O governo federal reconheceu a situa��o de emerg�ncia no Estado do Mato Grosso do Sul em decorr�ncia dos inc�ndios florestais que assolam a regi�o. Uma mancha de cinza e lama escura se estende pela vasta �rea de incid�ncia de on�as-pintadas do Pantanal em Mato Grosso. Desde a semana passada, o Estad�o mostra in loco a devasta��o na �rea. O fogo que destr�i desde meados de julho o bioma mais �mido do planeta engoliu at� agora 64,8% dos 108 mil hectares do Parque Estadual Encontro das �guas, nos munic�pios de Pocon� e Bar�o de Melga�o.
Na tarde do �ltimo domingo, 13, a equipe de reportagem do Estad�o navegou pelos Rios Cuiab�, S�o Louren�o e Dois Irm�os, que cortam a reserva, para registrar as condi��es do parque, uma �rea de preserva��o criada em 2004 pelo governo mato-grossense que ainda hoje est� na mira de grileiros.
Quem caminha pelo parque se depara com uma fuma�a que turva a paisagem e torna dif�cil manter os olhos sempre abertos. Num extenso trecho percorrido pela reportagem, o cen�rio era de terra arrasada. As ra�zes e a galharia da mata da v�rzea dos rios viraram carv�o retorcido. P�ntanos e pequenos lagos evaporaram.
Do alto, o impacto do fogo prolongado surge em toda sua dimens�o. A reportagem sobrevoou com drone tr�s pontos distintos do parque. Mesmo com baixa visibilidade pela fuma�a, as imagens capturadas mostram ilhas de vegeta��o numa extensa faixa queimada.
Pelas estimativas de bi�logos, aproximadamente 80 on�as viviam no parque at� o in�cio das queimadas - a esperan�a � que a maioria delas continue l�. At� o momento, os bi�logos registraram tr�s on�as da regi�o do parque com ferimentos. Dessas, uma foi resgatada em agosto e outra na �ltima sexta-feira - o Estad�o acompanhou o momento em que um felino de cerca 2 anos apareceu com as patas feridas na beira do Rio Corixo Negro, na �rea do parque. Uma terceira escapou antes que pudesse ser capturada e levada para tratamento.
Os pesquisadores esperam que, pela capacidade f�sica das on�as, boa parte das esp�cies possa se salvar. "� dif�cil estimar o impacto de um fen�meno que ainda est� acontecendo", afirma o bi�logo e doutor em conserva��o ambiental Fernando Tortato, trabalha na prote��o dos felinos em Porto Jofre, localidade de Pocon�.
Pesquisador da ONG Panthera, ele ressalta que o tamanho da �rea do parque destru�da pode aumentar. "A gente ainda est� tentando entender os efeitos das queimadas", afirma. Ele observa que, nos inc�ndios dos anos anteriores, os animais podiam percorrer de cinco a dez quil�metros at� encontrar �gua e prote��o do fogo. Desta vez, n�o h� ref�gios para as esp�cies, especialmente roedores, cobras e lagartos, de menor porte. O fogo atingiu �rea vasta.
O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso e volunt�rios delimitaram mil hectares de vegeta��o bem preservada dentro do parque para as esp�cies se abrigarem caso o fogo consuma o que sobrou da reserva. Em volta, os agentes e bi�logos abriram valas com intuito de impedir a chegada de poss�veis focos.
Pelo Pantanal, n�o faltam bandos de bichos tentando escapar do inc�ndio e encontrar �gua e comida. Volunt�rios espalham frutas em trechos ainda verdes da Transpantaneira, principal acesso terrestre da regi�o. Na manh� de ontem, revoadas de gar�as, veados e capivaras estavam nas margens cinzentas da estrada.
Crime
Focos de inc�ndio n�o param de surgir ao longo da Transpantaneira. Ao Estad�o, o coronel Paulo Barroso, do Corpo de Bombeiros, disse que a estrada poder� ser fechada nos pr�ximos dias. O bloqueio deve acontecer em frente ao posto rodovi�rio no km 17, exatamente onde est� o simb�lico portal que d� as boas-vindas a quem chega ao Pantanal. S� agentes p�blicos, brigadistas e volunt�rios que atuam no salvamento dos animais dever�o ter acesso.
Secret�rio executivo do Comit� Estadual de Gest�o do Fogo do governo de Mato Grosso, Barroso diz que nas margens da rodovia as queimadas s�o "propositais". Um dos objetivos da medida de restringir a circula��o de pessoas � justamente prevenir novos inc�ndios. "Infelizmente n�o tivemos a oportunidade de fazer o flagrante, mas percebemos que, pelas condi��es que ocorrem os inc�ndios, algumas pessoas entram nesse ambiente e fazem fogo de forma criminosa. E esse tamb�m � um dos motivos que iremos fechar a Transpantaneira t�o logo seja decretado o estado de calamidade para Mato Grosso", afirmou o militar.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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GERAL
Fogo engole 64,8% do Parque Estadual Encontro das �guas em MT
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