
Em live no canal XP Investimentos no Youtube na tarde desta segunda-feira, o ex-secret�rio de Vigil�ncia Sanit�ria do Minist�rio da Sa�de, Wanderson Oliveira, demonstrou preocupa��o acerca da falsa expectativa criada em torno da produ��o e distribui��o da vacina contra o coronav�rus. Mesmo com o empenho da comunidade cient�fica do pa�s em realizar testes para garantir a efic�cia dos produtos, o m�dico explica que ainda � cedo para se pensar na imuniza��o de toda a popula��o.
"Falar que vai ter vacina no fim do ano � for�ar a barra. E falar que vai come�ar a vacinar em fevereiro tamb�m � for�ar a barra. Precisamos ter muita cautela", afirma Oliveira, que deixou a pasta da sa�de em 15 de abril, um dia antes da exonera��o do ministro Luiz Henrique Mandetta.
Mantendo a defesa do isolamento social durante a COVID-19, algo que contrariou as ideias defendidas pelo presidente Jair Bolsonaro e provocou a demiss�o de Mandetta, o ex-secret�rio explica que, at� as vacinas chegarem ao mercado, ser� necess�rio muito tempo e estudo: "Eu me preocupo mesmo � com as medidas de preven��o. O distanciamento e o uso de m�scara v�o entrar em 2021 e n�o sabemos quando isso vai parar. Vamos precisar de log�stica para atingir todas as pessoas. A vacina demora um tempo para garantir a prote��o. Tem vacina que exige quatro doses. E nem todo mundo ser� vacinado ao mesmo tempo. H� muitas quest�es inclu�das nesse debate. Teremos uma boa vacina, sim, mas n�o acredito que seja em dezembro. J� sabemos que � poss�vel fazer vacina, mas n�o sabemos quando".
"Sou entusiasta do programa nacional de imuniza��o, acredito nas vacinas. O Brasil tem grande capacidade de produ�ao. Mas � um processo que demora pelo menos um ano e meio. O fato de termos uma vacina n�o significa que ela estar� dispon�vel. Teremos resultados avan�ados em breve sobre essa fase 3. Mas sou contra divulga��o de resultados por fase, porque voc� cria expectativas", completou Wanderson Oliveira.
O rosto do ex-secret�rio se tornou um dos mais conhecidos no come�o da pandemia. Sempre aparecia ao lado do secret�rio Jo�o Gabbardo para apresentar dados e a��es do Minist�rio da Sa�de em rela��o ao combate � COVID-19. Wanderson de Oliveira � doutor em epidemiologia pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e atuava tamb�m como professor da Escola Fiocruz de Governo, em Bras�lia. Tamb�m � enfermeiro epidemiologista do Hospital das For�as Armadas e atuou por 16 anos no Minist�rio da Sa�de.
Sem testagem
Wanderson tamb�m criticou a falta de testagem no Brasil e revelou que o n�mero de infectados � muito superior ao que � divulgado pelo governo federal: "Infelizmente, ainda faltam testes para os brasileiros. Por esse motivo, temos muito mais casos do que aparecem atualmente. As estimativas s�o de que temos 10 vezes ou 12 vezes mais que o total que vemos. Hoje, devemos ter em torno de 16 e 30 milh�es de casos. J� o n�mero de �bitos seria pouco mais de 130 mil". "N�o � muito arriscado dizer que podemos ter ultrapassado a barreira dos 100 mil. Mas � problema s� do estado? N�o. Os �bitos n�o t�m amostra com qualidade, eles ficam muito tempo dentro do hospital e os testes n�o t�m qualidade. Temos muitos casos de S�ndrome respirat�ria aguda grave, que depois evoluem para COVID. No futuro, pode ser que esse n�mero de �bitos diminua. Muito �bitos podem ter morrido com COVID e n�o de COVID", afirmou.
No entanto, ele considera que o Brasil esteja se aproximando da estabilidade no controle da doen�a: "N�o creio que vamos manter esse padr�o de casos e mortes com n�veis elevados por muito tempo. Espero que estejamos pr�ximos de uma redu��o. A taxa de ocupa��o nos hospitais ainda � elevada. Ainda h� um atraso muito grande entre as informa��es entre o que � divulgado e o que realmente �, mas, com o passar do tempo, a doen�a ser� controlada".