Uma nota t�cnica divulgada nesta segunda-feira, 3, pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amaz�nia (Ipam), �rg�o que estuda a regi�o h� 25 anos, mostra que a concentra��o de focos de inc�ndio na Amaz�nia n�o est� concentrada em �reas j� desmatadas da regi�o, como tem afirmado o governo federal, reiteradamente.
O relat�rio, que faz um levantamento detalhado a partir de dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revela que, em 2019, 30% do fogo registrado na Amaz�nia foi inc�ndio florestal, ou seja, de �rea protegida. Outros 36% est�o associados ao manejo agropecu�rio e os demais 34%, a desmatamentos recentes.
Na semana passada, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu�ria (Embrapa), ligada ao Minist�rio da Agricultura, afirmou que 90% dos focos de inc�ndio ocorridos na �rea da Floresta Amaz�nia em 2019 se deram em �reas j� desmatadas e que a a��o n�o estaria derrubando por��es da floresta para a abertura de novas �reas de cultivo.
A Embrapa colocou a culpa das queimadas em pequenos produtores rurais j� estabelecidos na regi�o, que n�o contariam com tecnologias mais modernas para o preparo de terrenos que j� s�o utilizados em pastagens e lavouras. Segundo seus analistas, s�o locais que j� desenvolvem atividades agropecu�rias "h� anos, dezenas de anos e at� h� s�culos".
No levantamento do Ipam, por�m, os pesquisadores Ane Alencar, Lucas Rodrigues e Isabel Castro afirmam que, apesar de as queimadas associadas ao manejo agropecu�rio serem maioria, est� longe de chegar a 90% do total, inclusive em anos anteriores. "Pode-se observar pouca varia��o proporcional entre 2016 e 2018 (m�dia de 42%), mas a taxa cai em 2019, para 36%, devido ao aumento do fogo em �rea de desmatamento recente", afirmam os pesquisadores, ao se referir a novas �reas em fase de abertura para serem exploradas.
De acordo com os autores, entre 2016 e 2019, 64% dos focos de calor foram detectados em �reas rec�m-desmatadas ou j� convertidas para uso agropecu�rio, sendo que 22% dos focos estavam diretamente relacionados a desmatamento recente e 42% associados a manejo agropecu�rio.
O m�s de julho fechou com uma alta de 28% no total de focos de inc�ndio na floresta, em compara��o com o mesmo m�s do ano passado, segundo dados divulgados neste s�bado, 1, pelo Inpe. � o pior dado desde 2017. Por outro lado, no acumulado do ano, entre janeiro e julho, o total de queimadas neste bioma teve queda de 7,6%.
A floresta amaz�nica teve 6.803 focos de inc�ndio, contra 5.318 focos registrados em julho de 2019. O recorde para o m�s, de 2017, foi de 7.986 queimadas detectada pelo instituto. O m�s anterior j� havia sido o pior junho dos �ltimos 13 anos, de acordo com os n�meros do Inpe.
As queimadas est�o proibidas no Pa�s desde o dia 16, em um recesso que deveria durar 120 dias. A medida foi estabelecida por um decreto do presidente Jair Bolsonaro. O per�odo mais intenso de queimadas no Pa�s come�a agora, e deve durar at� o in�cio das chuvas de ver�o. Na ocasi�o, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o decreto era "importante para sinalizar que n�s n�o queremos queimada. Quem fizer queimada est� incorrendo em ilegalidade aberta".
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