
A Pol�cia Federal em Pernambuco passou dois anos monitorando os criminosos em regime de colabora��o com autoridades internacionais, a exemplo da National Crime Agency (NCA), de Londres, e revelou que o esquema seguiu operando mesmo na pandemia.
Durante a fase de investiga��o, os agentes apreenderam mais de 10 toneladas de coca�na, prenderam suspeitos que ocupavam cargos mais baixos na hierarquia do esquema e foram identificando todos os quatro bra�os da opera��o, descritos abaixo:
1º - Estabelecido em S�o Paulo e respons�vel pela "importa��o" da coca�na pela fronteira com o Paraguai, transportando a droga por helic�pteros at� o Estado e distribuindo-a no atacado para organiza��es criminosas estabelecidas no Brasil e na Europa.
2º - Sediado em Campinas, recebia a coca�na para distribui��o interna e exporta��o para Cabo Verde, na �frica, e Espanha, B�lgica, Fran�a e Holanda, na Europa.
3º - Estabelecido em Recife, � integrado por empres�rios do setor de transporte de cargas, funcion�rios e motoristas de caminh�o cooptados e prov� a log�stica de transporte rodovi�rio da droga e o armazenamento de carga at� o momento de sua oculta��o nos cont�ineres que ser�o embarcados para outros pa�ses.
4ª - Tamb�m � sediado em S�o Paulo, na regi�o do Br�s, e atua como banco paralelo, disponibilizando sua rede de contas banc�rias - titularizadas por empresas fantasma, de fachada ou em nome de "laranjas" - para movimenta��o de recursos de terceiros, de origem il�cita, mediante controle de cr�dito/d�bito, cujas restitui��es se d�o em esp�cie e a partir de TEDs, inclusive com compensa��o de movimenta��o havida no exterior (d�lar-cabo).
O ponto de partida do esquema era liderado por S�rgio de Arruda Neto, o Minotauro, que est� preso desde o ano passado, e consistia na importa��o da droga trazida do Paraguai por aeronaves abastecidas em uma fazenda localizada no munic�pio de Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Mato Grosso do Sul. O endere�o foi um dos 139 vasculhados pelos agentes mais cedo.
De acordo com a PF, o transporte era feito por helic�pteros como estrat�gia para diminuir os riscos de fiscaliza��o. As aeronaves eram adaptadas: os bancos eram retirados e davam lugar a tanques extras que aumentavam a autonomia do voo. Ainda assim, n�o era poss�vel seguir viagem sem escala para reabastecer, o que era feito em Teodoro Sampaio, no interior paulista.
Quando chegava em S�o Paulo, a carga era transferida a caminh�es, j� preparados para ocultar a droga, que seguiam para dep�sitos portu�rios. O deslocamento ficava a cargo de grandes empres�rios do setor de transporte. Pelo menos cinco foram presos hoje pela PF.
Na sequ�ncia, o carregamento era escondido em cont�ineres e embarcado em navios de carga para outros pa�ses.
O lucro era lavado por uma organiza��o criminosa parceira composta por empres�rios de regi�es famosas de com�rcio na capital paulista, como o Br�s e a rua 25 de mar�o, ambos no centro da cidade.
A partir do detalhamento do esquema, a PF deflagrou hoje a Opera��o Al�m-Mar, que prendeu 33 pessoas, cumpriu mandados de busca e apreens�o em 139 endere�os e apreendeu ve�culos (55), helic�pteros (3), aeronaves (2), embarca��es (3), HDs (52), celulares (74), e R$361 mil em esp�cie.
"A mera apreens�o de drogas, por si s�, n�o vai impedir que essas organiza��es continuem atuando. A partir do momento em que voc� atua nessa descapitaliza��o, ou seja, voc� rastreia, congela, bloqueia, confisca e aliena os bens dessas organiza��es, efetivamente voc� vai estar impedindo que essas quadrilhas continuem a perpetrar crimes", informou a PF, que usou como crit�rio de investiga��o a evolu��o patrimonial dos bens dos envolvidos.