Ap�s diagn�stico cl�nico feito em consulta realizada pela internet, pacientes da Prevent Senior est�o recebendo em casa, pelos Correios, uma esp�cie de "kit covid", composto por hidroxicloroquina 400 mg, azitromicina 500 mg e pelas vitaminas Vitacon C + Zinco + Vitamina D e Detem D3. No receitu�rio de controle, assinado por um m�dico que n�o faz a consulta, constam as dosagens di�rias.
Os pacientes s�o aconselhados a tomar os medicamentos antes mesmo de fazerem o teste para detec��o do novo coronav�rus - cujo resultado � informado em cinco dias.
Com um quadro t�pico de gripe, em que apresentava congest�o nasal, estado febril de 37,2�C, indisposi��o e leve dor no corpo, a atriz Lilian Athie, de 58 anos, marcou pelo aplicativo da operadora, no dia 30 de julho, uma consulta virtual. "A m�dica fez um r�pido levantamento do meu estado e disse que provavelmente eu estava com covid, mesmo eu dizendo que n�o estava com tosse ou falta de ar. Imagino que a conclus�o foi baseada na minha informa��o que tinha perdido o olfato. O fato � que, normalmente, uma forte congest�o nasal causa a perda de olfato. Assim que passamos a respirar melhor, o olfato volta a funcionar", disse Lilian.
Durante o diagn�stico, diz a atriz, a m�dica perguntou se ela morava com algu�m, se trabalhava fora e se era card�aca. "Respondi n�o a todas as perguntas." Ap�s anotar os dados, informou que ela iria receber mensagem de texto pelo celular com um link para aceitar o recebimento da medica��o em casa e tamb�m uma liga��o informando os procedimentos.
"A m�dica refor�ou que era para eu tomar os rem�dios assim que os recebesse. E tamb�m ligar para a central de atendimento e agendar o teste PCR para detec��o de coronav�rus. Pediu para repousar e n�o sair de casa por 13 dias."
Lilian recebeu o kit no mesmo dia da consulta. No dia seguinte, fez o teste pelo m�todo RT-PCR . O resultado, que ficou pronto quatro dias depois, foi informado por uma atendente do conv�nio que ligou para saber como estava e se tinha tomado o medicamento. "Eu disse que somente tinha tomado a vitamina C. A mesma pessoa me informou que o resultado do teste tinha dado negativo. Perguntou se podiam recolher os medicamentos que eu n�o havia tomado. Pedi para ficar com as vitaminas", disse.
"Acho que o plano deveria explicar melhor os medicamentos enviados. Senti como se quisessem fazer um teste comigo. Como o conv�nio prescreve hidroxicloroquina ap�s uma consulta virtual de cinco minutos?", indagou. Al�m do caso da atriz, o Estad�o conversou com outras cinco pessoas clientes da Prevent Senior, que relataram o mesmo procedimento.
Atendimento precoce
Procurada, a Prevent Senior - especializada em idosos, grupo de risco da doen�a, afirma que "o atendimento precoce de covid-19 tem sido adotado com resultados significativos de redu��o de interna��o e taxas de mortalidade" nos hospitais da rede.
Questionada sobre o envio do kit, que inclui hidroxicloroquina e azitromicina aos pacientes ap�s diagn�stico online, a operadora justifica que "todos que recebem o kit assinam um termo concordando em receber os medicamentos em casa, sem nenhum custo adicional". A operadora diz ainda que os pacientes s�o atendidos e acompanhados por seus m�dicos e que "a utiliza��o de qualquer rem�dio, mesmo ap�s orienta��o m�dica, depende da vontade do paciente".
O cardiologista Carlos Alberto Pastore, da Sociedade de Cardiologia do Estado, afirma que n�o se pode considerar o uso do kit como uma forma de preven��o ou tratamento do novo coronav�rus. "No in�cio muitas pessoas tomaram hidroxicloroquina, mas nunca foi uma conduta definida", alerta. E a coordenadora do programa de Sa�de do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ana Carolina Navarrete, considera grave a decis�o da operadora. "N�o � o m�dico A ou B decidindo prescrever. � a institui��o estabelecendo um protocolo de tratamento que n�o tem respaldo em evid�ncia cient�fica. Uma coisa � fazer isso de forma atrelada a um estudo cl�nico, outra muito diferente � quando n�o h� estudo cl�nico."
At� a pandemia do novo coronav�rus, a hidroxicloroquina era conhecida pelo uso em tratamento de artrite, l�pus eritematoso e mal�ria. Come�ou a ser administrada em pacientes suspeitos e testados positivos, mas a pr�pria Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) suspendeu os estudos. "A medica��o pode interferir no processo el�trico do cora��o e provocar arritmia card�aca, o que pode ser fatal", afirma o cardiologista. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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