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Estado de Minas LIBERDADE DE IMPRENSA

Guardi�es do Crivella: funcion�rios da prefeitura do Rio impedem trabalho da imprensa em hospitais

Servidores p�blicos se organizam por meio de grupos no WhatsApp para vigiar hospitais municipais e impedir o trabalho dos jornalistas


01/09/2020 09:21

(foto: Prefeitura Rio de Janeiro/Reprodução)
(foto: Prefeitura Rio de Janeiro/Reprodu��o)
Um esquema montado com funcion�rios p�blicos da prefeitura para fazer plant�o na porta dos hospitais municipais do Rio de Janeiro, foi relevado, nesta segunda-feira (31/8), pelo telejornal RJTV, Rede Globo.

O intuito � atrapalhar o trabalho da imprensa e impedir que a popula��o fale e denuncie problemas na �rea da Sa�de p�blica do estado. A organiza��o, segundo o telejornal, tem escalas di�rias, hor�rios r�gidos e amea�as de demiss�o.

Os funcion�rios se organizam por meio de grupos no WhatsApp, um deles intitulado "Guardi�es do Crivella”. Eles s�o distribu�dos — em duplas ou sozinhos — por unidades de sa�de municipais para fazerem uma esp�cie de plant�o. Ap�s serem escalados, segundo a reportagem, eles enviam selfies para comprovar que chegaram �s unidades. Um dos funcion�rios do grupo aparece em v�rias fotos ao lado do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), e tem sal�rio de mais de R$ 10 mil.

Ap�s bater essa esp�cie de “ponto”, os funcion�rios p�blicos monitoram e relatam tudo o que acontece na porta das unidades de sa�de. Principalmente a chegada dos jornalistas.

Entre os participantes de um dos grupos, um n�mero chama a aten��o. O telefone aparece registrado como sendo do pr�prio prefeito. A TV Globo apurou que o prefeito j� usou esse n�mero. A equipe de reportagem ligou, mas ningu�m atendeu.

"O prefeito, ele acompanha no grupo os relat�rios e tem vezes que ele escreve l�: 'Parab�ns! Isso a�!'", contou um dos participantes dos grupos.

A prefeitura n�o nega a cria��o dos grupos e diz que faz isso para "melhor informar a popula��o" justificando que, como, por exemplo, quando uma parte da imprensa veiculou que um hospital (no caso, o Albert Schweitzer) estava fechado, mas a unidade estava aberta para atendimento a quem precisava. A Prefeitura do Rio destaca que uma falsa informa��o pode levar pessoas necessitadas a n�o buscarem o tratamento onde ele � oferecido, causando riscos � sa�de".

As 'invas�es'

Em uma entrevista ao vivo para o Bom Dia Rio em 20 de agosto, no Hospital Rocha Faria, uma senhora cobrava a transfer�ncia para a m�e que tem c�ncer, mas n�o conseguiu terminar a conversa com a rep�rter porque dois homens come�aram as agress�es verbais e gritos de "Bolsonaro".

A rep�rter precisou, ent�o, encerrar a reportagem e as agress�es dos dois homens geraram uma confus�o. Esse n�o foi um caso isolado, uma s�rie de interrup��es � imprensa j� ocorrem no local. Os ataques, contudo, n�o acontecem por acaso. Ao contr�rio: s�o organizados e pelo poder p�blico.

Pagos para atacar

Os agressores s�o contratados da prefeitura do Rio de Janeiro. Eles recebem sal�rios pagos pelo contribuinte para vigiar a porta de hospitais e cl�nicas, para constranger e amea�ar jornalistas e cidad�os que denunciam os problemas na sa�de da capital fluminense.

Nesta segunda-feira (31/8), o rep�rter Paulo Renato Soares, da RJTV, fazia uma entrevista na porta do Hospital Salgado Filho, no M�ier. Assim que a entrevista come�ou, o entrevistado foi interrompido.

Veja o di�logo que foi ao ar:

Funcion�rio da prefeitura: "Fala isso n�o, meu querido".
Entrevistado: "Oi?"
Funcion�rio da prefeitura: "Fala isso n�o, cumpadre".
Entrevistado: "Como, perdi um dedo, n�o posso falar?"
Funcion�rio da prefeitura: "Fala isso n�o, meu irm�o".
Entrevistado: "N�o t� falando do hospital, n�o. Estou falando de Rocha Miranda".
Funcion�rio da prefeitura: "Voc� foi bem atendido, n�o foi?"
Rep�rter: “Ele [o entrevistado] n�o pode falar da sa�de?"
Funcion�rio da prefeitura: "N�o".
Rep�rter: "O senhor pode deixar ele falar da sa�de?"
Funcion�rio da prefeitura: "Est� tudo indo bem, meu querido"
O rep�rter, ent�o, come�a a confrontar o funcion�rio:
Rep�rter: "O senhor � o senhor Jos� Rob�rio Vicente".
Funcion�rio da prefeitura: "O hospital est� tudo certinho, meu querido. O prefeito est� trabalhando correto e bem."
Rep�rter: "Quem est� trabalhando bem?"
Funcion�rio da prefeitura: "Com certeza, o prefeito est� trabalhando bem. Na sa�de. Que neg�cio � esse, rapaz?"

Jos� Rob�rio Vicente Adeliano foi admitido na prefeitura em novembro de 2018, em “cargo especial”. O sal�rio bruto � de R$ 3.229.

'Miss�o' antiga, intensificada na pandemia

O homem, entrevistado pela TV Globo, conta ainda que a t�tica foi adotada no fim do ano passado e aumentou durante a pandemia. “N�s temos essa miss�o l� j� h� mais de 8 meses. Antes, j� estava funcionando, mas quando entrou a Covid em mar�o, ficou todos os dias. Existe plant�o nas unidades para poder cercear a imprensa”, relatou.


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