Em plena pandemia da covid-19, que j� matou mais de 74 mil e infectou 1,92 milh�o no Brasil, o Minist�rio da Sa�de completou dois meses sem chefe titular nesta quarta-feira, 15. A gest�o de militares da pasta, liderada pelo ministro interino, general Eduardo Pazuello, est� sob questionamentos, que se estendem �s For�as Armadas. Sob press�o, o presidente Jair Bolsonaro deve avaliar candidatos para assumir a Sa�de.
A substitui��o de Pazuello atende � press�o de integrantes do Ex�rcito, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo. As cr�ticas � presen�a de militares na Sa�de foram escancaradas por Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no s�bado 11.
"Isso � p�ssimo para a imagem das For�as Armadas. � preciso dizer isso de maneira muito clara: o Ex�rcito est� se associando a esse genoc�dio, n�o � razo�vel. � preciso p�r fim a isso", disse o ministro em debate promovido pela revista Isto�.
Por causa dessa fala, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, apresentou na ter�a-feira, 14, representa��o � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) contra Gilmar, citando, inclusive, viola��o da Lei de Seguran�a Nacional, criada em 1983, durante a ditadura militar. O vice-presidente Hamilton Mour�o (PRTB) disse, em entrevista � CNN, que o ministro do STF for�ou "a barra" e deve se desculpar, se "tiver grandeza moral".
Apesar da rea��o de militares contra Gilmar, a fala constrangeu o governo. Representantes das For�as Armadas cobram que, para continuar na Sa�de, Pazuello dever� pedir a transfer�ncia para a reserva. Recentemente, as For�as Armadas manifestaram o mesmo inc�modo com a situa��o do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que se aposentou.
Log�stica
O presidente Jair Bolsonaro, ao definir que Pazuello seria ministro interino, argumentou que o militar ajustaria gest�o e log�stica da Sa�de. Apesar do salto de casos (de 218 mil para mais de 1,9 milh�o) e mortos (de 14,8 mil para mais de 74 mil) no per�odo de comando do general, Bolsonaro manteve os elogios. "Estamos com uma falta na Sa�de, mas se bem que o Pazuello est� indo muito bem. A parte de gest�o est� excepcional. Coisa nunca vista na hist�ria. Sabemos que ele n�o � m�dico, mas ele est� com uma equipe fant�stica no minist�rio", disse no dia 25 de junho, em transmiss�o nas redes sociais.
Alguns dos maiores gargalos na resposta do Pa�s � covid-19, no entanto, se explicam pela omiss�o do Minist�rio da Sa�de na distribui��o de testes de diagn�stico e na media��o de compras de insumos.
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o Pa�s s� atingiu 20% da capacidade di�ria prometida de exames de diagn�stico. O porcentual se explica, entre outras raz�es, por o Minist�rio da Sa�de ter entregue apenas cerca de 20% dos 24,2 milh�es de testes RT-PCR (que detecta a presen�a do v�rus) prometidos aos Estados e munic�pios. Al�m disso, os kits para realizar o exame foram enviados incompletos.
Ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta (DEM) tamb�m criticou a gest�o de militares na pasta. Ele afirmou que a equipe de Pazuello � especialistas em "bal�stica" em vez de "log�stica". "Eu s� vejo � ac�mulo de �bitos nessa pol�tica que est� sendo feita", disse Mandetta no �ltimo dia 11, no mesmo debate que participou Gilmar Mendes.
Mandetta ainda afirmou ainda que a Sa�de perdeu a credibilidade ap�s o governo federal tentar alterar a forma de divulga��o de dados sobre a doen�a. "Voc� ter segredos � o caminho mais r�pido para a trag�dia. Primeira coisas que (os militares) fizeram foi n�o mais mostrar os dados �s cinco da tarde. O Minist�rio da Sa�de perdeu a credibilidade", disse.
Tamb�m marca a gest�o de Pazuello a mudan�a de orienta��o da Sa�de sobre uso da cloroquina. Dias ap�s assumir o comando interino, a Sa�de publicou recomenda��es para administrar a droga desde os primeiros sintomas da covid-19, mesmo sem efic�cia comprovada do tratamento contra a doen�a. A medida era uma exig�ncia de Bolsonaro e atropelou recomenda��es dos pr�prios t�cnicos do minist�rio e de entidades de sa�de.
postado em 15/07/2020 12:33