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Estado de Minas GERAL

Forma��o m�dica deve mudar ap�s a pandemia


29/07/2020 07:36

Os desafios da pandemia de covid-19 e a pol�mica em torno da prescri��o, por muitos m�dicos, de drogas sem efic�cia comprovada contra a doen�a devem resultar em algumas mudan�as nos cursos de Medicina. A ideia � refor�ar, nos futuros profissionais, a import�ncia de se valer o conhecimento cient�fico na hora de estabelecer tratamentos.

Rela��o que pode parecer �bvia, a Medicina e a ci�ncia nem sempre andam de m�os dadas. O contraste entre dezenas de estudos cient�ficos mostrando que a hidroxicloroquina n�o traz melhora para casos graves nem leves de covid-19 e a recomenda��o recorrente do rem�dio por alguns m�dicos tornou isso evidente.

H� um fator de press�o pol�tica e tamb�m dos pr�prios pacientes, como revelou reportagem do Estad�o no �ltimo domingo, mas tamb�m h� muitos m�dicos que prescrevem com convic��o, como alguns deixam claro em v�deos que se tornaram populares na internet e em sites que dizem falsamente haver um tratamento para a doen�a.

No Brasil e no mundo, entidades de classes e especialistas em educa��o m�dica come�am a discutir aprimoramentos que talvez sejam necess�rios para deixar os futuros m�dicos mais adaptados para lidar com esse tipo de desafio.

"N�o � s� a hidroxicloroquina, mas a gente tem de insistir no desenvolvimento do pensamento cr�tico. � importante sempre pensar, refletir sobre o que est� fazendo, n�o s� em rela��o � prescri��o de medicamentos. O ensino m�dico p�s-pandemia vai ter de ser aperfei�oado, e o mundo inteiro est� discutindo isso. Os cursos de Medicina ap�s a covid n�o devem ficar iguais, por melhores que fossem antes da pandemia", afirma Milton de Arruda Martins, presidente da Comiss�o de Gradua��o da Faculdade de Medicina da USP.

Especialista em educa��o m�dica, Martins defendeu em eventos sobre o tema na semana passada - conduzidos pela Academia Nacional de Medicina e pelo Instituto Quest�o de Ci�ncia - que o curr�culo passe por reformas para valorizar mais, entre outros pontos, a Medicina Baseada em Evid�ncia.

Martins afirma se sentir intrigado que muitos m�dicos ainda prescrevam a cloroquina. "Precisamos entender se � um problema de forma��o ou de contexto. Provavelmente � uma coisa complexa, com um pouco de cada coisa, mas acho que tem de ser refor�ado o papel da forma��o cient�fica, de como as evid�ncias sobre medicamentos se constroem e quando que um determinado medicamento tem suficiente comprova��o para ser recomendado para a sociedade", diz o m�dico.

Sociedade. Professor de Medicina Baseada em Evid�ncias da Escola Bahiana de Medicina, Luis Cl�udio Correia costuma brincar que seu sonho � o dia que sua disciplina n�o seja mais necess�ria nas faculdades - porque toda a Medicina funcionaria dessa forma. Mas pondera que o problema n�o � s� da cultura m�dica, mas da sociedade como um todo.

"O paradigma da Medicina Baseada em Evid�ncias � bem reconhecido pela classe m�dica, mas � relativamente recente e ainda est� em evolu��o. Numa situa��o como essa da pandemia, fica evidente que ainda � uma coisa sendo implementada. E � claro que o ensino pode ser aprimorado, ser mais enfatizado. Mas tem de ter tamb�m uma evolu��o cultural da sociedade. Um evolu��o em prol da racionalidade, contemplando a ci�ncia como pilar importante na tomada de decis�o", defende.

Al�m de aumentar o foco no conhecimento cient�fico, a pandemia deve promover outras mudan�as no ensino de Medicina. A mais pr�tica delas pode ser a ado��o de modelos h�bridos de ensino, com uma parte do curso a dist�ncia - algo que era impens�vel at� antes da chegada do novo coronav�rus.

"Com a suspens�o das atividades presenciais, uma parte das escolas m�dicas adotou o ensino remoto. Isso nos trouxe aprendizados de que podemos ter uma parte da forma��o remota", afirma Nildo Alves Batista, presidente da Associa��o Brasileira de Educa��o M�dica.


As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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