
Conversas por WhatsApp entre uma professora do curso de medicina veterin�ria do Uniceplac, no Gama, e uma pessoa ligada aos jovens presos suspeitos de participa��o em esquema de tr�fico de animais ex�ticos e oculta��o de provas sugerem que a docente sabia que os jovens, estudantes da institui��o, mantinham cobras em cativeiro, inclusive as pe�onhentas. No Brasil, � proibido criar esse tipo de animal em casa.
As mensagens, a que o Correio teve acesso, est�o em um dos aparelhos apreendidos pela Pol�cia Civil nas investiga��es sobre suposto esquema de tr�fico internacional de animais ex�ticos. A opera��o, batizada de Snake, foi desencadeada ap�s Pedro Henrique dos Santos Krambech Lehmkul, estudante de medicina veterin�ria da Uniceplac, ser picado por uma naja que criava ilegalmente em casa.
Durante a opera��o, coordenada pela 14ª Delegacia de Pol�cia (Gama), investigadores apreenderam os celulares de Pedro; do padastro dele, o tenente-coronel Cl�vis Eduardo Condi; de Gabriel Ribeiro de Moura, acusado de oculta��o de provas por ter escondido a naja e outras 16 cobras; e de outros colegas dos suspeitos. � de um desses �ltimos aparelhos a troca de mensagens com a professora.
Ao interlocutor, ela escreve: "Pega as outras cobras venenosas e soltem no mato as que forem nativas daqui". E continua: "S� gelei pensando naquela jararaca. Voc�s est� junto?". O interlocutor responde: "N�o eu n�o tenho nenhuma serpente mais". A jararaca � uma esp�cie de cobra venenosa, nativa do Brasil.
Em outras mensagens, ele escreve � professora: “N�o tem mais nenhuma serpente e que n�o sabe o que aconteceu, mas teve algum vacilo feio por parte do Pedro”. Em seguida, a professora diz: “Agora v�o ter que dar um jeito nas outras cobras, deve cair fiscaliza��o”. E a pessoa responde: "Uma hora dessas j� deve ter rodado os bichos tudo”. E continua dizendo que “muita gente que cria vai cair”.

Depois disso, a professora cita um outro nome: “Com pena da Lola. A pol�cia vai cair em cima dela”.
Em uma outra conversa analisada pela pol�cia, um jovem assume que soltou uma jararaca e que, por causa disso, sentiu uma "dor no cora��o". A pessoa pergunta se ele estava fazendo "rolo com os meninos". Por fim, ele responde: "Mais ou menos. Tem altos grupos s� eu, Gabriel e Pedro falando em comprar pe�onhento".
A assessoria do Centro Universit�rio do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac) confirmou que a professora faz parte do quadro da institui��o e, at� a �ltima atualiza��o dessa reportagem, manteve o posicionamento original a respeito do caso, informando que n�o tinha conhecimento da posse ilegal de serpentes ou de quaisquer outros animais silvestres entre alunos.
A institui��o abrir� um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar o fato. "Aproveitamos para ressaltar que todos os animais devem ser manipulados apenas por pessoas devidamente capacitadas e que a cria��o e manuten��o de animais silvestres devem seguir a legisla��o vigente", informou o centro de ensino.
A reportagem tenta localizar a defesa da professora. O espa�o permanece aberto para manifesta��o.
Conselho emite nota
O Conselho Regional de Medicina Veterin�ria do Distrito Federal (CRMV-DF) emitiu um nota de esclarecimento informando que vem acompanhando as investiga��es junto �s autoridades policiais e se coloca � disposi��o dos �rg�os de seguran�a do DF para esclarecimentos t�cnicos e cient�ficos, como testemunha qualificada.
"Caso as investiga��es apontem a participa��o e/ou coniv�ncia de qualquer um dos profissionais citados acima, o CRMV-DF tomar� as devidas provid�ncias, que no caso implicar� na instaura��o de processo �tico profissional", esclareceu a entidade.