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Estado de Minas GERAL

Um dos epicentros da pandemia, Brasil atrai 21 testes estrangeiros de rem�dios


23/08/2020 16:00

Por ser um dos epicentros da pandemia da covid-19 no mundo, o Brasil atraiu n�o s� estudos de vacinas desenvolvidas no exterior, mas tamb�m pesquisas internacionais de medicamentos contra a doen�a.

Diante de um cen�rio prolongado de alto n�mero de casos e mortes, vem crescendo o interesse de pesquisadores estrangeiros e farmac�uticas multinacionais por incluir nos seus ensaios cl�nicos pacientes brasileiros. Dos 33 estudos de medicamentos ou vacinas para covid j� autorizados pela Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), 21 s�o testes internacionais de poss�veis tratamentos para a infec��o.

As pesquisas que passam pelo �rg�o s�o aquelas em que existe a perspectiva de registro comercial do medicamento ap�s os testes. Os demais estudos, com fins exclusivamente acad�micos ou cient�ficos, passam apenas pelo aval da Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep), que precisa autorizar qualquer pesquisa feita com seres humanos no Pa�s.

Os dados da Conep tamb�m mostram aumento no n�mero de testes internacionais. Dos 178 ensaios cl�nicos autorizados pela comiss�o at� aqui, cerca de 30 s�o financiados por institui��es estrangeiras. Em junho, eram apenas dez.
"Tivemos uma resposta muito forte da comunidade cient�fica brasileira logo no in�cio da pandemia, com muitos estudos nacionais. Depois, quando os casos foram crescendo no Brasil, come�aram a aparecer estudos de fora", explica Jorge Ven�ncio, coordenador da Conep.

Isso porque, para que se possa avaliar a efic�cia de um medicamento, � preciso test�-lo em locais com grande n�mero de pacientes infectados. Diversidade nos perfis dos doentes e nos n�veis de gravidade da doen�a tamb�m s�o importantes.
Como pa�ses asi�ticos e europeus viveram mais cedo o pico da pandemia, Brasil e Estados Unidos, que ainda registram n�meros expressivos de infec��es, tornaram-se os principais locais de estudo de tratamentos e imunizantes.

Entre os rem�dios em testes h� tanto drogas j� registradas para outras patologias, mas que podem ser �teis contra a covid, quanto mol�culas novas desenvolvidas para enfrent�-la.

Exemplos

A farmac�utica AstraZeneca, aliada ao projeto de vacina da Universidade de Oxford, trouxe ao Brasil dois estudos de medicamentos contra a doen�a. Ambos j� s�o registradas para outras finalidades. "Um deles � o acalabrutinibe, rem�dio registrado para doen�a hematol�gica maligna (linfoma). O objetivo � avaliar se ele bloqueia a fase inflamat�ria da infec��o e evita a progress�o da doen�a pulmonar", explica Maria Augusta Bernardini, diretora m�dica da AstraZeneca no Brasil. A fase 2 da pesquisa, em andamento, dever� incluir cerca de 150 participantes, metade deles ser� brasileira.

O outro estudo de medicamento da farmac�utica � coordenado pelo Hospital Albert Einstein. A pesquisa pretende investigar se a dapaglifozina, usada no combate ao diabete, pode evitar complica��es da covid em pacientes com fatores de risco como doen�a card�aca, hipertens�o e o pr�prio diabete. Os testes, j� em fase 3, ter�o 900 participantes, metade deles brasileiros.

"A ideia � checar se o uso do medicamento pode proteger o cora��o e os rins de complica��es e prevenir o agravamento do quadro, como uma fal�ncia respirat�ria", explica Ot�vio Berwanger, diretor da Academic Research Organization (ARO) do Einstein. O hospital deve iniciar em setembro a coordena��o de outro estudo de uma farmac�utica estrangeira.

O complexo do Hospital das Cl�nicas de S�o Paulo participa de pelo menos cinco testes cl�nicos internacionais, como os das drogas tocilizumabe (Roche) e otilimabe (Glaxo), ambas originalmente indicados para a artrite reumatoide, mas agora investigadas por poss�veis benef�cios contra a rea��o inflamat�ria causada pelo coronav�rus.

"� dif�cil encontrar um medicamento que seja eficaz para uma infec��o viral aguda como a do coronav�rus, ent�o temos de atuar em v�rias frentes contra a doen�a: reduzindo a resposta inflamat�ria, o efeito coagulante. Drogas para esses fins est�o sendo testadas", diz Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Pedidos de aval para estudos triplicam e motivam for�a-tarefa

Com a corrida de cientistas por tratamentos e vacinas contra a covid-19, a Comiss�o Nacional de �tica em Pesquisa (Conep) viu o n�mero de pedidos por autoriza��o para estudos com humanos triplicar durante a pandemia e teve de montar uma for�a-tarefa para acelerar as solicita��es.

Segundo o coordenador do �rg�o, Jorge Ven�ncio, a comiss�o levava, antes da pandemia, 25 dias, em m�dia, para dar uma resposta sobre os protocolos. Com a covid, o prazo m�ximo passou para sete dias. Em alguns casos, o aval do �rg�o foi dado em apenas 72 horas.

"Quando chega um protocolo de pesquisa, ele passa por uma assessoria t�cnica, um relator e depois vai para avalia��o da c�mara t�cnica da Conep. Tradicionalmente, as reuni�es de c�mara t�cnica aconteciam uma vez por m�s, durante tr�s dias. Com a pandemia, passamos a fazer reuni�es di�rias, inclusive aos s�bados e domingos", conta Ven�ncio.

"Em alguns dias, chegamos a realizar tr�s ou quatro reuni�es de c�maras di�rias simultaneamente", completa ele.

No grupo que avalia os protocolos est�o os 30 membros titulares da comiss�o, cinco suplentes e 15 especialistas externos. Todos trabalham de maneira volunt�ria, sem remunera��o. "Foi um grande esfor�o, ainda mais contando que essas pessoas t�m outras atividades em suas institui��es de pesquisa. Mas, diante do momento at�pico, houve uma motiva��o para ajudar. Consideramos que, de certa forma, tamb�m est�vamos na linha de frente de combate � pandemia", afirma Ven�ncio.

A maior celeridade na aprova��o dos estudos e a experi�ncia do Pa�s em ensaios cl�nicos s�o apontados por cientistas como fatores que tamb�m ajudaram a trazer estudos internacionais para o Brasil. A vinda de mais pesquisas globais fortalece a ci�ncia nacional e traz benef�cios para pacientes brasileiros, dizem os pesquisadores.

"Quando o Pa�s participa de um estudo, somos inclu�dos na discuss�o cient�fica sobre o uso da medica��o e temos a oportunidade de ver os resultados em pacientes brasileiros, com as particularidades cl�nicas e sociais da nossa popula��o", diz Esper Kallas, professor da Faculdade de Medicina da USP. "Al�m disso, j� se inicia uma discuss�o sobre inclus�o desse medicamento na rede p�blica caso ele seja registrado", acrescenta.

Visibilidade. De acordo com Ot�vio Berwanger, diretor da Academic Research Organization do Hospital Albert Einstein, em alguns estudos, como o que a institui��o conduz com a farmac�utica AstraZeneca, o Brasil tem um papel de lideran�a, o que aumenta a visibilidade dos cientistas brasileiros. "Nesse estudo, fazemos parte do comit� executivo do projeto, estamos na lideran�a cient�fica, com papel de protagonismo", afirma ele.

Projeto do HCor recebe verba americana

Embora a maioria dos estudos internacionais que chegam ao Brasil sejam desenvolvidos por empresas estrangeiras, em pelo menos um caso de testes de medicamentos para covid, brasileiros inverteram essa l�gica.

Pesquisadores do Hospital do Cora��o (HCor) idealizaram uma pesquisa de um poss�vel tratamento para covid que ter� financiamento de uma empresa americana.
"Esse medicamento ainda n�o tem um nome comercial, mas � conhecido pelo mecanismo de a��o chamado de antisenso. � uma cadeia de RNA que bloqueia outra, impedindo a produ��o de algumas prote�nas. No caso do nosso estudo, a ideia seria bloquear a calicre�na para reduzir o risco de inflama��o e edema pulmonar", explica o intensivista Fernando Zampieri, pesquisador do Hcor.

O mecanismo antisenso j� � usado em outros medicamentos com indica��es diversas desenvolvidos por uma empresa de biotecnologia americana chamada Ionis, que patrocinar� o estudo. "Como a Ionis j� produz essa classe de medicamentos, procuramos a empresa e eles aceitaram apoiar."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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