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Estado de Minas GERAL

Onda de frio paralisa nuvem de gafanhotos e facilita combate na Argentina


27/07/2020 21:46

A nuvem gigante de gafanhotos que estacionou desde s�bado em Entre R�os, na Argentina, a cerca de 100 quil�metros da divisa do Rio Grande do Sul e a 10 quil�metros do Uruguai, s� deve se movimentar novamente a partir de quinta ou sexta-feira, quando as baixas temperaturas na regi�o voltarem a subir para a casa dos 25 ou 30 graus cent�grados. A avalia��o � do entomologista Dori Edson Nava, do N�cleo de Fitossanidade da Embrapa Clima Temperado, unidade de pesquisas localizada em Pelotas (RS), que acompanha a movimenta��o dos insetos. O deslocamento dos insetos e uma eventual chegada deles ao Brasil preocupa autoridades do Minist�rio da Agricultura.

Com a onda de frio na regi�o, que registra temperaturas m�nimas de 5 graus e m�ximas de 20 graus, neste �ltimo final de semana, autoridades sanit�rias argentinas intensificaram o combate aos insetos e conseguiram reduzir em at� 85%" o volume de gafanhotos no local. A nuvem era calculada em cerca de 400 milh�es de insetos, alcan�ando 10 km2, segundo informes da Senasa, �rg�o de controle do setor no pa�s vizinho.

A a��o contra os gafanhotos no local ocorreu com uso de inseticidas por avi�es, mais a ajuda de pulverizadores movidos por tratores dos produtores da regi�o. "Somente quando a temperatura voltar a subir, l� por quinta-feira ou sexta, � que poderemos saber se o grupo vai voltar a se mover e em qual dire��o", explicou o pesquisador da Embrapa, que acompanha as informa��es sobre o deslocamento da nuvem formada na regi�o do Chaco, e que migrou para o sul do continente.

Ciclos

Para o entomologista da Embrapa, por�m, a aglomera��o dos insetos � um problema ambiental regional que, quando ocorre, pode ter um ciclo que vai de 8 a 15 anos a partir de longos per�odos de temperaturas altas. Ele explicou que o atual ciclo tem apresentado temperaturas mais altas nos �ltimos 4 anos na regi�o, que vai do norte da Argentina � Bol�via, passando pelo Paraguai. A ocorr�ncia dessas temperaturas mais altas projeta, portanto, uma poss�vel exist�ncia de pragas ainda por um per�odo de mais 4 a 5 anos, argumentou o pesquisador da Embrapa.

Nestes casos, segundo Nava, em vez dos dois ciclos reprodutivos anuais, ver�o e inverno, o gafanhoto pode produzir uma terceira gera��o de filhotes no ano. Ele lembrou que a Argentina j� registrou em 2020 "outras cinco ou seis nuvens" e que h� pelo menos outras duas aglomera��es do inseto em forma��o. "Uma, na prov�ncia de Formosa, na Argentina, e uma outra, mais recente, que se formou num parque no Paraguai", disse.

Nava explicou tamb�m que h� mais duas hip�teses para a forma��o do ac�mulo dos gafanhotos, al�m da ideia de ocorr�ncia de prolifera��o por conta de ondas de temperaturas mais elevadas. A segunda hip�tese, segundo o entomologista, � a de que o gafanhoto possa ter sido favorecido na luta natural contra outras esp�cies no meio ambiente. E a terceira teoria, que tem componentes econ�micos: "Quando o valor de mercado dos produtos agr�colas � bom, o produtor segue todas as regras de controle, mas quando h� anos nos quais h� secas e o pre�o dos produtos cai", prosseguiu o cientista. "isso desestimula o produtor e ele reduz os controles recomendados, o que faz com que o inseto aumente a sua popula��o".

Segundo o entomologista, quando a popula��o de gafanhotos aumenta muito na regi�o do Chaco, o inseto fica sem comida e � estimulado a migrar. "Ele tem um comportamento greg�rio, consegue formar grupos, essas nuvens, e ele migra para se alimentar e tamb�m para se reproduzir", contou. O pesquisador argumentou que os t�cnicos que acompanham a movimenta��o das nuvens na Argentina informam que a nuvem que est� em Formosa, pr�xima da divisa com Assun��o, capital do Paraguai, � ainda maior do que aquela que atualmente preocupa as autoridades em Entre R�os. "Pelo que o pessoal tem comentado nos grupo, essa � maior e tem cerca de 20 km2", disse Nava.

A novidade, neste caso, � que essa nuvem estaria se descolando n�o no sentido do Brasil, nas indo na dire��o da prov�ncia de Santiago Del Estero, para o lado da Cordilheira dos Andes, localizou o pesquisador. A outra nuvem, do parque no Paraguai, foi encontrada h� uma semana, mas ainda n�o foi dimensionada. "O local � de dif�cil acesso, com vegeta��o baixa, espinhosa, uma �rea semides�rtica no Paraguai", explicou Nava.

Ele argumentou ainda que, nesta �poca do ano, h� poucas culturas no campo. O plantio de soja, milho, arroz, por exemplo, segundo Nava, s� vai come�ar a partir de setembro e outubro. "O que se tem agora s�o os cereais de inverno, trigo, centeio e cevada, pastagens e algumas frut�feras", afirmou. Nava n�o quis fazer proje��o de preju�zos. "Ainda n�o d� para quantificar preju�zos", alegou. "Fala-se de um milh�o de d�lares por dia, mas esse � o c�lculo levando-se em conta a pior situa��o no pior cen�rio. � preciso aguardar", afirmou. Segundo ele, as pr�prias autoridades argentinas dizem que a nuvem assusta mais do que o estrago que ela faz, ela impressiona mais pelo tamanho do que o dano causado. Mas � preciso acompanhar", alertou.

Nava lembrou ainda que os �ltimos ciclos de nuvens de gafanhotos ocorreram nos anos 40, h� 70 anos. "Naquela �poca, chegou ao centro do Pa�s, mas n�o se tinha nem como saber o tamanho exato das nuvens, que poderiam ser muito maiores do que as atuais", disse. "Hoje, temos condi��es e t�cnicas de acompanhar a nuvem, fazer o controle", argumentou. "L� atr�s, nos anos 40, ainda estavam surgindo os primeiros inseticidas e praticamente n�o havia os produtos que existem hoje e as formas de controle e monitoramento", explicou.

Dados da Embrapa

O gafanhoto em movimento na Argentina � do filo Artropoda, classe Insecta, ordem Orthoptera e fam�lia Acrididae. A esp�cie se chama Schistocerca cancelatta. � gafanhoto migrat�rio sul-americano, n�o tem cor vistosa, podendo ter uma tonalidade marrom escura. Chegam a medir cerca de 7 a 8 cm, na fase adulta. Na fase jovem, evoluem do tamanho de um mosquito at� atingir entre 4 e 5 cm. Podem viver cerca de dois meses. Os machos s�o menores que as f�meas.

Eles n�o s�o preocupa��o para o aparecimento de doen�as, n�o trazendo seu contato preju�zos para os humanos. Esse gafanhoto passa por tr�s est�gios de desenvolvimento: ovo, ninfa (jovem) e adulto. As f�meas fazem a postura no solo e os ovos s�o colocados numa esp�cie de estojo. Desses ovos, eclodem as ninfas. As ninfas t�m cinco fases de desenvolvimento. Conforme avan�a o desenvolvimento das ninfas, h� um aumento do consumo de folhas.

Elas consomem mais folhas que os adultos. Os jovens n�o t�m asas desenvolvidas, mas possuem o terceiro par de pernas do tipo saltat�rio (a locomo��o � por meio de saltos), por isso a partir do terceiro momento s�o chamadas de salt�es, locomovendo-se por pequenas dist�ncias. � nessa fase que se deve fazer o controle. Os adultos se alimentam de cera de 400 esp�cies vegetais. Ao migrar, o gafanhoto adulto pode chegar a percorrer cerca de 150 Km por dia, dependendo da velocidade do vento.


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