Uma quadrilha armada com fuzis e composta por mais de 30 criminosos explodiu ag�ncias banc�rias, atacou policiais, fez ref�ns e levou terror � cidade de Botucatu, no interior de S�o Paulo, na madrugada de ontem. Um suspeito acabou morto e dois policiais ficaram feridos durante a ocorr�ncia. A Pol�cia Civil agora apura a rela��o do grupo com o crime organizado e com fac��es como o Primeiro Comando da Capital (PCC).
A a��o come�ou �s 23h30 da quarta-feira e se estendeu at� as 3 horas da madrugada de ontem na cidade de 146 mil habitantes. O alvo principal do bando era o Servi�o Regional de Tesouraria (Seret) do Banco do Brasil, cujo cofre foi explodido para a retirada do dinheiro. A quantia levada n�o foi revelada. A pol�cia acredita que o bando dispunha de informa��es privilegiadas sobre a circula��o de valores no local. Os Serets do interior t�m se tornado alvo dos criminosos por concentrar grandes quantias de cidades vizinhas.
O ataque repetiu assaltos similares ao contar com um grande n�mero de criminosos espalhados pela cidade, explos�es simult�neas e ataque aos policiais que atendem aos chamados. Os criminosos incendiaram cinco ve�culos e abriram fogo contra viaturas e bases da Pol�cia Militar. Pessoas que estavam na rua ou passavam de carro foram feitas ref�ns.
Em pelo menos quatro oportunidades, os criminosos entraram em confronto com a pol�cia, que atuou na cidade com batalh�es especializados, com agentes do Comando e Opera��es Especiais (COE) e das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Na fuga, os criminosos atearam fogo em uma carreta, no km 263 da rodovia Marechal Rondon, sentido de S�o Manuel.
O cerco contra a quadrilha prosseguiu at� a manh� de ontem e a Secretaria da Seguran�a P�blica estima que 200 policiais tenham participado da opera��o, que contou com dois helic�pteros e 70 viaturas. �s 8 horas da manh�, um suspeito foi baleado em uma mata, na periferia da cidade. Levado ao Hospital das Cl�nicas de Botucatu, o homem n�o resistiu e morreu. Sua identifica��o n�o foi revelada, mas os investigadores esperam usar essa informa��o para come�ar a descobrir os respons�veis pelo ataque. A identidade pode levar a outros crimes similares. A investiga��o do crime contar� com o apoio da Delegacia de Roubos a Bancos, do Departamento Estadual de Investiga��es Criminais (Deic), que em outras oportunidades j� realizou esse tipo de cruzamento de informa��es.
Em cinco carros blindados que foram abandonados a pol�cia encontrou fuzis calibres 5.56 e 7.62, al�m de um modelo .50, capaz de furar blindagens de carros-fortes. Ao menos dois casos de moradores feitos ref�ns por ladr�es em busca de carros foram confirmados na madrugada: um em estacionamento e, outro, em uma casa. N�o houve feridos. Tamb�m h� relatos ref�ns no momento do ataque.
O comandante de Policiamento do Interior-7, coronel Aleksander Toaldo Lacerda, confirmou que foi acionado um plano de conten��o assim que viaturas da PM foram queimadas em frente ao 12� Batalh�o, com mobiliza��o das PMs de cidades vizinhas e cerco nas sa�das do munic�pio, para evitar confrontos na �rea urbana. Devido ao bloqueio, assaltantes tiveram de abandonar carros e fugir a p� por �reas de mata.
O secret�rio executivo da PM, coronel Alvaro Batista Camilo, disse que o modo de atua��o da quadrilha mostra que a a��o foi amplamente planejada por contar com armamento pesado, explosivos, coletes bal�sticos. "A pol�cia de S�o Paulo tem tomado provid�ncias para que esse crime seja reduzido ou n�o aconte�a no interior do Estado e temos dado resposta com maior poder de rea��o."
O Banco do Brasil, cuja ag�ncia de Botucatu foi a mais danificada nos ataques, informou em nota que n�o abriu nesta quinta-feira "ap�s ataque criminoso do tipo novo canga�o". Segundo o BB, houve danos estruturais em parte da unidade pelo uso de explosivos. Tamb�m confirmou ter recebido per�cia do esquadr�o anti-bombas e que equipes de engenharia e manuten��o foram deslocadas para o local para avaliar danos e procedimentos de limpeza.
Toque de recolher
Com o clima de medo, Botucatu adotou toque de recolher, pedindo a moradores para ficarem em casa, e suspendeu o funcionamento de unidades b�sicas de sa�de, em meio � pandemia. Em comunicado no Facebook, a Secretaria Municipal de Sa�de informou que a medida � necess�ria para proteger a popula��o e servidores e por instabilidade nas redes de energia el�trica e internet.
"A situa��o est� muito tensa. Vim trabalhar com medo. A prefeitura informou que estava dispensando o pessoal, mas me senti na obriga��o, pois trabalho no Balc�o da Cidadania e presto informa��es a mun�cipes. Muitos deles s�o idosos, � importante eu estar aqui", contou o servidor p�blico Bruno Furlan, de 20 anos. "Tem pol�cia por todo canto, Rota, at� da Pol�cia Rodovi�ria."
Gerente do Igua�u Hotel, que fica a duas quadras das ag�ncias invadidas, Vin�cius Vieira tem como h�spede um dos primeiros ref�ns da quadrilha, que prestava servi�o de reparo de vidros na ag�ncia banc�ria quando ocorreu o ataque. Um amigo desse oper�rio tamb�m foi rendido, segundo Vieira. "(Os bandidos) falavam que era para ficarem tranquilos, que s� queriam dinheiro. E (o reparador de vidros) contou que, numa distra��o dos assaltantes, saiu correndo e voltou para o hotel."
O outro s� foi liberado depois. A inten��o dos bandidos era ter "escudos humanos" caso a pol�cia chegasse. Funcion�rios de uma farm�cia tamb�m foram mantidos ref�ns.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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