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Estado de Minas CASO NAJA

Tr�fico de animais: Estudantes faziam rifas de cobras em faculdade

Pedro Henrique, a m�e e o padrastro dele responder�o por tr�fico de animais e associa��o criminosa. Outras oito pessoas tamb�m foram indiciadas por crimes ambientais e fraude processual, entre elas uma professora e um policial militar


14/08/2020 08:52

(foto: Ed Alves/CB/DA Press)
(foto: Ed Alves/CB/DA Press)

A Pol�cia Civil do Distrito Federal (PCDF) concluiu que Pedro Henrique Krambeck Lehmkul, de 22 anos, participava de um esquema ilegal de tr�fico de animais silvestres desde 2017.

O estudante de medicina veterin�ria, picado por uma naja kaouthia em 7 de julho, n�o era simplesmente um ‘mero colecionador de cobras’, mas comprava os animais de outros estados do pa�s e os revendia para ganhar dinheiro, como revelaram as investiga��es conduzidas pela 14ª Delegacia de Pol�cia (Gama).

Al�m do jovem, outras 10 pessoas foram indiciadas pelos crimes de tr�fico, associa��o criminosa, maus-tratos, prevarica��o e fraude processual. Pedro Henrique pode ser condenado a at� 30 anos de pris�o, bem como a m�e e o padrasto dele. A pena dos demais envolvidos varia entre seis meses a oito anos de deten��o.

Al�m do padrasto de Pedro Henrique, o tenente-coronel da PMDF, Cl�vis Eduardo Condi, e a m�e, a advogada Rose Meire dos Santos, estariam envolvidos no esquema o amigo Gabriel Ribeiro de Moura e o comandante do Batalh�o da Pol�cia Militar Ambiental (BPMA), Joaquim Elias Costa Paulino. Haveria a participa��o, ainda, da professora de medicina veterin�ria da faculdade Uniceplac, no Gama — institui��o onde Pedro e os amigos estudam —, e de outros colegas do jovem.

Pedro entrou para o mundo do tr�fico de animais em 2017, segundo a apura��o policial. O crime consistia na compra de serpentes, vindas de outros estados brasileiros, e trazidas para o DF. “Di�logos colhidos pela pol�cia mostraram ele negociando a venda dessas esp�cies. Um dos neg�cios, inclusive, foi realizado no Gama; tratava-se de um filhote de uma cobra Nigritus, que custou R$ 500. Ele viu o quanto o neg�cio era rent�vel e embarcou. Cada ninhada, por exemplo, vinha com 20 filhotes”, detalhou o delegado � frente das investiga��es, Willian Andrade.

Em depoimento, uma das testemunhas ouvidas pela pol�cia confessou que havia comprado uma cobra de Pedro Henrique. Nessa quinta (13), ap�s uma den�ncia an�nima, agentes capturaram uma p�ton-indiana de, aproximadamente, 5m e com 90kg, em uma casa, em �guas Lindas de Goi�s. A esp�cie n�o � nativa do Brasil e tem alto potencial invasor. Esse animal � t�pico do sudeste asi�tico e integra, desde 2012, a lista vermelha de esp�cies amea�adas de extin��o da Uni�o Internacional para a Conserva��o da Natureza (IUCN). O Correio apurou que esse caso foi acrescentado no inqu�rito policial da naja, pois h� a suspeita de que esse homem tenha comprado o filhote dessa cobra de Pedro Henrique.

Rifa de animais


Segundo o delegado Willian Andrade, outros professores sabiam da atividade il�cita e que a associa��o criminosa come�ou na pr�pria faculdade. “Os estudantes chegavam a fazer rifas de cobras. Conclu�mos que o com�rcio de animais � algo banalizado. Eles acham normal. Um deles, inclusive, disse, em depoimento, que se tratava de um pet”, destacou.

Pedro Henrique foi indiciado 23 vezes por tr�fico de animais silvestres e maus-tratos, al�m de associa��o criminosa, mesmo indiciamento do padrastro e da m�e dele. O jovem picado pela naja tamb�m responder� pelo exerc�cio ilegal da profiss�o de veterin�rio, uma vez que v�deos colhidos pelos policiais mostraram o jovem realizando uma cirurgia em uma cobra. O Correio tentou entrar em contato com a defesa da fam�lia, mas n�o obteve resposta at� o fechamento desta edi��o.

Em 7 de julho, no dia em que o jovem foi picado pela naja, a fam�lia de Pedro acionou o amigo dele Gabriel Ribeiro de Moura pedindo ajuda para espalhar as outras serpentes. O colega, que tamb�m � estudante de medicina veterin�ria, teria ocultado os outros animais. Policiais civis entraram em contato com o jovem na tentativa de pegar a naja, mas ele teria dito que entregaria a cobra para a Pol�cia Militar. A serpente foi encontrada um dia depois, pr�ximo ao shopping Pier 21.

No depoimento, Gabriel confessou que s� entregou a naja aos militares, tendo em vista ‘um acordo de impunidade’. Segundo ele, o comandante do BPMA, o major Elias Costa, havia lhe garantido que n�o o levaria � delegacia. Por causa disso, o policial foi indiciado por fraude processual, prevarica��o, associa��o criminosa e coa��o no curso do processo. Ele est� afastado das atividades externas preventivamente, segundo informou a PMDF.

Ao Correio, o militar se disse surpreso. “Se eu tivesse mesmo feito essa oferta ao jovem, ele teria entregado a cobra na minha m�o, ao inv�s de fugir”, defendeu-se. Segundo o major, “a situa��o � constrangedora, mas os fatos verdadeiros ser�o esclarecidos”.

A defesa de Gabriel Ribeiro informou que o indiciamento n�o deixa d�vidas de que ele nunca traficou, criou ou reproduziu serpentes. “Por outro lado, a conclus�o do delegado � imprecisa quanto � participa��o de Gabriel nos supostos crimes de maus-tratos, posse ilegal, bem como na fraude processual e corrup��o de menores. Os pr�ximos passos ser�o decididos apenas ap�s acesso oficial ao relat�rio final do inqu�rito”, informou, em nota.

Durante o processo de investiga��o, a pol�cia teria constatado, ainda, o envolvimento de uma professora de medicina veterin�ria da Uniceplac. Em troca de mensagens pelo WhatsApp, a docente sugere a um estudante que ele solte as cobras no mato. A mulher, identificada como Fabiana Sperb Volkweis, permanece trabalhando na institui��o, conforme o Correio apurou. Ela responder� por fraude processual. Procurada, a defesa da professora n�o havia se manifestado at� o fechamento desta edi��o. Por meio de nota oficial, a faculdade esclareceu que a comiss�o interna criada para a an�lise do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) segue acompanhando o processo para tomar as medidas administrativas cab�veis.

Principais alvos do esquema


Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl
» Tr�fico de animais, associa��o criminosa e exerc�cio ilegal da medicina. Pena: at� 30 anos de pris�o

Rose Meire dos Santos Lehmkuhl
» Fraude processual, corrup��o de menores, tr�fico de animais, maus-tratos e associa��o criminosa. Pena: at� 30 anos de pris�o

Clovis Eduardo Condi
» Tr�fico de animais, fraude processual, maus-tratos e associa��o criminosa. Pena: at� 30 anos de pris�o

Gabriel Ribeiro
» Posse ilegal de animal silvestre, maus-tratos, fraude processual e corrup��o de menores. Pena: de seis a oito anos de deten��o

Demais amigos de Pedro Henrique
» Entre os crimes: posse ilegal de animais silvestres, favorecimento real, corrup��o de menores e associa��o criminosa. Pena: de seis a oito anos de pris�o

Major Joaquim Elias
» Prevarica��o, fraude processual, associa��o criminosa, coa��o no curso do processo. Pena: de tr�s meses a oito anos de reclus�o

Fabiana Sperb Volkweis
» Fraude processual. Pena: de tr�s meses a dois anos de pris�o


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