O Brasil ultrapassou ontem a marca de 2 milh�es de casos de covid-19, com a pandemia ainda em acelera��o. S�o 2.014.738 contamina��es registradas - 43.829 nas �ltimas 24 horas - e 1.299 mortes, segundo levantamento do cons�rcio de ve�culos de imprensa formado por Estad�o, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL junto �s secretarias estaduais de Sa�de. Nos �ltimos sete dias, o Brasil registrou uma m�dia di�ria de 1.081 �bitos pela doen�a.
A doen�a chegou � marca de 500 mil casos registrados em 31 de maio, 95 dias ap�s o primeiro relato, em 26 de fevereiro. O n�mero de infectados dobrou depois em apenas 19 dias, quando o Pa�s chegou a 1 milh�o de contaminados - 114 dias no total, at� 19 de junho. Agora 27 dias foram suficientes para o n�mero dobrar novamente e chegar a 2 milh�es de casos. Isso sem contar que o Brasil � um pa�s que testa pouco a popula��o, ou seja, os n�meros podem ser muito maiores que os oficiais.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estad�o, o aumento ocorre principalmente pela curva de crescimento exponencial da pandemia e pela interioriza��o: o novo coronav�rus j� est� hoje em 95% dos munic�pios brasileiros (5.316), que respondem por 99% de toda a popula��o, de acordo com levantamento do projeto de transpar�ncia de dados Brasil.Io.
S� para se ter uma ideia, o Brasil � o segundo pa�s com mais casos de covid-19 no mundo. S� perde para os Estados Unidos, que somam 3.556.403 contamina��es confirmadas, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. O terceiro pa�s mais afetado � a �ndia, com 968.876 casos. Os tr�s juntos s�o respons�veis por quase metade de todos os casos registrados no mundo. Outro dado alarmante � que dois ter�os de todos os 230 mil casos registrados na quarta-feira s�o dessas tr�s na��es e da �frica do Sul, que v� a pandemia acelerar.
Para Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), apesar de o Brasil ter mantido neste �ltimo m�s uma taxa de crescimento de cerca de 1 mil mortes por dia, isso n�o significa que a pandemia esteja controlada.
"O n�mero est� mantido em um patamar alto, que deve ser ainda maior dada a subnotifica��o. Estacionamos em um pico, o que � grave. Enquanto n�o houver redu��o da velocidade de crescimento, bateremos novas marcas rapidamente."
Especialista em geografia da sa�de da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Raul Borges Guimar�es afirma que a covid-19 chegou praticamente a todos os cantos do Pa�s. "Ao longo da pandemia vimos um modelo de difus�o hier�rquica, ou seja, uma rota do coronav�rus das cidades maiores para as menores. Nesse �ltimo m�s esse processo se completou chegando a todas as regi�es e a todos os tipos de cidade, incluindo munic�pios tipicamente rurais de menos de 15 mil habitantes."
Com a interioriza��o da doen�a, m�dicos chamam a aten��o para poss�veis impactos no sistema de sa�de. "Cidades no interior costumam ter piores estruturas de hospitais, que podem n�o dar o suporte adequado � interna��o", diz Chebabo. Jean Gorinchteyn, infectologista do Em�lio Ribas e do Albert Einstein, tamb�m pontua que esse movimento pode sobrecarregar as UTIs de capitais.
O avan�o do novo coronav�rus pelos Estados tamb�m mudou no �ltimo m�s: principalmente as Regi�es Sul e Centro-oeste passaram a registrar um crescimento acelerado. "Temos v�rias epidemias dentro de um �nico Pa�s", diz Gorinchteyn. "Por causa dessas flutua��es diferentes, vamos demorar mais para atingir um plat�."
Reabertura. Para os especialistas, a reabertura em diversas cidades tamb�m � um ponto de aten��o neste momento. Deveria ser repensada nos munic�pios onde a doen�a cresce e onde n�o h� capacidade de UTIs. "Corremos o risco de ter uma segunda onda ", afirma Gorinchteyn. "Nessas pr�ximas semanas esses processos precisar�o ser milimetricamente monitorados. Tamb�m teremos de aprender a recuar, quando preciso, a despeito de interesses econ�micos."
Enquanto o Brasil atinge dois milh�es de casos, o Minist�rio da Sa�de completa mais de dois meses sem ministro. Em nota ao Estad�o, a pasta afirmou que mant�m esfor�o cont�nuo para garantir o atendimento em sa�de � popula��o desde o in�cio da pandemia, e j� enviou R$ 9,9 bilh�es a Estados e munic�pios voltados exclusivamente para combate ao coronav�rus.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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