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Estado de Minas GERAL

S�o Paulo: parque Augusta vira s�tio arqueol�gico


01/08/2020 12:00

Um quadril�tero verde alvo de tantos conflitos ao longo de d�cadas ganhou atributo distinto nos �ltimos meses: o de s�tio arqueol�gico. Com abertura adiada para dezembro, o Parque Augusta se tornou espa�o de uma centena de escava��es em busca de ind�cios de testemunhos de uma S�o Paulo dos s�culos passados e at� pr�-colonial.

As prospec��es arqueol�gicas come�aram h� pouco mais de tr�s semanas e devem seguir por parte de agosto, a depender de descobertas e avalia��o dos resultados. Entre os achados registrados est�o seis fragmentos de lou�a dos s�culos 19 e 20, caminhos centen�rios, estruturas hidr�ulicas de cer�mica e a base do muro, parcialmente em formato de arco. Nada por enquanto remete � ocupa��o ind�gena da regi�o, suspeita que levou o Iphan a paralisar as obras do parque em janeiro.

Como n�o era previsto no acordo entre a Prefeitura de S�o Paulo e os antigos donos, o estudo � realizado por t�cnicos da Secretaria Municipal de Cultura e 16 benefici�rios do Programa Opera��o Trabalho (POT), de reinser��o social.

Os po�os de teste s�o feitos a cada 10 metros do terreno, cuja profundidade varia entre 1 e 3 metros, dos quais ao menos quatro seguem preservados por conterem artefatos do s�culo passado. "Aproveitamos tamb�m sondagens que a obra est� fazendo, que foram a at� 6 metros", explica Paula Nishida, supervisora do Centro de Arqueologia de S�o Paulo.

O principal foco � o muro, cuja preserva��o parcial est� temporariamente determinada ap�s a abertura de um pedido de tombamento. Uma das suspeitas era de que o formato semelhante a arcadas tivesse rela��o com os cursos d��gua, hip�tese que n�o � confirmada pelos ind�cios encontrados at� agora. "Fizemos tr�s trincheiras rentes ao muro, para ver a profundidade. Uma mostrou que os arcos n�o continuam descendo, param em um momento. Nas outras, tamb�m n�o descem muito", explica Paula. "Foram constru�das como um arrimo para a Rua Augusta, a gente consegue ver, debaixo do arco, o fundo do cal�amento."

"O que tem chamado a aten��o � que est�o aparecendo poucos artefatos", aponta Paula. "A escava��o est� evidenciando mais estruturas, caminhos, funda��es antigas. � um terreno muito constru�do, mexido. Isso muda a escala das coisas."

Enquanto artefatos menores podem ser retirados, limpos e armazenados em laborat�rio, estruturas construtivas s�o mantidas no local at� avalia��o do Iphan junto aos respons�veis pelo parque. Antes das escava��es, a equipe que faz o restauro de constru��es da �rea j� havia encontrado uma trilha centen�ria no bosque.

Interesse

Entre os integrantes da equipe, Paula diz que C�sar Augusto Palhares � um dos mais empolgados. "Ele super se empolgou, est� lendo sobre arqueologia", comenta.

Aos 37 anos, ele costuma ouvir as explica��es de Paula como um estudante atento e considera a atividade um misto de trabalho com sala de aula. "Foi um engenheiro esses dias, colei nele para fazer um monte de pergunta. N�s temos um ge�logo que � meio quiet�o, mas estou sempre fazendo pergunta para ele tamb�m", diz C�sar.

Quando n�o est� no parque, pesquisa sobre a trajet�ria do local, do Iphan, do patrim�nio hist�rico, cultural e ambiental paulista pelo celular. "Mudou muito meu jeito de ver a cidade, as pessoas. A cidade vai crescendo muito e, �s vezes, as hist�rias ficam enterradas", comenta. "Est� mudando as conversas entre n�s. Antes a gente falava uns assuntos sem p� nem cabe�a, agora elevou o n�vel."

Ex-dependente qu�mico, C�sar vive em um espa�o de acolhida perto da Cracol�ndia. "Moro nos Campos El�sios. Comecei a estudar sobre o bairro, quem era Glete e Nothmann (nomes de vias da regi�o). Comecei a olhar diferente para a Sala S�o Paulo, que � um lugar lindo. Comecei a ouvir m�sica cl�ssica para conhecer, e gostei."

Ele deve prestar o pr�ximo Enem e se prepara por meio de um curso pr�-vestibular popular, mas ainda n�o decidiu se faz Ci�ncias Sociais, Psicologia ou outro curso. "Hoje, ando pela cidade e come�o a ver as constru��es. Se vejo uma est�tua, paro para ler o rodap� para saber quem �."

Restauro

As obras tamb�m incluem o restauro da "casinha" pr�xima do bosque, que poder� virar uma cafeteria ou um ponto de educa��o ambiental, e do portal na Rua Caio Prado, ambos datados do in�cio do s�culo 20, tombados na esfera municipal e remanescentes do antigo Col�gio Des Oiseaux, demolido na d�cada de 1970.

A restaura��o � da Kruchin Arquitetura, que recuperou, por exemplo, o telhado da casinha, atingido pela queda de �rvores. Um mural com a pintura de um tatu feito na lateral da constru��o dever� ser mantido. A pintura mant�m as cores originais, em tons past�is.

Segundo Tamires Carla de Oliveira, coordenadora da Gest�o de Parques e Biodiversidade Municipal, essa etapa est� "bastante avan�ada" e em fase de acabamento, como de pintura e coloca��o de caixilhos.

Outros

Ap�s o encerramento da arqueologia e aval do Iphan, a prioridade ser� iniciar a constru��o da sede da administra��o do parque, que incluir� tamb�m sanit�rios p�blicos. Junto a ela, estar�o um deque e uma arquibancada de madeira. "O restante � obra simples", ressalta Tamires, ao citar os caminhos e a instala��o de equipamentos de gin�stica e mobili�rio. O bosque, tombado, ser� preservado.

A obra do boulevard que ligar� o parque � Pra�a Roosevelt ficar� para uma etapa posterior, mas � considerada um projeto de execu��o mais simples, focado em cal�amento e paisagismo, segundo Tamires. O projeto completo tem custo estimado de R$ 6,2 milh�es, bancado pelas construtoras que detinham o terreno. As empresas tamb�m dever�o custear dois anos de manuten��o do espa�o.

A gest�o Bruno Covas tamb�m prometeu entregar outros nove parque at� o fim deste ano. Por enquanto, foram inaugurados o Ribeir�o Col�nia, no extremo sul, e o Nair Bello, em Itaquera, zona leste. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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