo do presidente Jair Bolsonaro amea�ou restringir o acesso a estat�sticas sobre o coronav�rus no Pa�s - e foi mantida posteriormente.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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