Assassinatos de negros crescem 11,5% na d�cada; mortes de n�o negros caem 12,9%

Os assassinatos contra pessoas negras no Brasil cresceram ao longo da �ltima d�cada, per�odo em que os homic�dios contra n�o negros registraram queda. O dado foi revelado nesta quinta-feira, 27, pelo Atlas da Viol�ncia, estudo do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) e do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica. A taxa de mortes de negros cresceu 11,5%, chegando a 37,8 por 100 mil habitantes, e a de n�o negros caiu 12,9%, com uma taxa de 13,9.

A an�lise usa dados computados pelo Minist�rio da Sa�de em todos os Estados para entender o perfil das v�timas das mortes violentas no Pa�s. Em 2008, 32,7 mil negros foram assassinados no Brasil. O n�mero cresceu continuamente at� 2017 e apresentou queda em 2018, ano mais recente avaliado. Apesar da redu��o recente, o n�mero de v�timas de 2018 (43,8 mil mortes de negros) � 34% maior na compara��o com o dado de 2008.

Tend�ncia inversa � notada entre os dados relativos a n�o negros, grupo que abrange brancos, amarelos e ind�genas. Em 2008, foram registrados 15 mil assassinatos contra essas pessoas. O n�mero permaneceu est�vel ao longo dos anos seguintes e sofreu queda em 2018, quando aconteceram 12,7 mil homic�dios. A redu��o no per�odo foi de 15,4%. "As pol�ticas t�m sido minimamente capazes de proteger a vida de n�o negros, mas a disparidade � tamanha com os dados de v�timas negras que � como se estiv�ssemos falando de pa�ses diferentes", disse a diretora executiva do F�rum, Samira Bueno.

Samira lembrou que, enquanto ainda h� um esfor�o para que o tema adquira protagonismo no Brasil, o assunto tem mobilizado grandes manifesta��es nos Estados Unidos. A morte de George Floyd por policiais em maio desencadeou protestos em dezenas de cidades americanas. Agora, o pa�s assiste a um novo epis�dio violento, com o caso de Jacob Blake, que levou atletas a boicotarem atividades nesta semana em rea��o ao caso.

O dado brasileiro mostra que a cada n�o negro morto em 2018, 2,7 negros foram mortos. Os especialistas veem um aprofundamento das disparidades raciais que aumentam o risco de assassinato contra pessoas negras no Brasil. Com exce��o dos n�meros do Paran�, em todos os outros Estados a taxa de homic�dios confirmou essa disparidade. Em Alagoas, por exemplo, a cada n�o negro assassinado, 17 pessoas negras foram mortas.

"Ainda somos produto de um processo hist�rico de escravid�o e racismo estrutural em que a viol�ncia caracteriza as rela��es sociais. Aqui, h� uma ideia do 'negro perigoso' que se reflete em diferentes patamares de uso da for�a entre negros e n�o negros. Temos muito a caminhar para entrar num processo civilizat�rio m�nimo", disse Daniel Cerqueira, economista do Ipea que coordena o Atlas.