Ideb do ensino m�dio tem maior alta, mas crescimento do 1� ao 5� ano desacelera

Estagnado h� anos, o ensino m�dio do Pa�s teve o maior crescimento da hist�ria no �ndice de Desenvolvimento da Educa��o B�sica (Ideb) registrado em 2019, antes da pandemia do novo coronav�rus. O Ideb � o principal medidor de qualidade da educa��o no Brasil. Por outro lado, o desempenho das crian�as de 1� ao 5� ano do ensino fundamental desacelerou e aumentou s� 0,1, o menor avan�o desde 2005, quando houve a primeira medi��o. Esses dados, que consideram as redes p�blica e privada de ensino, saem a cada dois anos e foram divulgados nesta ter�a-feira, 15, pelo Minist�rio da Educa��o (MEC).

A nota do Ideb varia em uma escala de zero a dez. Para calcular o �ndice, considera-se o desempenho dos alunos em Matem�tica e Portugu�s no Sistema de Avalia��o da Educa��o B�sica (Saeb), prova aplicada pelo MEC, e tamb�m �ndices de aprova��o e evas�o.

As escolas particulares avan�aram menos que as p�blicas entre 2017 e 2019 nos dois ciclos do fundamental. Nos anos iniciais desta etapa (1� ao 5� ano), o Ideb na rede privada ficou parado pela primeira vez em 15 anos. No ensino m�dio, a nota das particulares passou de 5,8 para 6,0, enquanto a nota das redes estaduais do Pa�s, em conjunto, progrediu de 3,5 para 3,9. O Brasil tem 7,465 milh�es de alunos no ensino m�dio - 84% deles nas redes estaduais.

Todos os Estados avan�aram no Ideb do ensino m�dio p�blico, segmento considerado o mais problem�tico no Pa�s pela dificuldade de atrair e manter o jovem na escola. Nos �ltimos anos, Estados passaram a investir em ensino integral para adolescentes. J� a reforma do ensino m�dio, aprovada em 2017 com o objetivo de modernizar e flexibilizar o curr�culo na etapa, ainda n�o foi colocada em pr�tica e tem sido ignorada pelo governo Jair Bolsonaro. Radiografias feitas por uma comiss�o da C�mara dos Deputados para analisar o trabalho do MEC j� apontaram "paralisia" em a��es da pasta e "omiss�o" durante a pandemia. A pasta passou por turbul�ncias este ano, com duas trocas de ministros em menos de um m�s.

"Pelo contexto de 2019 n�o � fact�vel atribuir o aumento do Ideb a alguma pol�tica coordenada nacionalmente, as respostas est�o nos Estados", diz o secret�rio de Educa��o do Esp�rito Santo e vice-presidente do conselho de secret�rio do Pa�s, Vitor de Angelo. A rede estadual do Esp�rito Santo tem o segundo Ideb mais alto do Brasil e as melhores notas de Portugu�s e Matem�tica. Ele diz que, no Estado, o que fez diferen�a foi o acompanhamento de perto das escolas que tinham desempenho mais fraco nos �ltimos exames.

Todos as redes estaduais tamb�m aumentaram suas notas de Portugu�s e Matem�tica. Mesmo com o desempenho melhor dos adolescentes do ensino m�dio, a meta para o Pa�s em 2019, de 5,0, n�o foi atingida. Os �nicos Estados que bateram as metas foram Pernambuco e Goi�s. O Estado de S�o Paulo melhorou na nota, mas n�o atingiu o objetivo e est� em 4� no ranking nacional. O maiores crescimentos do Ideb do ensino m�dio foram do Paran�, 3� colocado no ranking (mesma posi��o de Pernambuco), e da Bahia, que ficou em �ltimo lugar.

O Ideb estabelece metas para cada rede e escola at� 2021. A ideia surgiu no governo Lula, que criou o �ndice, por causa da simbologia do bicenten�rio da Independ�ncia do Brasil em 2022, quando � prevista a divulga��o do pr�ximo �ndice.

O Brasil tamb�m n�o deve alcan�ar o objetivo estipulado para a pr�xima edi��o. Segundo tabula��o do Estad�o, teria de avan�ar no Ideb exatamente na mesma propor��o em que cresceu desde 2005, mas em apenas dois anos. A previs�o do Ideb era de que o Brasil chegasse a m�dias pr�ximas de 6,0 em 2021, consideradas compar�veis � educa��o de um pa�s desenvolvido.

A pandemia ainda vai trazer desafios extras para melhorar �ndices de aprendizagem entre crian�as e adolescentes, diante de quase seis meses de escolas fechadas no Pa�s para conter a transmiss�o do v�rus, uma das quarentenas mais longas na educa��o no mundo. Al�m da dificuldade de assimilar o conte�do por aulas remotas e recuperar eventuais defasagens na retomada de aulas presenciais, educadores apontam dificuldades para implementar medidas sanit�rias, como reduzir o total de alunos por turma, risco de aumentar a evas�o e de ampliar as desigualdades entre alunos ricos e pobres. "O per�odo de excepcionalidade que estamos vivendo, a pandemia, vai prejudicar em todas as etapas", diz o secret�rio do Esp�rito Santo. Ele lembra que o Ideb � calculado justamente usando taxas de aprendizagem e de evasao, que ser�o abaladas por causa do per�odo de escolas fechadas. "Vamos assistir em 2022 a um resultado muito ruim."

Ensino fundamental

O ensino fundamental 1 (1� a 5� ano) deve ser o �nico a chegar ao patamar previsto para 2021. J� em 2019, o Ideb foi de 5,9 (a meta era 5,7). O resultado para o Brasil nesta etapa, por�m, � desigual pelo Pa�s. No Cear�, 98,9% dos munic�pios atingiram a meta, o maior �ndice - o Estado � apontado por educadores h� mais de uma d�cada como exemplo bem sucedido em pol�ticas de alfabetiza��o, principalmente por atender alunos mais pobres. J� no Rio de Janeiro e no Maranh�o, menos de 50% dos munic�pios conseguiram. Ao separar os dados da rede particular da p�blica, no entanto, as escolas privadas n�o atingiram seu objetivo de 2019 - tiveram Ideb 7,1 e a meta era 7,4.

O n�vel de 6� a 9� ano (fundamental 2) teve �ndice 4,9 e n�o atingiu a meta nem nas redes p�blicas nem nas particulares. O Ideb precisa chegar a 5,5 em at� 2021 - o que exigiria um aumento relativo a um ter�o do que j� cresceu de 2005 at� hoje.

Os dados foram divulgados na segunda-feira, 14, embargados para jornalistas e anunciados nesta ter�a-feira, 15, pelo ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, que est� h� pouco mais de dois meses no cargo. Em ano de elei��o municipal, cujo 1� turno est� previsto para 15 de novembro, o MEC n�o divulgou ainda aos jornalistas os �ndices de cada cidade e escola. No ensino fundamental, o Brasil tem 26,9 milh�es de alunos e mais da metade (56,5%) das matr�culas est�o nas redes municipais, principalmente do 1� ao 5� ano.